Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

NA OPORTUNA CRISE DO TARIFAÇO O QUE O BRASIL TEM A OFERECER?

Publicado em 15 de abril de 2025

Lula entrará para a História como o presidente recordista em viagens internacionais – percorrendo os cinco continentes na busca de acordos comerciais bilaterais, desesperada tentativa de evitar uma recessão econômica no último ano de mandato (2026). Atingido pelo “tarifaço” – evento parturiente de uma nova ordem mundial – a turnê presidencial é uma festiva caravana, composta por um séquito de ministros e empresários, com despesas custeadas pelos sofríveis, oprimidos e indefesos contribuintes brasileiros.

Na crise do “tarifaço”, o que o Brasil tem a “oferecer” às nações atingidas, ora visitadas? O discurso ideológico da fome? Ou velha Amazônia, vendida e nunca entregue, golpe conhecido na praça. A justificativa é a necessidade de gerar acontecimentos, preencher espaços na mídia, evitando “trombar” com os desafios do quotidiano, fugindo de uma realidade insofismável. Perda de popularidade, quebra de compromissos prometidos na campanha, ausência de um plano de governo, capaz de criar esperança na população.

O CEO da Apple, Tim Cook, dirigiu-se ao presidente Donald Trump e o fez enxergar os efeitos colaterais do “tarifaço” em setores sensíveis, como os eletroeletrônicos (celulares, tabletes, computadores e televisores). Seria fácil deslocar as plantas fabris, ora instaladas na China, e traze-la para os Estados Unidos. O problema é a inexistência de mão-de-obra qualificada e disponível no mercado. O mesmo drama vive a União Europeia. Produtores e montadores destes equipamentos na China operam com custos muito baixos. Salários muito aquém do patamar mínimo dos Estados Unidos, 22 dólares a hora trabalhada.

Não existem outros países para substituir a China. Taiwan está sobrecarregada, desemprego “zero”. A Índia levaria uma década para capacitar estes profissionais. Trump recuou. Surge a grande pergunta: por que o Brasil e toda a América Latina, nestas últimas décadas, não proporcionaram através do ensino profissionalizante um gigante contingente de trabalhadores nesta área? Seria a alternativa ideal para os Estados Unidos, unir todo o continente americano, gerando emprego e renda, criando riquezas do Alaska a Terra do Fogo.

Infelizmente, os experimentos dos projetos político/econômico liberal na América Latina, ao longo de sete décadas, foram demagogicamente sabotados pelo discurso das esquerdas (rudes) inspiradas no comunismo soviético, eurocomunismo e o socialismo igualitário. Parafraseando o ex-presidente Ronald Reagan, “o melhor programa social ainda é um emprego”. E, defendendo a redução do Estado na economia, argumentava com lucidez: “não existem gênios no serviço público. Quando surge um, a inciativa privada o acolhe com salários a altura de seus sonhos”. O Estado se restringe a repetitiva burocracia rotineira, sem criatividade. Um monstrengo incubador da corrupção, criador de dificuldades, para vender facilidades.

Lula torna-se ridículo, cometendo gafes – ouvindo o doutrinado “moscovita” Celso Amorim – ao tentar avultar virtudes do “socialismo” na China e no Vietnã, agregando além do discurso ideológico pautas da inclusão e programas identitários. Os chineses conhecem a fome. Escaparam e alcançaram a prosperidade no capitalismo. Centenas de milhões morreram, vítimas da inanição crônica, instalada nos anos cinquenta e sessenta do século passado. O ditador Mao-Tsé-Tung (líder agrário) quando fechou-se para Ocidente sonhou transformar a China na maior potência agrícola do planeta. Iriam alimentar o mundo. Nunca conseguiram a autossuficiência. O ex-presidente Richard Nixon, surpreendendo a mídia norte-americana, foi a Pequim celebrar um acordo para sair do Vietnã sem uma derrota humilhante. Mao-Tsé-Tung, temendo uma invasão soviética, celebrou pactos secretos com os Estados Unidos e Nixon atendeu uma das principais exigência de Deng Xiaoping: intercâmbio universitário. Quando sucedeu Mao, Deng prometia: “quando nossas crianças voltarem, construiremos o país dos nossos sonhos. Aconteceu.

O eterno desafio do Brasil é reestruturar sua anacrônica economia – indexada a índices manipulados – debelar a encanecida luta de classes, vista hoje no mundo apenas em terras guaranis. Desde 1943, o nosso mercado de trabalho foi engessado por um salário mínimo. Vargas copiou a “Carta del Lavoro”, criada em 1927 pelo pai do Fascismo, Benito Mussolini. Abolida em todo o mundo, ainda sobrevive no Brasil com o nome de CLT- Consolidação das Leis do Trabalho. O mais aberrante é mantê-la fortalecida com uma Justiça (parcial) para o Trabalhador, conferindo-lhes todos os direitos, punindo com deveres os empreendedores.