Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

O BRASIL ESTÁ PERDENDO A CAPACIDADE DE SONHAR

Publicado em 18 de fevereiro de 2025

Nos últimos trinta dias, o Presidente Lula finalmente desencantou parte de seus seguidores históricos, eleitores ideológicos e líderes das minorias, defensores das polêmicas pautas de costumes. O discurso de vítima esgotou o ânimo da militância em levar adiante o “nós contra eles”. Arruinou seu prestígio e respeito junto à classe política, graças a inexistência de plano de gestão. Não tem como continuar terceirizando seus erros, evidenciados na mais completa incapacidade de governar o país.

Durante três anos só conseguiu enxergar o ex-presidente Bolsonaro, alimentar o debate público através de mediocridades, como defesa da Democracia, e a tentativa de um golpe de Estado, versão fantasiosa desmentida pelo seu ministro da Defesa José Múcio Monteiro, em entrevista recente, concedida ao programa de TV Roda Viva.

Advertido diariamente pelo Parlamento e a grande mídia (sua aliada), desprezou as sugestões de medidas austeras na economia, com corte de gastos, enxugamento da máquina pública, criação de uma base parlamentar garantidora da governabilidade. Temendo a reação do povo e as ruas, ouviu Celso Amorim e optou por uma agenda internacional ideológica. Realizou 27 viagens, assinou mais de uma centena de “protocolos”. Na prática, nada materializado. Por onde andou, plantou crises. Na China defendeu a ideia de abandonar a moeda universal, do comércio internacional, o dólar norte-americano.

No Oriente Médio, comparou as ações militares de Israel – combatendo terroristas do Hamas ao holocausto nazista, que pretendia exterminar todos os Judeus do mundo. Se meteu no conflito Ucrânia/Rússia, sugerindo o “congelamento” da guerra. Ucrânia e Rússia permanecem nas regiões ocupadas. A Ucrânia teria que ceder 20% do seu território, área nobre do Petróleo, estruturas portuárias, ricos campos de trigo.

Lula não aprendeu com seu primeiro fiasco, reativação da UNASUL. Recebeu o ditador Nicolás Maduro com tapete vermelho, e pregou a “democracia relativa”.

A reação dos nossos vizinhos foi abandonar o evento e sepultar a Instituição. O Mercosul está paralisado. Viajou para os Estados Unidos, na busca de 100 bilhões de dólares para o Fundo Amazônico, Joe Biden prometeu 50 milhões, valores que nunca chegaram em solo Guarani. Passeou em Portugal ao lado de Chico Buarque para receber uma comenda, e a primeira dama Janja, uma faixa. Esteve na coroação do Rei Charles, “turistou” pela Espanha e França, só para discursar e fornecer matéria para mídia militante, noticiar a recuperação do prestígio diplomático perdido (?).

Na desesperada busca de popularidade caiu no golpe da FEBRABAN e criou o programa “desenrola”. Os bancos receberam contas podres, judicialmente inexequíveis, que há décadas não figuravam mais em seus balanços, na coluna “haver”. O povo, na esperança de conseguir novos empréstimos, foi realmente “enrolado”. Tornou-se adimplente, e não conseguiu arrancar mais um centavo das casas de crédito.

Economistas respeitados sugeriram durante os últimos três anos uma reforma administrativa. Corte dos supersalários, extinção dos 16 novos ministérios que ele havia criado. Privatizações de algumas dezenas de estatais. Já que haviam derrubado a Lei do Teto de Gastos, que se cumprisse as metas do “Arcabouço Fiscal”. Agindo de modo inverso, Lula ressuscitou o PAC e segundo auditoria do TCU o programa deixou 12 mil obras inacabadas nos 14 anos de governo petista. Dinheiro público (do povo) jogado fora. Tenta repetir o “Minha Casa Minha Vida”. Porém, ainda não inaugurou uma obra expressiva de infraestrutura.

Criou o pé-de-meia com uma “pedalada fiscal”, que o TCU tenta consertar, incorrendo em erros: despesa não orçamentária. Pelo contrário, rejeitada. Lula vetou, e o Congresso derrubou o veto.

Ministro da Educação Camilo Santana, no desespero de pagar mais 6 bilhões além dos três já desembolsados irregularmente, numa entrevista coletiva confessou que 78% dos brasileiros, não concluíram o ensino médio. Diagnóstico gravíssimo.

Sem aprendizado, em pleno século XXI – envelhecimento da população – o legado herdado pelas futuras gerações será a incapacidade de sonhar. Sobrará o “Cadúnico” e a bolsa família. Basta uma década para o Brasil se transformar numa Cuba continental.