Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

LULA TERMINA O ANO ACUADO E SEM EXPECTATIVAS

Publicado em 22 de dezembro de 2023

O apoio incondicional da grande mídia profissional militante – mostrando diariamente resultados (recordes) econômicos, como 132 mil pontos do IBOVESPA – fruto de medidas herdadas das mudanças realizadas nos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro – não foram suficientes para amainar a maioria da população brasileira, que continua furiosa e cética quanto ao futuro do governo petista. Hoje, mais temeroso que nunca, de enfrentar as ruas, após ter sido vaiado no Congresso Nacional (20/12/2023).

Como em todos os seus discursos, Lula cita “pela primeira vez na história deste país…” Foi a primeira vez que vimos, através da TV Câmara e redes sociais, um Presidente da República ser achincalhado, ultrajado de forma vil e humilhante, com vaias e palavras de ordem pejorativas, pronunciadas aos gritos e em coro, pelas elites políticas que nos representam. Uma cena triste, espantosa, desrespeitosa à figura institucional que ele representa: Presidência da República. Os aplausos de seus aliados (minoria) foram abafados pelo barulho berrante da maioria, direita, Cristã, patriota e conservadora.

O episódio pode ser considerado deplorável, pelo ambiente e as imagens que ganharam o mundo em questão de minutos. Isto é ruim para a figura do Brasil. Principalmente para quem está distante, não conhece nossa realidade e valores de um povo ordeiro, receptivo, anfitrião e pacifista. O receio é que nos julguem como uma republiqueta de trogloditas, mal-educados, composta de uma gente torpe e obscena.

Para quem conhece, ou já residiu em Brasília, frequentando a Praça dos Três Poderes, sabe perfeitamente que o espaço é uma “bolha”. Distante do Brasil e seu cotidiano, o ambiente é repleto de “gênios” e intelectuais, possuidores das mais “brilhantes” ideias, inspiradas em ficções. Por que seus apoiadores não pediram ou aconselharam Lula a silenciar? Calado seria um poeta. Mas, quis pegar carona na Reforma Tributária, uma pauta do Congresso Nacional, onde ele não tem maioria. A ferida continua aberta: eleições 2022.

No fatídico dia da vaia no Congresso Lula já havia se reunido cedo, pela manhã, com seus ministros, e cobrado resultados (?). Determinou que andassem pelo País, mostrassem as ações de seu governo, interagissem com a população – principalmente os cristãos – frequentadores das milhares de Igrejas Pentecostais Independentes (Evangélicos). Levassem o Bolsa Renda e o “minha casa minha vida” para seus fiéis.

O Instituto de Pesquisa Genial Quaest, seu aliado e integrante do Consórcio Midiático, havia lhes fornecido no dia anterior dados de uma pesquisa que acabara de ser tabulada. Queda de 6% de sua (suposta) popularidade, avanço na desconfiança de sua gestão (58%) e baixas significativas na aprovação do seu governo no Nordeste, reduto onde se imaginava crescimento, pelo Bolsa Renda e outros programas sociais.

Entrevistado no final da noite pela CNN, no programa WW, o CEO da Genial Quaest, cientista político Felipe Nunes – que não disfarça sua posição “progressista” – atribuiu os números ao baixo desempenho do PT, e ao próprio Lula, que na sua percepção, estimula o radicalismo. Quando se referiu aos 33% que acham o governo Lula “bom” ou “ótimo”, fez uso da sinceridade. “Ótimo” é visto por cerca de 7%. Estes são os petistas raiz. “Bom”, cerca de 26% que tanto pode subir para o “ótimo”, ou descer para o “regular” a caminho do ruim. Já os que desaprovam, 80% o julgam “péssimo”.

Ainda opinando sobre os índices, Felipe Nunes afirmou que a “moeda de troca” não são os resultados econômicos. O radicalismo está calcificado na pauta dos costumes e questões de gênero. O PT vai mudar seu discurso? Haddad e Manuela D’ávila em 2018 assistiram a duas missas. Quando veremos Lula na Igreja ‘Deus É Amor’?