

Emir Gurjão
Pós graduado em Engenharia Nuclear; ex-professor da Universidade Federal de Campina Grande; Secretário de Ciências, Tecnologia e inovação de Campina Grande; ex-secretário adjunto da Representação do Governo da Paraíba, em Campina Grande; ex-conselheiro de Educação do Estado da Paraíba.
Jornalista ou IA: quem manipula mais?
Publicado em 4 de maio de 2025Por que confiar cegamente em comentaristas pode ser mais perigoso do que ouvir a inteligência artificial O jornalista estrela e a ilusão da autoridade: por que a IA pode ser menos perigosa do que certos comentaristas
Vivemos com novas formas de inteligência e influência: o jornalista e a inteligência artificial, que cresce silenciosamente, mas com impacto cada vez mais decisivo.
Por décadas, o jornalista de opinião foi visto como farol da sociedade. Com microfone em mãos ou colunas nos jornais, ditando tendências, interpretando fatos, moldando narrativas e “traduzindo” a realidade para seu público fiel. Porém, à medida que se torna uma referência diária — quase um oráculo para seus ouvintes e leitores —, esse jornalista deixa de ser apenas um analista e passa a ocupar um papel de influência desproporcional. Não raro, sem ser confrontado, sem autocorreção e, muitas vezes, blindado por uma audiência que o segue mais pela paixão ideológica do que pelo senso crítico.
Os jornalistas assumiram o lugar da verdade, sem reconhecer seus próprios vieses. Alimentam bolhas, distorcem dados, repetem mantras e transformam análise em militância disfarçada. O tom seguro, a fala pausada e a aura de credibilidade escondem o fato de que, no fundo, ele é apenas mais um humano tentando interpretar um mundo complexo — com as mesmas limitações, paixões e preconceitos que qualquer outro.
E aí entra a comparação com a inteligência artificial. Sim, ela é alienígena no sentido de não ter corpo, emoções ou senso moral. Mas também não tem ego, vaidade, ambição política ou contratos publicitários. Uma IA não vai “passar pano” para um aliado, nem distorcer um dado para agradar sua bolha. Ela pode errar — e muito —, mas seus erros são mais facilmente auditáveis do que as manipulações sutis de um comentarista renomado.
A IA nos aprisionar em casulos de informação. Mas sejamos honestos: muitos já vivem nesses casulos há anos, alimentados diariamente por jornalistas que só repetem aquilo que seus públicos querem ouvir. E, ao contrário da IA, esses jornalistas não têm sequer a transparência de admitir seus filtros — escondem sua parcialidade atrás da capa da “experiência” ou da “leitura dos bastidores”.
Há quem diga que confiar em máquinas é perigoso. Concordo. Mas confiar cegamente em seres humanos que se acham infalíveis, que resistem ao contraditório e que mantêm seus seguidores em constante estado de guerra emocional é, talvez, ainda mais arriscado.
Não devemos abandonar a inteligência humana nem a artificial, mas tratar ambas com o mesmo grau de ceticismo. Precisamos menos de vozes autoritárias que explicam o mundo de cima para baixo, e mais de ferramentas — como a IA — que nos ajudem a enxergar a complexidade e a sair da dependência intelectual de figuras que se alimentam da nossa fé e de nosso medo.
A verdade não está na eloquência de um apresentador, nem na frieza de um algoritmo. Está na nossa capacidade de pensar por conta própria — e isso, nem o jornalista nem a IA podem fazer por nós. Escrito por Emir Candeia Gurjão, as 05:48 horas do dia 04 de maio de 2025, dia jogo entre o Famoso Galo da Borborema -Treze e o Dinossauro do sertão – Sousa ou soiza como diria o antigo comentarista esportivo