

Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
MOTTA E ALCOLUMBRE ENFRENTARÃO O POVO NAS RUAS
Publicado em 5 de fevereiro de 2025A grande mídia nacional que rotula, interpreta e usa bola de cristal antevendo o destino da classe política – através de seus principais comentaristas – tenta esboçar o perfil do comportamento e conduta dos atuais presidentes da Câmara dos Deputados (Hugo Motta) e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, eleitos e recém empossados.
Segundo previsões, “tudo permaneceria como d’antes no quartel do Abrantes”. Os dois novos dirigentes da Câmara e do Senado trocariam apenas posições.
Mas, continuariam seguindo o mesmo roteiro ou “script” anterior, que tinha como personagens Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Davi Alcolumbre assumiria a postura de Arthur Lira. Hugo Motta seria o novo Rodrigo Pacheco. Frequentador do Palácio, negociando com um presidente que nada cede. E quando forçado, promete e até assume, mas por trás usa o STF para não se fazer cumprir o pactuado.
Em sua primeira entrevista concedida ontem à CNN, Hugo Motta alertou o governo da necessidade de mudanças de rumo na economia, criticou o aumento da carga tributária e endereçou recado ao STF sobre a regulamentação das Big Tech: são prerrogativas do Parlamento, que não pode determinar prazos para que se construa consenso. Neste aspecto Hugo Motta foi sincero, surpreendendo a mídia.
No berço da mais antiga democracia ocidental (Estados Unidos), a libertação dos escravos foi aprovada pelo Senado em 1864 e pela Câmara em 1865. Mas, os direitos civis – igualdade, casamento inter-racial, direito ao voto – além da convivência comum num mesmo espaço como ruas, bairros, Igrejas, bares e restaurantes… levaram 100 anos para o Congresso aprovar um conjunto de leis, capaz de derrubar essas barreiras segregacionista. Uma promessa de campanha de John Kennedy (1960) cumprida por seu vice Lyndon Johnson em 1965.
Na opinião de historiadores, Lyndon Johnson foi o maior congressista norte-americano de todos os tempos. Após a II Guerra, evento onde os afrodescendentes dividiram trincheiras com os brancos e conviveram como irmãos nos campos de batalha, os direitos civis foram tema de um amplo debate. E a exemplo de Abraham Lincoln, antes de ser presidente Lyndon Johnson então senador foi contra. Porém, para esconder do país a guerra do Vietnã, abafar a conspiração que matou Kennedy, Lyndon Johnson encarou o desafio. Mudou de opinião, negociou e emplacou os direitos civis. Decisão que levou o país à beira de uma guerra civil, entre 1965 a 1970.
Durante um século, a Suprema Corte dos Estados Unidos foi questionada sobre a segregação racial. A resposta era uma só. A Corte era guardiã da Constituição, não tinha poderes de legislar. Caberia ao Congresso elaborar e aprovar uma emenda, conferindo aos negros os mesmos direitos dos brancos. No Brasil, o STF impõe prazo ao legislativo. Vencido o período – usurpando os poderes dos representantes do povo legitimamente eleito pelo voto popular – 11 ministros do STF decidem o contencioso.
Usuários das redes sociais sentiram-se traídos ao verem a “mistura” de direita, esquerda, centro e extremos, unidas em torno de dois nomes. “Em tempos de pouca farinha, primeiro o meu pirão”, não importa a ideologia ou cor partidária. “Caranguejos só brigam na areia. Na corda, todos se agarram uns aos outros temendo caírem”. A união foi para salvar as emendas parlamentares, ameaçadas de serem arrancadas pelo ministro Flávio Dino e entregues a Lula, para potencializar sua gastança na busca de popularidade.
Nas redes sociais, postagens convocam a população para primeira grande manifestação patriota, no próximo 16/03/2025. Temas: Anistia, Liberdade de Expressão, voto impresso, impeachment de Lula. Será o primeiro teste de resistência de Alcolumbre e Motta, frente à pressão popular. Não esqueçam o infortúnio de Rodrigo Maia.