Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

MALABARISMO

Publicado em 22 de junho de 2023

O equilibrismo tem sido a marca registrada do governo Lula III, decorridos 173 dias de sua posse. Discursa para base ideológica, pedindo paciência. Faz gestos apaziguadores para o Congresso – que mergulha cada vez mais fundo nos cofres do tesouro – acenando possibilidades de abdicar, parte de seu poder, em troca de apoio. Por último, estreou nas redes sociais – buscando adesões da população – ambiente hostil, que o rejeita desde a campanha de 2022. Está difícil encontrar um local para “amarrar seu burro”.

Lula instalou uma equipe de transição (novembro de 2022) composta por mais de 800 membros, escalados para implantar ou adaptar aos 23 Ministérios existentes, um novo programa de governo, com pautas progressistas/sociais, destinadas a redução das desigualdades, superdimensionada na campanha, demagogicamente para atrair votos.

O relatório final do extenuante trabalho desenvolvido por “gênios”, e intelectuais da moderna “engenharia social”, resumiu-se na ousada sugestão de criar 14 novos Ministérios – ampliando de 23 para 37 pastas – expandindo o “empreguismo”, como forma de acomodar as elites petistas e demais siglas aliadas da campanha, desertas de votos, todavia, carente de salários e privilégios. O PT não tinha programa de governo. O foco era o poder.

Nesta aventura irresponsável, Lula e seus aliados perdulários não estão só. Senado, Câmara dos Deputados e Cortes Superiores de Justiça são cumplices do crime perpetrado contra a indefesa população, que usaram a única arma que dispunham: o voto, na esperança de um dia orgulharem-se do gigante Brasil, desenvolvido rico e próspero.

A principal função do Congresso, além de legislar é fiscalizar. Poderia e deveria ter posto freios nesta empreitada megalômana de Lula, e não ter aprovado a PEC do fura teto em 20/12/2022. Mas, movidos pela ganância, pecaram pela gula.

Mesmo justificando que foram levados pela emoção e tiveram que agir de última hora (20/12/2022) – apesar das advertências dos principais agentes financeiros/econômicos e do mercado – tiveram sua segunda chance de corrigirem o erro, quando foi a plenário a MP (Medida Provisória), que redesenha de forma “aloprada” a Esplanada dos Ministérios. O povo pedia menos Brasília (Estado) mais Brasil (livre mercado e empreendedorismo).

Infelizmente o que todos testemunharam, foi Arthur Lira cobrar em nome das lideranças partidárias, “espaços” no governo do PT. Intimidar o executivo, passando a exigir uma “base” parlamentar. E, sem o menor pudor, todos começaram a falar a mesma linguagem: “negociar” (?). O que? A tarefa da Câmara, era mostrar fidelidade com o eleitor que os pôs lá, derrotando a PEC da gastança e impedindo a criação de novos Ministérios.

A resistência de Lula dá sinais de cansaço. Semblante alquebrado, o malabarista, viaja mundo afora para tratar de temas tão importantes para o dia a dia do brasileiro, como a guerra da Ucrânia. Lira toca o governo. Aprova o que quer, e divide o bônus com seus pares. Ontem (21/06/2023) se reuniu com a bancada do Agronegócio, para tratar da reforma tributária. Hoje (22/06/2023) se reúne com todos os governadores. Enquanto isto, Lula visita a Cidade Luz (Paris). O presidente perdeu a credibilidade da classe política? Um tema tão sensível como a questão tributária, Lira é quem vai decidir? Qual a função, e o que faz seu vice Geraldo Alckimin?