Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

MANIFESTAÇÃO DA PAULISTA UNE A DIREITA CONSERVADORA

Publicado em 7 de abril de 2025

Em todo tipo de disputa os vencedores sempre são os mais resilientes, astutos, observadores e aproveitadores dos oportunos erros de seus oponentes. Se no PT ainda restasse um mínimo de pragmatismo de outrora, quem estaria no palanque ontem – na avenida Paulista – sendo ovacionado por uma grande multidão, era Lula. Não lhes faltava coerência. Tinha uma história para contar, como defensor e ativista da Anistia Ampla Geral e Irrestrita, seus momentos na prisão por questões ideológicas – greve dos metalúrgicos – arrostando o austero governo Geisel; presença no sepultamento de seu pai, algemado, foto publicada na revista Veja e em toda mídia internacional. E em seu discurso, teria legitimidade de repudiar todo tipo de arbítrio. Tinha sido no passado vítima – como Deborah do batom – por defender a liberdade e a democracia.

Recordaria que ele convocou e liderou a primeira greve dos metalúrgicos, aconselhado por seu mentor político o Pernambucano “Joaquinzão”, comunista do PCdoB, defensor da luta armada para implantar a ditadura do proletariado. Joaquinzão, posteriormente foi traído por Lula, e perdeu o controle do Sindicato.

Havia traçado as linhas do seu destino. “Não tenha medo e faça com que seja preso. Sairás da cadeia como a maior liderança trabalhista dos novos tempos que virão”. Acertou em cheio. Lula foi festejado como “herói da resistência desarmada” e anticomunista. Abençoado por D. Paulo Evaristo Arns (Igreja), Raymundo Faoro (OAB); Mino Carta (Veja) doutrinador de toda mídia esquerdista; Eduardo Suplicy e grande parte dos membros do antigo Largo de São Francisco, ambiente incubador de lideranças expressivas como José Serra, FHC, Sérgio Motta… Tornou-se um líder político, até os dias de hoje. Esquecer seu passado?
Jair Bolsonaro, Silas Malafaia e o governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro, realizaram uma manifestação na praia de Copacabana no dia 19/03/2025, pedindo anistia para os encarcerados e condenados pelos atos do dia 08/01/2023. Não foi gigante em comparação às anteriores, mas, com um público suficiente para mostrar que o PT e as esquerdas seriam incapazes de levarem aquele mesmo contingente às ruas. Guilherme Boulos, não enxergando a realidade – mesmo depois de uma baita surra nas urnas em 2024 – desafiou a comoção de uma nação Cristã. O povo pedir para manter presos, e condenar idosos, evangélicos, mães de família? Pura insensatez, delírio, insanidade e sadismo. Trabalhou arduamente nos preparativos para no último 30/03/2025 preencher pelo menos um dos quarteirões da avenida Paulista.

Boulos confundiu as circunstâncias eleitorais com o real tamanho de sua liderança. Em 2024, obteve 2.168.109 votos, com o apoio de todas as esquerdas, centro-esquerda e pequeno grupo do centro. Talvez tenha imaginado que levaria no domingo 30/03/2025 pelo menos 5% de seus eleitores, que corresponderia a 100 mil pessoas. Não ouviu Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara – não conseguiu eleger seu sucessor – que ao ser convocado advertiu: “Para levarmos 10 mil pessoas às ruas teremos que suar sangue”. Porém fez tudo que lhes pediram. Disponibilizou ônibus para toda região metropolitana, favelas de Boulos, a grana da cervejinha e da picanha. Sobraram ônibus, faltaram passageiros. Um fiasco total.

Em apenas cinco dias, Bolsonaro convocou a mobilização de ontem (06/04/2025). Antes, combinou com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB). Evitando repetir o erro das esquerdas, a direita reuniu suas principais lideranças “conservadoras”, sob um tema humano e suprapartidário: “Anistia já”. Preencheu o mesmo espaço das grandes manifestações anteriores. Até Deus, deu uma mãozinha. A previsão era de temporal, com chuvas de até 100 milímetros. As chuvas ficaram no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro, com a ajuda do Cristo Redentor, estancou por lá o temporal. O dia em São Paulo amanheceu nublado, com ameaça de chuvas até às 16:30hs. No final da tarde, próximo ao ocaso, o céu ainda sorriu para a anistia. Raios de sol penetraram nas nuvens carregadas.

Sete governadores, dezenas de senadores, deputados federais, estaduais e prefeitos do Estado estiveram na festa pela anistia, liberdade e democracia. Tarcísio de Freitas – Republicanos (SP), Romeu Zema- Novo (MG), Jorginho Mello – PL (SC), Ronaldo Caiado – União Brasil (MT), Wilson Lima – União Brasil (AM), Ratinho Júnior – PSD (PR), Mauro Mendes – União Brasil (MT). Ausente Cláudio Castro – PL (RJ). Seis presidenciáveis no mesmo palanque: Jair Bolsonaro, Michele Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Ratinho Júnior. Ecumenicamente se abraçaram Silas Malafaia, Padre Kelmon e o Pai de Santo da cantora Anitta, o babalorixá de Oxóssi, Sérgio Pina.

A mídia tradicional mostrou fotos aéreas do meio dia, e após as 16hs. O texto veiculado – redigido por Sidônio Palmeira – foi idêntico nos números de 44,9 mil pessoas. Redes sociais, congestionadas.