Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
LIVRO ABERTO ENCONTRADO DO FUNDO DO BAÚ
Publicado em 12 de junho de 2024A operação “Livro Aberto”, amplamente noticiada ontem (11/05/2024), causou perplexidade a população pelo prazo entre a denúncia realizada – delação premiada em 2019 – e o tempo que levou a Justiça para decidir colher provas e constatar veracidade da versão do delator (a). Cinco longos anos!
Outro fato conflitante é a data ou período do ocorrido, ora investigado. Foi antes ou depois da “Operação Calvário”? Se a confissão está no bojo da “Calvário”, por que separaram este trecho, guardaram-no para só agora oportunamente vir à tona? A desculpa justificando “Foro Privilegiado” de alguns dos investigados é incoerente. Branco Dias e Tião Gomes são parlamentares e permanecem com prerrogativa de foro.
Como as investigações estão vinculadas a desvio de recursos públicos, devolução ao erário – único crime imprescritível na Constituição Cidadã – não se questiona a legalidade do ato. Porém, o prazo procrastinatório consumido para retomarem as investigações, necessárias para conclusão deste inquérito, atesta mais uma prova cabal do caos institucional provocado pela “politização da justiça” e “judicialização da política”. O carro não anda com um pé no freio e outro no acelerador.
Quantos amigos tem Ricardo Coutinho e João Azevedo? A Justiça age quando provocada. Este evento que “requenta” a “Operação Calvário” exala odor de traição, com o dedo de “amigos”, não de inimigos. O período é sensível – pré-campanha – e o material a ser explorado, doravante, pela mídia e redes sociais, tem como objetivo expor vulnerabilidades e engessar os supostos envolvidos.
Recentemente, questionaram a inelegibilidade do prefeito Cícero Lucena. Em seguida, Ruy Carneiro. A guerra que divide o PT/PB é semelhante a reação suicida de caranguejos dentro de uma bacia: nenhum deixa o outro subir as bordas do recipiente. Juntam-se e o puxam para baixo, aquele que tenta escapar. Ou todos saem ao mesmo tempo juntos ou esperam seu destino reservado à panela que os cozerá.
Os recentes abusos e intromissões – entre poderes – nos últimos dias na Paraíba alcançaram também a ALPB. Pedido para instalação de uma CPI, para investigar o que já está sendo feito pelo GAECO, na operação “Indignus” – suspeição de desvios praticados por um “vigarista”, travestido de Vigário – então diretor do Hospital Padre Zé, foi negado e arquivado pela Mesa Diretora dos Trabalhos. Insatisfeitos, os opositores foram à Justiça, que determinou o prazo de três dias para instalar a CPI. Atropelaram as prerrogativas constitucionais do Poder Legislativo?
O que acrescentará o parlamento nas investigações? Nada. Não tem poder de polícia, não dispõe de peritos em seus quadros, e nem foram eleitos para exercerem funções policiais. Como o processo corre em segredo de justiça, talvez o objetivo seja expor supostos envolvidos ao júri popular da internet, foro onde serão imediatamente condenados, ignorando seus direitos de defesa.