Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

MANOBRA PERFEITA

Publicado em 11 de julho de 2024

Todo projeto político vitorioso começa pela escolha inteligente de seu adversário preferido, fácil de ser derrotado. Para desestimular o surgimento e formação de uma oposição organizada e competitiva, o grupo que ocupa o poder simula rompimentos, inventa crises inexistentes – sem motivos óbvios – criando uma falsa expectativa no eleitor insatisfeito, o grande iludido neste enredo.

O ex-presidente FHC, de mãos dadas com a grande mídia, escolhia Lula, que sempre saia disparado na frente nas pesquisas com 60% da preferência do eleitorado. O petista não tinha densidade eleitoral abrangente, capaz de cobrir todo território nacional. Seria fácil derrotá-lo. Usou este método duas vezes e matou dois coelhos com uma cajadada. Derrotou Lula, e acabou com o PFL/PDS/PL, nossa direita desorganizada.

Este tipo de trama, arquitetada nos bastidores, chega ao público através dos formadores de opinião – primeiros a serem ludibriados pelo embuste – e que se transformam em fornecedores de matéria prima para produção diária da mídia, escrava do “jornalismo de batente” comprometida com o “furo”, ou o “fato novo”.
Bruno e Romero se espelham no exemplo do Império Romano: dividir para governar.

Romero Rodrigues impediu durante um ano e meio a criação de um grupo de oposição capaz de enfrentar Bruno Cunha Lima, e seu projeto de reeleição. Em dezoito meses, nunca se pronunciou com clareza afirmando que seria candidato. Muito menos, assumiu compromissos com a população revelando que estava disposto a enfrentar a “máquina” do Palácio do Bispo. Nesta longa jornada “levou de barriga” o governador João Azevedo, o Clã Ribeiro e todo bloco oposicionista da cidade.

Quem primeiro alcançou a “estratagema” foi o deputado Adriano Galdino, presidente da ALPB, que em novembro de 2023 externou sua opinião e cobrou: “ele tem até janeiro para se posicionar, e anunciar sua candidatura”. Neste interregno, deve ter conversado algumas vezes com Romero e percebido que sua postulação era uma “cortina de fumaça”. Ainda postergou o prazo, esticado para fevereiro, abril… Convidou-o publicamente para ingressar no Republicanos… Mas, Romero manteve-se em silêncio. Seu séquito de alucinados, cegos, se encarregaram de instituir as desculpas.

A sedução aconteceu e Romero esteve prestes a romper. Esqueceram o “freio de arrumação” de Bruno, quando inesperadamente e sem motivos (ano passado) exonerou todo o primeiro, segundo e terceiro escalão de sua gestão? Deixou Romero à vontade para se manifestar sobre o episódio e lançar sua candidatura, contando com o exército dos futuros insatisfeitos. Ao mexer na parte mais sensível do corpo humano, o bolso, os críticos da gestão que embalavam a canção “volta Romero”, sentindo-se ameaçados, partiram para o “beija mão” a Bruno. Preferiram segurar seus contracheques. Como Romero iria convencer “Tia Glória” e justificar sua ingratidão?