Mestre em engenharia da UFCG alerta sobre momento difícil da academia e pede uma universidade “mais dialógica, democrática e incisiva”

Publicado em 16 de setembro de 2024

O professor Edmar Candeia Gurjão, titular na Unidade Acadêmica de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), acaba de dirigir Manifesto para os três segmentos da instituição alertando para o momento difícil que a mesma atravessa, às vésperas de mais um período consultivo para a escolha do novo Reitor.

– “Precisamos de uma universidade socialmente referenciada, que seja mais dialógica, mais democrática e verdadeiramente mais inclusiva. Mas, para atingirmos esse desiderato, se faz necessário um projeto coletivo de universidade, a exemplo do que tem feito instituições consagradas e outras emergentes que avançam a passos largos, o que exige, antes de tudo, um diagnóstico elaborado em bases científicas a partir das unidades acadêmicas”, recomenda o Mestre.

Segue, na íntegra, o texto de Edmar:

“Diletos (as) colegas que compõem os três segmentos da UFCG:A Universidade Federal de Campina Grande nasceu do sonho em se fazer o novo, com a pujança que tanto ouvíamos falar dos tempos da POLI e outros bons exemplos dos campi do interior da UFPB, passado o tempo a realidade é outra. Fica cada dia mais evidente a inexistência de projeto que concretize esse anseio, e atualmente atenda aos desafios modernos e das próximas décadas.

Com a aproximação do processo de consulta à comunidade universitária, percebe-se com mais clareza o predomínio de projetos de poder pelo poder, em detrimento de propostas consistentes, acadêmicas, claras e de longo prazo, que sejam capazes de elevar a nossa universidade ao seu merecido lugar de destaque no cenário nacional e internacional.
Para se alcançar o poder na UFCG já se viu de quase tudo, não sendo mais surpresa as esdrúxulas alianças eleitoreiras, inimagináveis até mesmo para os mais radicais adeptos do maquiavelismo.

Quem lê as cartas-programas, discurso, postagens e se depara, em sua maioria, com clichês, que mais parecem cópias de panfletos escritos no auge do populismo que imperou em algumas instituições brasileiras, e que não cabem na academia.

Quando vamos romper com práticas políticas e de governança ultrapassadas, desconectadas das reais demandas da sociedade contemporânea, e de costas para o mundo atual e sem preparar para o futuro, muitas vezes voltadas para atender a bolhas, em detrimento de uma política pública que atenda indistintamente, e construtivamente, de forma pública e transparente os três segmentos da comunidade universitária?

Precisamos de uma universidade socialmente referenciada, que seja mais dialógica, mais democrática e verdadeiramente mais inclusiva. Mas, para atingirmos esse desiderato, se faz necessário um projeto coletivo de universidade, a exemplo do que tem feito instituições consagradas e outras emergentes que avançam a passos largos, o que exige, antes de tudo, um diagnóstico elaborado em bases científicas a partir das unidades acadêmicas. Chega de projetos proforma!

Precisamos urgentemente virar essa página da história da UFCG se não quisermos assistir à sua derrocada acadêmica.

Necessitamos de uma gestão ágil e proativa, que auxilie, e não atrapalhe, o trabalho desenvolvido pela nossa abnegada comunidade acadêmica.

Há uma maioria silenciosa na UFCG que tem assistido com preocupação, e até com certa apreensão, algumas práticas sofríveis de gestão e governança na UFCG, a quem não pretendemos atribuir autoria e nem julgar.

Essa maioria tem o dever cívico de tomar, democraticamente, em suas mãos os destinos de nossa universidade, quebrando o modelo de terceirizar para as mesmas pessoas a tarefa de geri-la da forma como vem ocorrendo.

Não negamos muitas contribuições positivas, presentes e passadas, mas a realidade objetiva nos impõe o dever de fazer uma crítica coletiva dura, embora fraterna, àqueles que teimam em persistir nessas práticas carcomidas.

A situação da UFCG no ranking nacional ainda não se tornou mais gravosa graças ao seu capital humano docente, discente e técnico-administrativo, construído ao longo de décadas, pelo esforço e a dedicação, quase sempre isolados e sem o devido apoio, da maioria da comunidade universitária, que compreende o valor desse grandioso patrimônio público.

É chegada a hora de conversarmos juntos sobre o futuro da UFCG, numa discussão horizontalizada, sem caciques e nem pré-candidatos, mas entre pessoas que desejam construir um projeto coletivo para a UFCG.

É premente que esse fórum seja construído, pois a consulta se avizinha, e para que todos possam compartilhar suas propostas, experiências e inquietações como contribuição para um projeto coletivo que harmonize e eleve a nossa UFCG.

Fonte: Da Redação