Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
LULA E WOODROW WILSON
Publicado em 27 de março de 2023O presidente Lula suspendeu sua viagem à China, oficialmente por ter contraído uma “leve” pneumonia bacteriana. O “Fico” de Lula é medo da ameaça real de seu governo desmoronar inesperadamente nos próximos quarenta dias, prazo máximo para o Congresso Nacional aprovar ou rejeitar suas Medidas Provisórias. Lula ainda não conseguiu formar uma base de apoio que lhes garanta governabilidade. Claro que o Congresso jamais legislará contra o povo. Aprendeu a respeitá-los, a partir das duas últimas eleições.
A Câmara em 2018 renovou 277 dos 513 parlamentares. Muitos com vários mandatos… Em 2022, foram 200 que não retornaram. No Senado em 2018 nem o seu presidente Eunício de Oliveira, conseguiu retornar. Em 2022, dos 27 senadores que buscaram “os caminhos da volta” apenas cinco conseguiram chegar ao destino final.
A única MP (Medida Provisória) que será aprovada, que previamente já está aprovada, é o Auxílio Emergencial – criado por Bolsonaro – rotulada agora por Lula de Bolsa Família, acrescendo 150 reais por crianças até seis anos de vida. As demais, como a criação de 15 novos Ministérios, pode ser rejeitada e deixar Lula de calças curtas. Presidentes da Petrobras e BNDES, correm o risco de perder suas funções, caso seja derrotada a PEC que modifica a Lei da governança das Estatais, exigindo uma quarentena de três anos para quem exerceu funções políticas, ou é dirigente partidário.
A mudança no Congresso – especialmente na Câmara dos Deputados – é fruto da pressão exercida pela opinião pública. Lula tem mais conforto no Senado, pela longevidade do mandato de seus titulares: oito anos. Na Câmara, são apenas quatro. Na história da democracia, Lula não seria o primeiro presidente a permanecer no cargo de forma figurativa, como o atual Rei da Inglaterra.
Nos Estados Unidos, berço da democracia plena, o presidente Thomas Woodrow Wilson que governou entre 1913 e 1921 – durante toda a primeira guerra mundial – foi imobilizado pelo Congresso, episódio bem mais grave que o provável “congelamento” de Lula. Ambos venderam o que não dispunha na prateleira, ignorando o Parlamento.
Em março de 1918, os alemães começaram a perder seu poder de ataque, pela falta de tropas reservas nas linhas que combatiam os aliados na Europa Central. Lutavam em duas frentes: contra os Russos (Leste) e Italianos, Ingleses e Franceses no ocidente. Os aliados tinham perdido a guerra em 1916, na sanguinária Batalha de “Somme”, quando o grosso das tropas Inglesas colapsaram. A rendição incondicional era questão de dias.
Só a nova potência industrial (USA) os salvaria, enviando tropas, armas; suprimentos/víveres. O Tratado de Balfour – doando o Iraque e demais países sob o domino e influência dos Inglesas no Oriente Médio aos Estados Unidos, trouxe os americanos para combaterem na Europa. A Alemanha não tinha como repor suas perdas, os americanos cobriam – além das baixas dos aliados – a ampliação numericamente milhares de novos combatentes treinados.
Restou ao alto comando Alemão acatar a ideia de um Armistício – cessar fogo – nos moldes do que foi celebrado na frente russa, tratado de Brest Litovski (março de 2018). Porém a condição “sine qua non” era o aval do presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson, como mediador.
Wilson viajou para Paris e garantiu as negociações de “paz em separado” aos alemães, pondo fim as hostilidades no dia 11.11,2018 às 11hs. Convocou realização do Tratado de Versalhes, onde seria discutido sua proposta dos 14 pontos, iniciando-se pela criação da Liga das Nações, doravante, foro de discussões permanentes entre as potências bélicas, para evitar futuras hecatombes em larga escala.
Após os alemães entregarem suas armas e desmobilizarem as tropas, a Câmara dos Representantes (deputados) e o Senado dos Estados Unidos revogaram todos os atos de Wilson. Não ratificaram o acordo de Versalhes, e se recusaram a integrar a Liga das Nações, adotando a política do isolacionismo. Wilson fingiu-se doente, vítima de um AVC. Era fotografado numa cadeira de rodas, mas cumpriu seu mandato até 1921 (?).