Mídia nacional repercute o caso do vereador da Paraíba que admite em sessão bater em mulher

Publicado em 11 de dezembro de 2023

O Jornal O Globo repercutiu em âmbito nacional sobre a confissão de culpa do vereador Pedro Aureliano (Cidadania) da cidade de Piancó, no Sertão paraibano. Na sessão de quinta-feira, ele admitiu que bate em mulher e ameaçou agredir um colega com o qual discutia por causa de um requerimento em pauta.

Continua após a publicidade

A secretária da Mulher e Diversidade Humana da Paraíba, Lídia Moura, condenou a atitude do parlamentar. A secretária de Políticas Públicas para Mulheres de João Pessoa, Nena Martins, que já foi agredida pelo político, também lamentou o episódio.

A senadora Daniella Ribeiro (PSD) distribuiu nota condenando a fala do parlamentar: “Uma fala machista e abominável do senhor vereador, que mesmo diante de uma tribuna, e sendo gravado, não se intimidou e admitiu bater em mulheres. Isso não é engraçado, nem pode ser minimizado. Muito menos ser justificado. Bater em mulher, repito, é crime previsto previsto em diversas normas penais”.

REPORTAGEM DE O GLOBO

“Vereador da Paraíba admite agredir mulheres em discussão com colega: ‘Bato e bato em você”

Uma declaração do vereador Pedro Aureliano (Cidadania-PB) feita durante uma discussão com um colega da Câmara Municipal de Piancó repercutiu na Paraíba. A fala, na qual o Aureliano admite agredir mulheres, aconteceu em meio a uma votação na última quinta-feira, enquanto ele discutia com Antônio Wallace Militão (PP-PB).

Por meio de nota, a Câmara Municipal repudiou o episódio e citou uma agressão do vereador contra a jornalista e atual secretaria da Mulher de João Pessoa, Nena Martins, que confirmou a existência do incidente.

Esse caso é muito grave, porque a violência para contra a coletividade. Não é contra uma mulher especificamente. Muito triste ver um homem falar isso em uma sessão legislativa — disse ao GLOBO a secretária estadual da Mulher e da Diversidade Lídia Moura.

Os vereadores debatiam sobre a possibilidade de conceder uma moção de aplausos ao ex-diretor do Hospital Regional de Piancó. Aureliano se posiciona contrário e alega que o profissional não ia ao município, apesar do cargo. Militão era o autor do pedido de moção de aplausos ao médico.

— Ele não veio quatro vezes a Piancó. Só vinha quando tinha festas. Isso não é só eu que digo. São vários funcionários do hospital. Ele entrou no hospital só para receber dinheiro (…) Ele pode ser amigo, pode ser tudo. Mas, como diretor, ele deixou a desejar —, diz o vereador do Cidadania.

— O que muito me estranha é a gestão anterior. Ela era muito presente e não fazia nada — responde Militão, que minutos depois sugere uma explicação para o voto contrário de Aureliano — O problema é outro (…) Quando o doutor entrou no hospital, tinha uma irmã de um vereador que tinha luxo e mordomia no hospital, fazia de hotel. Quando o doutor entrou, acabou com isso. Por isso que o doutor não presta.

Militão cita também supostos cabos eleitorais no hospital. A partir daí a troca de acusações, ofensas e ameaças entre os dois cresce. Em dado momento, Militão chama Aureliano de analfabeto:

— Sou analfabeto, mas tenho honra (…) Tenho honra e tenho caráter — diz o vereador do Cidadania, na gravação.

— Tem, tem muito caráter. Todo mundo conhece qual é o seu caráter. Bateu numa mulher — responde Militão.

— Eu bato e bato em você também. Então, venha para cá. — diz Aureliano, enquanto se levanta da cadeira, pouco antes da sessão ser suspensa.

Procurado pelo GLOBO, o vereador Pedro Aureliano ainda não se manifestou. A Câmara Municipal de Piancó disse repudiar a declaração do parlamentar. Ainda segundo a casa legislativa, uma das vereadoras presentes durante a discussão protagonizada por Pedro Aureliano, nesta quinta-feira, foi empurrada pelo homem. Maria de Fátima, conhecida como Tia Cotil, está em “estado de choque e com receio de frequentar a câmara”, afirma a nota.

A nota da Câmara Municipal de Piancó cita ainda o episódio de agressão do vereador contra a jornalista e secretaria da Mulher de João Pessoa , Nena Martins, ocorrido em 1994.

Fonte: Assessoria