Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

NA PLENÁRIA DO PSB JOÃO AZEVEDO TROPEÇA AO IGNORAR O ORGULHO CAMPINENSE

Publicado em 2 de fevereiro de 2024

O saudoso ex-ministro José Américo de Almeida, quando abordado sobre oratória repetia sempre: “quem fala de improviso diz besteira… Sob a emoção dos aplausos, cria polêmicas desagradáveis, e se perde no conteúdo principal da mensagem”.

Na plenária do PSB ontem em Campina Grande (01/02/2024), o governador João Azevedo perdeu o equilíbrio do seu discurso, sempre pautado na postura branda, pedagógica e conciliadora. Admirável preleção no estilo “homilia”, inspirado na “impessoalidade”. Sem arroubos, usando expressões fleumáticas, destacava os valores comparativos de sua gestão, e seus grandes feitos reconhecidos pela Paraíba. Entretanto, ontem, esqueceu de calçar suas “sandálias” da humildade. Substituiu-as pelos saltos, estilo Luís XV, e terminou pisando no orgulho do povo campinense, que aquilata as qualidades de seus inestimáveis filhos no ontem, no hoje e no sempre.

Foi desnecessário falar sobre a poesia e a prosa. Mexeu com os brios de uma gente que preserva a memória de Asfóra, Ronaldo Cunha Lima e Vital do Rêgo. A empreendedora prosa de Wergniaud Wanderley, Severino Cabral, Elpídio de Almeida transformou a cidade no maior centro abastecedor do interior nordestino, até o final dos anos setenta. A arrecadação de impostos na Rainha da Borborema correspondia a 60% da folha de pagamento do Estado. Enivaldo Ribeiro com seu projeto urbanista modernizou a cidade, sequenciado por Romero Rodrigues.

Ao se reportar aos “Coronéis” da política local o governador não observou que ao seu lado estava o vice Lucas Ribeiro. Jovem e promissor herdeiro da linha sucessória de um dos mais tradicionais Clã da cidade, subliminarmente já ostentando em seus ombros as três estrelas de cinco pontas, com o cruzeiro do sul, radiadas em linha.

Bater forte nos Cunha Lima foi um erro crasso, ou lapso de memória? Bruno, Romero Rodrigues, Tovar e Fernando Catão são Cunha Lima. E se Cássio não tivesse “engolido sapo”, apoiando em 2010 Ricardo Coutinho, João Azevedo nunca teria sido sequer Secretário de Estado. O povo tem memória. E, num país cristão, a gratidão tem um imensurável valor místico/moral/cultural. Lançar o médico Johnny Bezerra e ao mesmo tempo “deixar a porta aberta” sugerindo que o “candidato plantonista” é fraco, e pode ser defenestrado se aparecer um nome que o suplante, deixa as digitais até então desconhecidas de um João Azevedo com “projeto coronelista de poder”, exposto na contradição do seu discurso, conjugando na primeira pessoa do singular o egoísta “EU”.

O prudente presidente da ALPB, deputado Adriano Galdino, mostrou seu altruísmo ao se fazer presente à plenária. Uma demonstração de maturidade política, fidelidade canina ao governador João Azevedo, como seu zeloso guardador. Conhece Campina, é bem votado na cidade e sabe que Romero Rodrigues é o único competidor capaz de disputar contra Bruno. Em seu pronunciamento, deixou claro que ainda espera por Romero. Mas, se ele não vier, estará ao lado do governador, apoiando Jhony. Como costumeiramente enfatiza, é acostumado a subir ladeiras.

A pergunta que não cala: onde estavam Aguinaldo Ribeiro e Daniella, mãe do vice? Não há registros na mídia de seus pronunciamentos. A senadora já anunciou que seu partido (PSD) terá candidatura própria em Campina Grande. Pelo visto, Daniella quer demarcar território para sua reeleição. E, em tempos de pouca farinha, primeiro o seu pirão.