Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

JOÃO AZEVEDO TRAVOU A OPOSIÇÃO EM CAMPINA GRANDE

Publicado em 1 de maio de 2024

Indiscutivelmente, o governador João Azevedo hoje é a maior liderança política do Estado. Ninguém sabe como ele (pessoalmente) distingue sua invejável posição. Se através do singelo e realista discernimento, reconhecendo que é fruto de uma conjuntura (agregadora) que o escolheu, seguiu, protegeu e o projetou – via exército parlamentar – ou, como “narcíso”, prefere enxergar apenas o “espelho”.

Uma liderança individual, carismática (messiânica), é aquela que cria uma linha direta de comunicação com o povo. E se “cristaliza” através do seu poder de transferência de votos. Após a transição de 1978, com a eleição indireta do ex-presidente Figueiredo – saída voluntária dos militares do Poder – a redemocratização foi estabelecida, tendo como marco sua sucessão a partir de 1985. Elegeram-se (ainda indiretamente) dois civis: Tancredo Neves (presidente) e José Sarney (vice). Desde então (39 anos) na Paraíba só Burity, Ronaldo Cunha Lima e Ricardo Coutinho transferiram votos e elegeram seus sucessores. Burity em 1982 (Wilson Braga), um senador, cinco deputados federais, dentre os quais, ele próprio. Retornou ao governo em 1986. Com seu apoio (1990) o vitorioso foi Ronaldo Cunha Lima, se elegendo no segundo turno. Perdeu o primeiro com 36 mil votos. No segundo, Burity e seu candidato, João Agripino Neto meteram 172.536 mil votos de maioria sobre Wilson Braga. Recorde (proporcionalmente) que permanece até hoje.

O último a “surfar” nesta onda foi o ex-governador Ricardo Coutinho. Elegeu-se, reelegeu-se, e pôs um técnico (João Azevedo) como seu sucessor (2018). Destroçou as duas maiores lideranças do Estado (Cássio e Maranhão), lhes impondo duas derrotas, para Governo e Senado, por duas vezes. Nocauteados, “beijaram a lona”.

Ronaldo elegeu e reelegeu Cícero Lucena prefeito da Capital. E em Campina Grande durante 22 anos “patrolou” todos os seus adversários nas disputas municipais. Restam apenas seis meses para o pleito de outubro próximo, e o governador João Azevedo ainda não tem um candidato garimpando apoios e votos em Campina Grande? Duas pesquisas mostraram índices de aprovação de sua gestão na cidade. Uma com 57%, outra com 63%. Há cerca de três meses, “apontou” o médico Johnny Bezerra como nome de sua simpatia. Daniella Ribeiro, sua aliada e mãe do seu vice-governador, mencionou o nome da secretária Rosália Lucas, como candidata do PSD. Mas, silenciaram. Jhonny, mesmo só, ainda se “mexe”. Rosália aguarda Daniella para lançá-la.

Campanha política é um projeto que parte do “zero” – a exemplo do próprio João Azevedo – e leva tempo, determinação, trabalho árduo, com respaldo financeiro e/ou poder de caneta. Esperar um “racha” no Clã Cunha Lima, para apoiar Romero? É um erro crasso. Os adversários de Romero (esquerdas moderadas e radicais) são os mesmos de ontem, hoje e sempre. Representam algo em torno de 15 ou 20 mil votos, que só estão com João porque ele é anti-Cunha Lima. Se juntarem-se, a debandada é inevitável. Improviso, é uma arte seleta e brilhante. Mas, nunca funcionou no mundo político, nem em eleições. No meio artístico é domínio exclusivo de “violeiros” e “emboladores de coco”.