Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

O blefe e a bomba atômica de BCL

Publicado em 1 de outubro de 2023

Dias atrás o mestre em energia nuclear da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Emir Candeia Gurjão, inquirido por mim através de Marquinhos para o PODMARINHO no efervescente quadro PAPAI MANDOU PERGUNTAR, não precisou se valer de nenhum esforço mental ou físico para explicar, com natural simplicidade, porque nós de Campina Grande – e outros irmãos d’outras paragens mundo afora – não precisaríamos nos preocupar com a possibilidade de uma bomba atômica vir a ser explodida pela Russia para pôr fim ao conflito com a Ucrânia lá no distante Leste Europeu.

Vladimir Putin, eu passei a entender depois da fala de Emir, é cruel, mas não é louco. Se acaso viesse a recorrer ao seu poderoso arsenal nuclear, o País que governa seria destruído primeiro – ele inclusive!

Portanto, reviver a tragédia de Hiroshima e Naqasaki, jamais, garantiu-nos o sábio professor amigo.

Lembro agora de Emir para buscar entendimento sobre essa ‘bomba atômica’ detonada na calada da madrugada de sexta para sábado (29/30) em Campina Grande pelo ‘cruel’ prefeito Bruno Cunha Lima, que se diferencia de Putin apenas pelo desprezo que mostra ter por sua própria inteligência.

Acordado na madrugada pelo intempestivo calor da bomba do neto de Ivandro, não hesitei em acordar dois gigantes raros da atual administração municipal atingidos – eles também – pela nossa tupiniquim radiação nuclear – o notável Marcos Alfredo Alves (Malfredo, como eu costumo chamar na intimidade) e Raymundo Asfóra Neto, que conheci quando sua notável inteligência ainda se formava no útero da amada genitora.

Os dois estavam demitidos, mas…

Apostei que, amigos que continuam sendo do alcaide devastador, poderiam me tirar a dúvida sobre a sanidade mental dele, pois logo imaginei que Bruno Cunha Lima havia realmente enlouquecido e, desse modo, passara a ser pior do que Putin, pois além de cruel virou um LOUCO VARRIDO.

Tanto Malfredo quanto Asfóra Neto me chamaram a atenção para o parágrafo primeiro das portarias de exoneração (que eu já tinha lido), onde estaria claro segundo os dois que não haveria calote em relação ao pagamento do mês de setembro.

Óbvio que, na condição de filho de Campina Grande, não é meu desejo ter um prefeito em tais condições. Muito mais porque esse jovem ser continuava a me parecer inteligente, perspicaz, operoso, humanista e filho de Deus! Incapaz, portanto, de atiçar o indicador no estopim de qualquer tipo de artefato que pudesse fazer mal ao semelhante…

Infelizmente, o engano me pegou redondamente!

Lí de “cabo a rabo” o ato destruidor de BCL, bem como as portarias setorizadas (de cada secretaria) publicadas na mesma edição especial do Semanário Oficial do Município, que demite os prestadores de serviço e os tranquiliza sobre o “calote” no salário de setembro identificado no ato de BCL.

Aliás, esse ‘cachete’ tranquilizador é uma confissão pecaminosamente pública: a de que na estrutura da PMCG existiam milhares de contratados que não davam a obrigatória contrapartida funcional, ou seja, não batiam um prego em uma barra de sabão, como se costuma dizer por aqui em casos como o dos camaradas que só passam no recinto público no dia de receber o contracheque.

Em redação confusa, está lá escrito no parágrafo primeiro das portarias de exoneração:

– “Os contratados que tenham laborado após a edição desta Portaria terão seus serviços reconhecidos em procedimento indenizatório, em homenagem ao princípio da vedação ao enriquecimento sem causa da Administração”.

Como a emenda ficou pior que o soneto, uma vez que a informação diz respeito a “QUEM TENHA LABORADO APÓS A EDIÇÃO DESTA PORTARIA”, e é mais do que óbvio que os demitidos sequer entrarão mais na prefeitura salvo se vierem a ser nomeados outra vez, aconteceu outra sandice desmedida. E plenamente ilegal!

O desempregado Diogo Flávio Lyra Batista, que era Secretário da Administração e também foi alcançado pela atômica guilhotina de BCL, correu à imprensa em socorro ao então ex-Chefe e ilegalmente se passando por secretário municipal divulgou nota oficial (sic!?), em papel timbrado da prefeitura e onde, desautorizando o que Bruno assinara, foi peremptório:

– “Destacamos que os pagamentos serão realizados dentro do calendário habitual, finalizando até o próximo dia 10/10” E mais ainda: “- …haverá nova admissão de pessoal para os serviços essenciais que não podem ser exercidos pelos atuais servidores que integram o quadro, evidenciando, por isso, o seu caráter excepcional e de interesse público, como já era o caso”.

Na mesma linha de Diogo correu à mídia outra demitida por Bruno: a imberbe Pâmela Vital, sobrinha apadrinhada do senador Veneziano que titulava há menos de um mês a Secretaria de Ação Social e que deve ter ligado para o parente amado, que coincidentemente está na terra de Vladimir Putin, para lhe pedir orientação e arrego.

Dá para dizer que a prefeitura, a partir de agora, virou casa “de Mãe Joana”. Aliás, com todo o respeito que nos merece o lar-doce-lar da hipotética matriarca…

Mas, tem muito mais no quiproquó do prefeito.

Na verdade, não dá para ninguém em sã consciência – nós, os não loucos – entender mesmo nada. BCL demitiu milhares blefando sobre a culpa ser do Governo Federal e ao ver-se aturdido com a repercussão altamente negativa, diz agora que TODOS podem ir trabalhar a partir de segunda feira. Retroagiu a demissão a 1° de setembro para tomar um mês trabalhado e agora diz que até o dia 10 pagará a todos.

Alguém entendeu alguma coisa desse proselitismo político?

Outra coisa, NÃO houve qualquer alteração na legislação que define os cálculos de repasses do FPM, então o Governo Federal não pode ser responsabilizado.

Sei não…

Secretários demitidos falando como se ainda estivessem mandando; o prefeito dando “ré pra trás” e assinando atos de nomeação dos mesmos nomes que demitiu; a loucura dando lugar ao bom senso; e Campina paralisada tristemente atestando que seu prefeito já não existe.

De fato, é lastimável. Uma pena mesmo. E eu não tenho o direito de botar a culpa no inquilino do Palácio do Bispo, mas sou sim obrigado a dividir a catástrofe com a assessoria imediata que BCL chamou para estar ao seu lado. Porque assessor é para dar opções ao Chefe; jamais decidir pelo Chefe.

A esperança que me resta é que BCL acorde desse tempo louco, tome uma aspirina ou algo mais forte e bote a caneta para funcionar, sem apadrinhamentos, extirpando do seu entorno, pelo bem da terra que o povo lhe deu o poder de administrar, a incompetência que continua a lhe fazer bastante mal.