Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

NEY SUASSUNA É O NOVO IMORTAL DA ACADEMIA BRASILEIRA DE BELAS ARTES

Publicado em 14 de novembro de 2023

Com cerimônia de posse marcada para o próximo dia 29/11/2023, o ilustre campinense Ney Robinson Suassuna assumirá a cadeira número 28 da Academia Brasileira de Belas Artes, cujo patrono foi o pintor português – naturalizado brasileiro – José Maria de Medeiros, que ingressou na Academia Imperial de Belas Artes no ano de 1868, e foi contemporâneo, aluno de José Maria Lobo e Vitor Meireles. José Maria de Medeiros foi agraciado em 1884 com a Medalha (comenda) da Ordem Imperial da Rosa, pelo quadro Iracema, até hoje exposto no Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro). O artista imortal foi professor da Escola de Belas Artes durante trinta anos, de 1801 a 1911, ensinando e revelando valores latentes, grandes pintores do século XX.

Ney Suassuna iniciou sua vida profissional (vocacional) no Magistério, em Campina Grande, como professor de desenho e pinturas.

Chegando ao Rio de Janeiro, centro cultural do Brasil, foi acolhido por seu talento na Irmandade Sacre-Coeur de Marie, como professor do mais importante colégio do País, que educava as elites cariocas, por onde passaram os grandes intelectuais do Brasil dos anos sessenta. Em sua biografia, construída pela mídia, registrando apenas fatos perecíveis e parturientes dos acontecimentos quotidianos, esqueceram de investigar seus valores intelectuais.

A neurologia e sua secular pesquisa continua estudando fenômenos sobre pessoas dotadas de elevados níveis de QI, detentoras de imensuráveis capacidade de absorver simultaneamente atividades das mais distintas – capazes de lidar com diversas atividades profissionais – e obter sucesso em todos seus empreendimentos. Infelizmente, este distúrbio funcional impregnado nos meios de comunicação, “rotula” as pessoas, especificamente numa área, espaço que mais se destacam.

Winston Churchill, gênio que atravessou duas grandes guerras mundiais à frente do Almirantado Britânico (Comando da Marinha), na hecatombe de 1940/1945 esteve como Primeiro Ministro do Reino Unido, com os destinos da Inglaterra em suas mãos. Era escritor e amante da pintura. Nos momentos mais tensos da segunda guerra, diversas vezes, seus auxiliares diretos o surpreenderam pintando um dos seus quadros. Escondiam o fato, e passaram a considerá-lo como “excêntrico”. Sua habilidade em unir Estados Unidos, Rússia e a própria Inglaterra, para derrotar o Reich Alemão, não podia ser obra de um escritor ou pintor.

Howard Robard Hughes Jr, até sua morte (1971) o maior bilionário dos Estados Unidos, construtor de aviões e herdeiro de uma petroleira, também foi considerado um “excêntrico”. Era o piloto de teste de seus aviões, tendo sobrevivido a diversos acidentes aéreos. Sua vocação pela arte o levou a fundar um dos maiores Estúdios Cinematográficos dos Estados Unidos, RKO Radio Pictures, que abalou as estruturas de Hollywood. Tinha também uma paixão pela música. Aprendeu na sua solidão tocar o saxofone. Compôs algumas músicas, que só tocava para si mesmo. Nunca permitiu, nem cedeu direitos para gravá-las. Hughes revelou toda a geração de belas atrizes dos anos quarenta. De bons atores. Desenvolveu novos equipamentos (câmeras e áudio). Um belo dia, desistiu de tudo.

A paixão de Ney Suassuna pela literatura e artes nunca foi destacada pela mídia, em função de seu sucesso no mundo empresarial e político. Criou colégios, universidades e desenvolveu novos métodos de ensino, adotados pelo Oriente Médio e Ásia, como a China. Foi Senador da República, Líder do maior partido político no Senado (PMDB), Ministro de Estado, que materializou a transposição das águas do São Francisco. Mas, no seu íntimo, sempre existiu um pintor e escritor.

Saudoso Antônio Ermírio de Moraes, bilionário presidente do grupo Votorantim, era crítico e roteirista de Teatro. Escreveu diversas peças, usou pseudônimo ou doou a alguém da área, temendo que o Brasil o julgasse diferente. Desfrutava o perfil de referência opinativa da economia. Ney Suassuna superou Antônio Ermírio, que tentou dar sequência a sua genética paterna (política), candidatando-se a governador do Estado de São Paulo. Foi derrotado por um guarda da Polícia Rodoviária Federal, Orestes Quércia.

Ney foi Senador da República pelo seu Estado (Paraíba), amigo pessoal de FHC, de quem ouviu apelos para não renunciar o Ministério da Integração Nacional e desistir de ser candidato a governador, momento que foi traído pelo PMDB/PB, pela doutrina “fisiologista” do maranhismo. Como Howard Hughes, Ney desistiu. Ou, deu um basta temporário na política. Talvez ainda volte. Todavia, paraibanos e campinenses devem se orgulhar da mais recente conquista de Ney, hoje ao lado de Pedro Américo e de tantos outros grandes artistas brasileiros, como Cândido Portinari…