Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

MEMÓRIA ETERNA

Publicado em 2 de fevereiro de 2023

Adágio popular: “o povo tem memória curta”. Jargão predominante no século XX, superado com o surgimento da Internet, e suas ferramentas desenvolvidas através das redes sociais, que a cada dia evolui na busca de transformar o mundo numa aldeia.

Ontem (01/01/2023) por ocasião da posse de novos Senadores e eleição da nova Mesa Diretora da Casa Revisora, estes novos instrumentos de interação popular mostraram o tamanho de suas influências – através dos seus mecanismos de comunicações – estabelecidos e usados para confrontar a velha mídia profissional, que vem perdendo completamente sua capacidade de manipulação, outrora considerado o quarto poder.

Dos vinte e sete Senadores empossados, vinte e dois são novatos. Apenas cinco foram reconduzidos. O Brasil politicamente polarizado – divisão que simboliza a autêntica democracia – acompanhou todo o comportamento destes parlamentares que obstruíram o governo do presidente Bolsonaro, votando pautas inspiradas nos anseios populares. Porte e posse de armas, fim do DPVAT, redução de maioridade penal; combate à corrupção; freio na violência banalizada; respeito a harmonia dos Três Poderes; investigações (CPI) e impeachment de Ministros do STF, por abuso do poder…

Aqueles que se recusaram ouvir o apelo de todos os segmentos da sociedade, desprezando postagens de indignações, ignorando os inúmeros pedidos de “abaixo assinados”, e não retornando as mensagens enviadas pelo WhatsApp, Telegram; páginas do Facebook e Instagram, amargaram uma derrota, mesmo dispondo de milhões de reais do Fundão Eleitoral, recursos pessoais – ajuda de empresários –  e Orçamento Secreto. Confiança perdida é cristal quebrado.

O mundo da nova era digital ainda não foi concebido pela obsoleta e “analógica” classe política. As transformações foram muito rápidas. Recordamos a Copa do Mundo de 2004, no Japão, e uma publicidade veiculada pela Nokia, patrocinadora do evento. Saudoso Pelé, falando ao telefone em chamada de vídeo, conversando com sua esposa. No final ele arrematou: “o futuro vai ser assim”. Após uma década, as chamadas de vídeo no Facebook e celulares já eram uma realidade.

Bolsonaro foi eleito em 2018 sem o discurso da fome, desigualdade, justiça social, temas demagógicos que alimentam as esquerdas, explorados desde a Revolução Russa. Não sensibiliza mais o povo. Bolsonaro pregou o fim da corrupção, segurança para o povo, redução de Ministérios de 38 para 22, austeridade nas contas públicas. Seguiu o pensamento cunhado pelo inesquecível carnavalesco Joãozinho Trinta: “quem gosta de pobreza é intelectual, pobres gostam e sonham com riqueza”.  

Em seu pronunciamento ontem, renunciando sua candidatura à presidência do Senado para apoiar o potiguar Rogério Marinho, o Senador Eduardo Girão destacou o corte de gastos públicos – a partir do Senado – que consome 5 bilhões de reais anualmente, para empregar 81 senadores e seus auxiliares.

O opositor reeleito, Rodrigo Pacheco, em seu discurso, ainda falou em fome e desigualdade social. Não se sensibilizou com o catador de lixo, que a cada um real que ganha 42% vão para os impostos, destinados a manter instituições perdulárias contumazes, como os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Pacheco irá servir ao povo ou ao governo? É bom que não esqueça que a internet tem memória eterna.