Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

JOÃO AZEVEDO QUER VENCER A GUERRA NA TRINCHEIRA 

Publicado em 25 de agosto de 2022

Como campanhas políticas tem semelhanças inconfundíveis com táticas de guerra, não há registro na história de vencedores que usaram a trincheira como manobra para derrotar o inimigo. Ousadia, destemor e coragem são ingredientes que, aliados à criatividade e velocidade de ataques, levam forças imbatíveis à ruina.

Até maio último (2022) o governador João Azevedo recrutou o maior exército para a batalha que tem hora e data marcada (02 de outubro de 2022), quando disputará sua reeleição. Foram cerca de 170 prefeitos, mais de 26 deputados estaduais; Presidente da ALPB; sete deputados federais; prefeito da Capital – maior colégio eleitoral do Estado – vice-prefeito de Campina Grande e uma Senadora da República (Daniella Ribeiro). O movimento, num primeiro momento, acuou seus adversários. Fazendo uma analogia histórica, o medo foi semelhante ao vivido pelos alemães, quando Inglaterra e França declararam guerra contra o Terceiro Reich, em represália à invasão da Polônia (setembro de 1939).

Continuando nesta linha da analogia histórica, a Inglaterra enviou um milhão de soldados para se juntarem ao Exército Francês – maior do mundo até então – treinado e equipado. Assustados, os alemães esperaram ofensiva esmagadora. Entretanto, os aliados começaram a reforçar e construir trincheiras, além da já intransponível Linha Maginot (*)

João Azevedo deixa transparecer que está agindo como os aliados no primeiro momento da segunda guerra. Desde o instante que decidiu disputar a reeleição, criou um “Estado de Guerra”. Hoje, se indaga: convocou tropas para ficarem nas trincheiras? Com o maior exército em suas mãos e disponível desde maio, era para ter esmagado no primeiro momento os levantes do PSDB, MDB/PT e PL. Mas, o Comandante em Chefe de sua campanha, marechal de campo Ronaldo Guerra, subestimou o destemor de seus inimigos.

Duas pesquisas de intenção de voto foram divulgadas na última terça-feira (23.08.2022) mostrando números que apontam um enfrentamento em segundo turno. As tropas “Palacianas”, inquietas, estão na trincheira temendo o pior: um ataque devastador, que fure suas linhas de defesa. Desconcertado, o “Estado Maior” de João Azevedo agora tem dificuldades de identificar o alvo, ou principal Exército a ser combatido.

Neste interregno, o inimigo se dividiu em três frentes (PL, PSBD, MDB/PT) e iniciou uma ofensiva, atacando impiedosamente os flancos das tropas governistas. Se não sair da trincheira, será cercado e cairá num “Kassel”, como ingleses e franceses, quando os alemães em apenas três semanas furaram a Linha Maginot, cortaram ao meio as tropas aliadas, empurraram parte para o norte – Porto de Dunquerque os Ingleses – e o restante, o grosso da Infantaria Francesa, para o sul. Os efeitos do “elemento surpresa” provocaram uma catastrófica deserção em massa, ao ponto de abandonarem até Paris.

Mais de dois milhões de solados perderam a guerra sem dispararem um único tiro. Ficaram presos nas trincheiras da Linha Maginot, sem apoio e suprimentos. Os dois maiores exércitos do mundo sucumbiram em vinte dias. A pergunta é, até quando João Azevedo manterá nas trincheiras os exércitos do PSB, PP; PV; Rede; PCdoB; Podemos; Avante; Solidariedade; PMN e Agir 36 além do potente Republicanos? A falta de unidade e de um plano de ataque, pode começar a provocar deserções. Se não agir em tempo hábil, entrará em vigor a lei natural da sobrevivência: “cada um por si, e Deus por todos”.

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*Linha Maginot – Um paredão de concreto com altura de um edifício de três andares, extensão de 200 kms. Dentro, um túnel que movimentava tropas, veículos e armas, abastecendo 108 grandes fortes subterrâneos a cada 15 km. 410 casamata para Infantaria; 150 torres móveis com canhões de longo alcance; 1.536 cúpulas fixas com canhões e ninhos de metralhadoras. Edificada entre a fronteira Suíça, até a intransponível Floresta na região montanhosa das Ardenas na Bélgica. Desafiando o impossível, os alemães atravessaram suas tropas exatamente nas Ardenas, difícil até para locomoção humana.