

Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Minha primeira emoção paternal
Publicado em 18 de outubro de 2024Reflito, reflito e, quanto mais reflito, mais me encanto comigo mesmo, ao imaginar como vivenciei o normal desta vida sem um mínimo de ansiedade e com o máximo de naturalidade. Namorar, casar, ter filhos… tudo isso veio no tempo certo sem que eu sentisse ou manifestasse qualquer reação desmedida. Sustentei a leveza de ser, no esplendor de minha serenidade, sob um toque divino.
Até mesmo quando da notícia inesperada de que seria pai, ainda curtindo os primeiros meses de um casamento que caminha para quatro décadas. Emoção grande senti (Como senti!) quando, no final da daquela manhã de uma segunda-feira, foi confirmada a informação, via ramal telefônico da redação do Diário da Borborema, de que o menino tinha nascido.
Desci a escada como a querer gritar na calçada do jornal que agora era pai, esbarrei na porta, sem ânimo de abri-la, e voltei, os olhos querendo marejar. No último degrau de acesso à sala de trabalho, retornei, descendo mais rápido cada batente e, aí sim, girei a maçaneta, e acessei a recepção já comunicando à moça que o filho nascera.
Hélder chegou já nos causando preocupação, pois fraturara a clavícula ao nascer, motivo de seu choro excessivo dos primeiros dias. Logo recuperou-se. A preocupação com ele ficou nisso, pois seu jeito reservado, seu comportamento exemplar e sua retidão sempre nos garantiram uma tranquilidade ímpar. Até mesmo na adolescência.
Conforme o menino foi avançando nos meses, passei a dedicar-lhe o mínimo que podia, chegando a tirar dias de folga do gancho laboral que fazia e que ajudava nas despesas. Aproveitava essas horas e o colocava no carrinho e saia caminhando, dando-lhe o banho de sol, até à casa de meus pais.
Dizem, e eu vejo que sim, que este filho amado tem muito de mim. Gosto dessa hereditariedade, mas lamento pelos defeitos legados. Na última vez que o visitei, na Capital, passei-lhe a chave do carro e fui de passageiro. Íamos numa rua, procurando local para estacionar e quando avistou a vaga, à esquerda, poderia deixar o veículo na contramão. Não o fez. Foi à frente, manobrou voltando e estacionou na mão certa. Como eu gosto de fazer.
Ah, meu filho como te admiro! Teu senso de responsabilidade, tua capacidade técnica e profissional, tua maneira de identificar detalhes em tudo, além do homem correto e honesto que és. Tudo isso orgulha a mim e à tua mãe e nos preenche de tranquilidade. Tens defeitos, mas ninguém é perfeito. No último dia oito, comemoramos 36 anos de matrimônio; neste 16 de outubro, Helder, o meu primogênito, celebra 35 anos de vida.