Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

O ANTIQUADO PALANQUE ELETRÔNICO

Publicado em 1 de setembro de 2022

Desde 1989, o “Palanque Eletrônico” – horário gratuito da Justiça Eleitoral destinado para uso da propaganda oficial dos partidos políticos e candidatos, no rádio e na TV – continua com o mesmo formato original, carente de criatividade suficiente para atrair a atenção de ouvintes e telespectadores. Entre 2006 e 2014 a audiência cresceu, movida pela curiosidade do eleitor na busca de detalhes – ainda ocultos nos bastidores das denúncias de corrupção – protagonizados por “figurões” da política nacional, envolvidos em roubalheiras governamentais como Mensalão, Operação Gautama, CPI dos Bingos; Carlinhos Cachoeira; Petrolão; Lava-jato…

 A partir de 2018, acrescendo o alcance das redes sociais, reduziu-se para níveis baixíssimos a audiência do “horário gratuito”. A figura do “Marqueteiro” – publicitário prestímano transformista – começou a desaparecer. Os principais “Gurus” do país (campeões de vitórias) coordenaram as campanhas de Fernando Haddad, Geraldo Alckmin; Ciro Gomes; Henrique Meireles; Álvaro Dias e Marina Silva. Bolsonaro, da garagem de sua casa, usando o Facebook, interagiu com o povão e derrotou todos. Até Cabo Daciolo, usando as redes, superou Álvaro Dias, Henrique Meirelles e Marina Silva.

A TV brasileira, na tentativa de não abdicar do espaço conquistado no jornalismo, continua copiando o modelo norte-americano criado em 1960, primeiro debate de candidatos à presidência dos Estados Unidos (Kennedy x Nixon) transmitido ao vivo para todo o país. Um formato que ainda hoje, mesmo com a força das redes sociais, tem larga audiência. A razão é simples. Lá, a promessa de um candidato na TV é um compromisso que ele pode cumprir. Aqui não. São palavras vazias, lorotas e tapeações. Quem governa o país desde 1985 é o Congresso Nacional. A partir de 2018, além do Congresso, a Suprema Corte, que legisla, veta e derruba vetos de sanções presidenciais.

No primeiro (talvez o único) debate das eleições deste ano (2022), o que se percebeu foram as velhas propostas repetitivas desde 1989, como por exemplo, combater a fome. Não se falou sobre violência, redução do Estado; reforma no Pacto Federativo; demarcação de áreas sob controle dos três poderes – no caso reforma do judiciário enquadrando o STF que vem atropelando os demais; programa de combate à corrupção, Incentivo e apoio ao MPF para restaurar a Lava-jato…

Abordou-se apenas temas simpáticos às minorias, como desmatamento, questão da mulher; educação – distante da realidade burocrática do MEC – aparelhado pelas esquerdas desde o final dos anos 90 (século XX) … O resto, foi troca de farpas. As promessas de Ciro, Lula e demais candidatos, são gestos de “encantadores de serpentes” como Ciro apelidou Lula. O Presidente Bolsonaro se limitou a pregar e defender a continuidade de suas conquistas, dentro do permitido pelo Congresso e STF. Ele viveu o desconforto de enviar 137 PL (Projetos Lei) desde o dia que assumiu – promessas de campanha – derrotados pela Câmara, comandada por Rodrigo Maia, respaldado em conluio com Senado, presidido por David Alcolumbre. Alguns destes projetos que conseguiram furar esse cerco, foram judicializados e barrados pelo STF.

O verdadeiro e inovador debate, seria entre os candidatos ao Parlamento Estadual, Federal e Senado da República, trazendo para o centro das discussões veteranos que buscam a reeleição e novatos, que pretendem ocupar estas vagas. No bojo da polêmica, teríamos a oportunidade de escolhermos quem melhor nos representa, no principal poder do país, que é o Legislativo. A renovação do Parlamento é imprescindível para avançarmos sobre a agenda 2030, chance que teremos de nos transformar num dos principais países do mundo, como maior celeiro do planeta, e maior produtor e exportador de energia limpa. Saber do passado e como se comportaram os que desejam voltar, é a ocasião precisa de acertarmos no voto.