Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

O dia em que faltou feijão na Raposa 

Publicado em 27 de fevereiro de 2023

O jogo diante do Grêmio-RS nesta quarta-feira, pela edição 2023 da Copa do Brasil, faz lembrar o ano de 1975 quando o Campinense cumpriu tabela em Brasília. Naquele ano, o tetracampeonato estadual conquistado credenciou o “time de Zé Pinheiro” a ser o primeiro representante da Paraíba numa 1ª Divisão do Campeonato Brasileiro. 

A participação da Raposa foi sofrida, ficando na última colocação, sem uma vitória sequer. De expressivo, apenas o empate de 2 x 2 com o São Paulo, no Amigão, no segundo jogo, resultado que reanimou a torcida, visto que na estreia o time perdera para o CSA de Maceió por 2 x 0, no mesmo local. 

A decepcionante campanha rubro-negra foi reflexo dos problemas internos existentes no clube, habituado naqueles anos a trabalhar, em raras exceções, com atletas formados no estádio Plínio Lemos, hoje a Vila Olímpica. 

Para disputar a competição, o clube trouxe jogadores de outros Estados, mormente de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Essa mesclagem causou uma disputa interna entre os atletas da casa e os que vieram de fora. 

Em jogo válido pela competição nacional, o Campinense enfrentou, no dia 10 de setembro de 1975, no estádio Rei Pelé, o CEUB, time formado inicialmente por atletas da universidade que lhe emprestou o nome. Fundado em 1968, profissionalizou-se no início dos anos 70 e encerrou suas atividades em 1976. 

A Raposa foi derrotada pelo time brasiliense por 2 a 1. Antes da partida, um dos expoentes do “time de Zé Pinheiro”, escalado, quase ficava de fora, o que mudaria os planos táticos do técnico Zé Lima. A preocupação foi grande. 

A delegação ficou hospedada em hotel cinco estrelas, com almoço servido sem qualquer espécie da leguminosa preferida do brasileiro. Aproximando-se da hora do jogo, o atleta começou a se sentir mal, uma fraqueza inesperada minando suas forças. 

Foi aquela correria de chefe da delegação, médico, massagista… todos buscando uma causa e a solução. A ladainha do atleta parecia a cantilena da guiné: “Tô fraco, tô fraco, tô fraco…”, e a preocupação foi aumentando, aumentando. “Não comi feijão, não comi feijão”, queixou-se. 

Foi necessário que alguém da delegação fosse ao supermercado mais próximo e comprasse uma lata de feijoada para o jogador poder jogar. Cuide-se, Raposa! Se não tiver feijão, nesta quarta-feira, contra o Grêmio, sai goleada…