Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

LULA FICOU ABAIXO DO PISO

Publicado em 25 de fevereiro de 2025

Com popularidade abaixo do “piso”, o Palácio do Planalto anunciou para o dia de ontem (24/02/2025) um pronunciamento em cadeia nacional do presidente Lula. Advertido sobre um inevitável “panelaço”, o novo ministro das Comunicações inovou. Usou uma postagem foguete, gravada no estilo redes sociais (Instagram) com duração entre três/cinco minutos, onde Lula anunciou como boas novas o velho programa da Farmácia Básica, pé-de-meia (já existente) e prometeu prosperidade (?). Esqueceu de mencionar o nome do programa que trará a tão sonhada prosperidade para o povo.

Encerrou sua agenda assistindo o filme “Ainda estamos aqui”, no Palácio da Alvorada, ao lado de convidados especiais. Ministros mais próximos, líderes do “centrão”, presidentes da Câmara e do Senado. A intenção é desatar o nó cego que ele mesmo deu no seu governo e tentar recuperar a popularidade perdida, na reta final de sua gestão, faltando um ano e sete meses para as eleições de 2026.

É impossível um médico iniciar o tratamento de um paciente, tentar curá-lo, quando o mesmo esconde o local da dor. O marqueteiro que aceitou o desafio de remodelar o perfil analógico de Lula, e encaixá-lo na era digital, tem que investigar a origem do seu desgaste e a impopularidade que o asfixia. São sintomas surgidos desde sua posse – em ambiente fechado – cercada por tapumes. O motivo, e como tudo começou – se este cidadão for um profissional honesto – já identificou ouvindo a voz rouca das ruas, através das pesquisas de consumo. Falta de credibilidade, desconfiança do processo eleitoral que o elegeu, e o inesquecível efeito Lava-Jato. Prisão e condenação em três instâncias.

Completando o quadro de gravidade, surgiram os efeitos colaterais. Insistir na versão de transformar uma manifestação popular, numa tentativa de golpe de Estado; censurar as redes sociais; aliar-se ao STF, instituindo um processo de perseguição à direita – quer seja Bolsonaro, ou um membro do Parlamento. Se envolver nas eleições norte-americanas, acusando o presidente Donald Trump de “fascista”. Tentativa de evitar a vitória de Milei na Argentina, e paradoxalmente não censurar a fraude eleitoral da Venezuela. Acusou Israel de estar cometendo genocídio na Faixa de Gaza, deixando o Brasil isolado.

Estamos fechando o segundo mês de 2025, esticando o orçamento de 2024, e o governo Lula cometendo duas pedaladas fiscais. Abrir crédito extraordinário para gastos, sem aprovação do Orçamento de 2025, nem autorização legislativa. Recursos destinados aos programas pé-de-meia e Plano Safra. Este é um crime de responsabilidade fiscal insanável, com consentimento do Poder Judiciário e parecer precário do TCU, órgão de assessoria do Poder Legislativo, Corte de Contas criada para combater e criminalizar este tipo de abuso. Se fosse um Prefeito, o MP já tinha afastado por recomendação do TCE, e seu mandato seria cassado pela Câmara.

O país “travou”.

Ligamos para alguns deputados conhecidos e indagamos se o Orçamento seria votado até 11/03/2025. O que ainda faltava para negociar com o Presidente? “Não depende mais nada do Presidente, o destino do Orçamento está nas mãos do ministro Flávio Dino. Se não liberar todas as emendas, não ocorrerá votação plenária”.

Ficou difícil para Lula. Lideranças políticas lutam para alcançar o “teto”. Inversamente, o Presidente (tardiamente) tenta estancar sua queda, no momento abaixo do piso. Apenas 24%? Nas cinco campanhas que o petista disputou, perdendo três e ganhando duas, sempre esteve acima dos 35%. Se hoje, 62% da população são contra a sua candidatura, pode-se imaginar que 38% restante são favoráveis. Não, destes 38% tem bolsonaristas raiz, revanchistas, que querem Lula candidato com o voto impresso e auditável, para esmagá-lo nas urnas, vingando 2022.