Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
O FENÔMENO EXCÊNTRICO PABLO MARÇAL
Publicado em 26 de agosto de 2024A eleição municipal da maior cidade do país, São Paulo, tem fascinado o hiperativo mundo dos internautas – do Oiapoque ao Chuí – pelas reviravoltas ocorridas em tão pouco tempo, protagonizadas pelo candidato Pablo Marçal, do nanico PRTB. Uma luta entre um pequeno David contra quatro gigantes Golias. Todo líder corajoso, disposto a enfrentar o “sistema” ou establishment no Brasil, sempre conquistou a simpatia e paixão do seu povo, carente de heróis.
O extasiante impacto causado no eleitor paulistano começou no primeiro debate realizado pela TV Band, no último 08.08.2024. Pablo Marçal teve a oportunidade de ficar frente a frente com o prefeito Ricardo Nunes (27%) , Guilherme Boulos de (30%), Tábata Amaral (10%), Luiz Datena (12%). Chance única para impor seu ritmo, e desorientar os adversários. Apresentaria como “novo” algo revolucionário. Mudar as regras do jogo, abandonando respostas aos temas enfadonhos – os mesmos de sempre e de todas as campanhas – e partir para o ataque, mostrando o perfil dos concorrentes e as suas respectivas incompetências, para cumprirem com suas promessas.
Ao atacar Ricardo Nunes, falou o que o povo queria. questionando por que como prefeito não fez antes tudo que agora estava prometendo? No momento de cravar suas garras em Guilherme Boulos, foi mais cruel: “primeiro você vai ter que um dia começar a trabalhar”. Como quem nunca trabalhou tem capacidade de administrar a maior cidade do Brasil? Datena foi alfinetado como explorador da miséria periférica, em busca de audiência. Nunca tinha estado numa favela. Em Tábata, o “sopapo” foi menor. “Uma menina mimada, desnorteada, doutrinada pelas esquerdas, escalada para dar suporte e fortalecer Boulos/Lula/PT e o comunismo”. Todos ficaram petrificados.
No segundo debate, seis dias depois (14/08/2024), realizado pela Folha de São Paulo, os concorrentes de Marçal imaginaram que seu estoque de munição tinha sido usado no primeiro confronto. Nas duas primeiras estocadas em Ricardo Nunes, Marçal trouxe números, dados e índices que contradiziam a explanação do prefeito. Saltou em cima de Boulos, e o taxou como o “maior aspirador de pó de São Paulo” (cheirador de cocaína). Um vexame para todos, inclusive os organizadores do encontro.
No terceiro debate, Revista Veja, Ricardo Nunes, Boulos e Datena não compareceram. Ganharam a pecha de “fujões”. O MPE – aparelhado pelas esquerdas –se precipitou e pediu impugnação do registro de candidatura de Pablo Marçal, por abuso de poder econômico, antes do início oficial da campanha (?). A Justiça negou.
O resultado de toda a celeuma – apenas 16 dias – com recortes dos fatos viralizado nas redes sociais foi retratados numa pesquisa do Datafolha (24.08.2024). Boulos despencou para 23%, Ricardo Nunes 19% e Pablo Marçal alcançou 21%. Datena desceu para 10% e Tábata para míseros 6%.
Chegada a hora da “Assembleia dos Ratos” – fábula de La Fontaine – as vítimas de Pablo Marçal se reuniram e decidiram que a solução seria botar um chocalho no gato. Na fábula, o rato mais velho indagou: quem teria coragem e iria pôr o chocalho? Neste tempo ainda não havia o Poder Judiciário. Tábata entrou com pedido de liminar e bloqueou ontem (25/08/2024) todas as redes sociais de Pablo Marçal. A intenção é detê-lo. Mas, ainda ontem mesmo ele paralisou um Shopping na zona norte de São Paulo. No ritmo que vem crescendo, não terá segundo turno. A não ser que o retirem.