Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
LEILÃO SEM LANCES
Publicado em 23 de julho de 2024No último final de semana um grupo de lideranças pró candidatura do ex-prefeito Romero Rodrigues – num encontro surpresa – realizou talvez a última investida na tentativa de arrancar do soturno deputado federal palavras que sinalizassem sua intenção em disputar o pleito de outubro próximo, enfrentando Bruno, candidato que ele escolheu e o apoiou como seu sucessor, há quatro anos.
Romero escutou com paciência todos os reclamos, mas ainda não foi desta vez que se curvou aos argumentos expostos. A “cantata” é a mesma, repetidamente ouvida pelas mais diversas vozes, entoadas a partir dos tenores do Palácio da Redenção. Os barítonos do encontro – mesmo afinados – não emocionaram o ex-prefeito.
A candidatura de Romero jamais poderá ser considerada como uma postulação de oposição. É o “racha” de um grupo, evento que não interessa nem a Romero, muito menos a Bruno. Por outro lado, é uma oportunidade ímpar para muitos, dentre os quais vereadores com mandato que irão concorrer à reeleição. Se conseguissem emplacar a dissidência, abria-se o “leilão”. Vence a maior oferta, na reta final da campanha.
Quem mais ganharia com a decisão de Romero enfrentar Bruno seria seu companheiro de partido – e primeiro suplente – Leonardo Gadelha. Romero vencendo, teria dois anos na titularidade do mandato de deputado federal. Entretanto, é o primeiro a clamar pela pacificação, e aconselha Romero a tapar os ouvidos, amarrar-se ao mastro do barco e não se deixar levar pelo “canto da sereia”, que o afogará.
Se nesta reunião, todos que posaram na foto tivessem ido oferecer a Romero dinheiro para enfrentar os altos custos da eleição, e se comprometessem a saírem fazendo “vaquinhas”, bingos, sorteios, quotas, e até empréstimos bancários pessoais – dando como garantia seus imóveis – tudo só para vê-lo novamente prefeito, Romero se moveria. Mas, ao olhar para todos, ele sabe quanto cada um já lhes custou num passado bem recente. A pressão sofrida (paradoxalmente) a partir dos mais abnegados, com ameaças (chantagens) de desistência, ciumeira no bloco, ansiedade por mais dinheiro, prazos inadiáveis… É um quadro de terror, que só conhece quem já viveu esta experiência. Não se consegue esquecer facilmente. Os valores gastos na campanha de 2020 ainda estão na memória de Bruno e Romero.
Ainda não vi um candidato a vereador recusar um voto cruzado. Se Romero e Bruno se enfrentassem, um candidato a vereador de qualquer um dos dois, ao pedir um voto, o eleitor fizesse a opção clara, só por ele, e afirmasse que votaria contra seu candidato a prefeito, duvido que ele rejeitasse este sufrágio.
Romero não sendo candidato, não haverá leilão. Sem lances, os “veteranos” da Casa Félix Araújo – insurgentes contra Bruno e estimuladores do projeto Romero – se ainda pretenderem permanecer em seus assentos terão que gastar uma fábula. Desta vez, de seus próprios bolsos.