O baixo nível da campanha de São Paulo e a cadeirada de Datena em Pablo Marçal

Publicado em 16 de setembro de 2024

O baixo nível da campanha na cidade São Paulo, girando em torno do denuncismo entre os candidatos – acusações mútuas – com discussões, acusações e postagens nas redes sociais, culminou em agressão física do candidato Datena contra Pablo Marçal, no Debate da TV Cultura, transmitido ontem ao vivo às 22:40.

Em pânico, o mediador imediatamente chamou os comerciais, e as câmeras mudaram o foco, registrando apenas a primeira cadeirada. Uma cena chocante, que surpreendeu os telespectadores. Quando voltou ao ar, para iniciar o último bloco, o mediador pediu desculpas ao público e notificou que a Direção de Jornalismo havia expulsado Luís Datena, por ter quebrado as regras.

Quanto a Pablo Marçal, desistiu de permanecer e continuar no bloco seguinte. Sentindo dores, decidiu procurar uma unidade hospitalar, para averiguar os danos causados pelas cadeiradas. Nada disto foi previsto pela crônica política. Uma campanha acirrada e agressiva, a partir do surgimento do “elemento surpresa”, Pablo Marçal (PRTB).

Marçal, que na última pesquisa pré-convenção apareceu com apenas 3%, Ricardo Nunes com 27% e Guilherme Boulos com 34%, percebeu que sua única chance de disputar era adotar a tática da “desconstrução” do perfil e comportamento dos seus adversários.

Se optasse pelo debate sobre “programas de governo” seria atropelado por quatro máquinas: Guilherme Boulos (Lula/PT/governo federal); Ricardo Nunes (prefeito disputando reeleição com apoio de Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas); Tábata do Amaral (PSB apoiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin) e o jornalista José Luiz Datena (PSDB), candidato do que restou dos tucanos em São Paulo. Todos com tempo de Rádio e TV. Marçal, só as redes sociais, mesmo assim suspensas no início da campanha pela Justiça Eleitoral (TRE-SP) com apoio do TSE.

No primeiro debate realizado pela Band TV (09/09/2024) Marçal destroçou Guilherme Boulos e deixou maculada a imagem de Ricardo Nunes. Taxou Boulos como o maior aspirador de pó da cidade (cheirador de cocaína), invasor de prédios públicos e privados – líder do MTST- Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, com seis prisões, inclusive uma por portar drogas, considerado por ele, traficante. Apontou ligações de Ricardo Nunes com comunistas e o PT (Marta Suplicy tinha sido sua Secretária, deixou para ser vice de Boulos). Ainda levantou suspeitas do prefeito e suas supostas ligações com empresários do transporte público, testas de ferro do crime organizado, PCC. Todos ficaram atônitos.

Ninguém estava preparado para enfrentar uma metralhadora giratória. No segundo debate (14/08/2024), promovido pelo site Terra e o Jornal Estado de São Paulo, Marçal voltou a fuzilar Boulos, exigindo dele um exame toxicológico, que identifica o uso de drogas nos últimos seis meses. Mostrava uma carteira de trabalho, e o acusava de ser o maior vagabundo da cidade. Denominou Nunes de Banana, Tábata ganhou o apelido de “chatábada”, menina mimada, e Datena combatente da violência pela TV, mostrando a miséria periférica, em troca de audiência.

Três institutos de pesquisas divulgaram amostragens, apresentando Marçal (19%) empatado com Nunes (21%) e Boulos ainda à frente, com 27%. Tábata e Datena caíram para 10%. No terceiro debate, realizado pela Revista Veja (19/08/2024), Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Datena, não compareceram. O medo de “apanhar” os levaram a recuar. Outra rodada de pesquisas foi realizada. Marçal (25%) à frente, Ricardo Nunes (23%) e Guilherme Boulos (21%). Tábata e Datena recuaram para 9% e 8% respectivamente.

No quarto debate, TV Gazeta, Nunes, Boulos e Datena foram armados. Descobriram que Marçal havia sido condenado a 13 anos de cadeia por crimes cibernéticos. Marçal mostrou sua carteira de trabalho, assinada na época, que não podia pagar um advogado, e o processo havia corrido à revelia, por abandono do Defensor Público. A pedra atingiu seu “telhado de vidro”.

No encontro de ontem, Datena partiu para o ataque sobre Marçal. Disse que nada tinha a perguntar a um mentiroso, condenado. Era um homem sério e preferia ficar em silêncio.
Como resposta, tomou uma punhalada de Marçal, revelando um fato desconhecido pela mídia. Perguntou a Datena sobre o processo que ele responde, de assédio, contra a jornalista Bruna Drews, sua ex-companheira de trabalho, fato ocorrido em 2019. A repórter posteriormente retirou a queixa. Mas, segundo Marçal, ele pagou alguns milhões. Datena ficou petrificado. Desconversou, alegando mal entendido e não respondeu a Marçal. Ao invés disto, resolveu partir para ele, e deu-lhe a primeira cadeirada.

Na agenda dos debates, ainda restam cinco. Um amanhã e o último dia 28, na Rede Globo. Se a Justiça eleitoral não suspende-los, nos próximos encontros veremos um torneio de UFC. Em tempo: no último bloco de ontem, com Datena e Marçal fora, Boulos atacou Nunes no estilo Marçal. Nunes perdeu sua postura, e respondeu à altura.

Fonte: Da Redação (Por Júnior Gurgel)