Longevidade de Ney não cultivou ingratidão como sofrimento

Publicado em 11 de outubro de 2024

Campina Grande festeja hoje seus 160 anos de emancipação política. A Vila Nova da Rainha – geograficamente incrustada na planície da Borborema – distante de rios, lagos e oceanos, com um solo pobre para desenvolver a agricultura, começou a ser habitada por homens bravos, ricos em sua fé, aguerridos, excêntricos desafiadores dos limites da natureza, pessoas perspicazes, criativas, dotadas de inteligência e resiliência.

Construíram um povoado entre o vasto sertão, e o abundante brejo, com características de entreposto comercial. Era o local ideal para quem queria comprar, vender, trocar (escambo), bens e produtos sem valores do mercado. Campina Grande, tornou-se um centro atrativo da inventividade, habitada por artesãos geniais que perseguiam a prosperidade e desejavam a grandeza de sua terra.

Coincidentemente, hoje também aniversaria, um dos seus filhos ilustres, Ney Robinson Suassuna. Desde jovem, um intrépido desbravador, disposto a provar que a palavra “impossível”, é a justificativa mais fácil e conformista para os “fracos”. Cavou seu espaço em rochas duras, usando suas próprias unhas como ferramenta, e levou o nome de Campina Grande aos cinco continentes do planeta, como empreendedor e Senador da República Federativa do Brasil. Com formação no magistério, Ney tornou-se referência nacional como respeitado “Educador”, no exigente mundo das artes e cultura do país, antiga capital do Brasil, Rio de Janeiro. Instituiu redes de escolas e sistemas educacionais, utilizados no distante Oriente Médio, Estados Unidos, Europa…

Seu espírito altruísta, ao vislumbrar oportunidades nas mais diversas áreas do empreendedorismo, mesmo em plagas tão distantes – com costumes e culturas absolutamente diferentes dos nossos – o encorajava a criar uma caravana de prospectores, para alavancarem seus negócios e desfrutarem da oportunidades de gerar divisas para o Brasil, alimentar uma cadeia produtiva nacional, exportar Know-how e desenvolverem novas tecnologias. Ney por onde andou, deixou a marca “Brasil”, como nação referência, de um país desconhecido da distante América do Sul, perdido num terceiro mundo que almejava posicionar-se economicamente, como “emergente”.

Nunca existiu nada fácil para Ney Suassuna. Tudo sempre foi muito difícil. Até para ajudar, e mudar a medíocre mentalidade política, que sucedeu na Paraíba a geração Rui, Argemiro, José Américo, teve que pagar “pedágio”. Brilhando como estrela de quinta grandeza no cenário político nacional, na Paraíba, seus “patrícios” tentavam desqualificá-lo, posicionando-o num “baixo clero” local. Mas, na hora de abrir a algibeira, os bajuladores enfileirados beijavam sua mão, num rito genuflexório.

Não sabemos se Ney conheceu o ex-ministro José Américo de Almeida. Em sua última entrevista, aos 94 anos, vestido de pijamas em sua casa na praia de Cabo Branco, respondeu uma pergunta feita por um jovem jornalista: qual o segredo da longevidade? Tomou um gole de chá, e respondeu: “não cultivar a ingratidão como sentimento”.

A ingratidão mata. Ney nunca lamentou as agruras sofridas pelas traições e decepções políticas que viveu. Foi alvo da inveja, vítima predileta dos oportunistas e carreiristas de plantão. Ney elegeu Mariz Senador, Ronaldo governador. Assumiu o senado, ocupou a liderança do PMDB, foi Ministro de Estado, viabilizou a duplicação da BR-230, Transposição das Águas do Rio São Francisco, Construção de Acauã, enviou recursos para os 223 municípios do Estado para obras de infraestrutura.

Traído por José Maranhão, abriu mão de sua candidatura ao governo do Estado (imbatível) seria uma aclamação, dando a oportunidade e ajudando Cássio Cunha Lima a chegar ao governo do Estado. Antes, derrotou os Cunha Lima e ressuscitou os Rêgo. Elegeu Ricardo Coutinho em primeiro turno prefeito de João Pessoa. Ricardo foi reeleito e governou o Estado, derrotando José Maranhão. Nunca vimos nenhum registro público de agradecimento a Ney, daqueles que chegaram ao poder por suas mãos. Até o INSA- Instituto do Semiárido, Ney trouxe para Campina Grande, arrancando do Ceará. Se ainda estivesse Senador, na atual restauração da SUDENE, que querem levar a sede para o Ceará, ela seria destinada a Campina Grande. Vida longa a Ney, que não cultiva ingratidão. Pelo contrário, risonho espalhafatoso, quando abordado sobre uma centena de eventos ou infortúnios vividos na vida pública – punhaladas sofridas por aqueles que o cercavam – não esboça mágoa ou rancor. Solta uma grande “gaitada”. Em tempo: ainda tem saúde e energia para voltar.

Fonte: Da Redação (Por Júnior Gurgel)