

Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
JOÃO AZEVEDO E SUA INUSITADA ARTE DE FAZER POLÍTICA
Publicado em 27 de fevereiro de 2025Em declarações à mídia campinense ontem (26/04/2025), o governador João Azevedo repetiu sua tese (inovadora) desmudando a arte milenar de “como se fazer política”. Abordado sobre o processo sucessório (2026) voltou a repetir que “não existe matemática em política, existe conversa e diálogo”. Deve estar confundindo disputa eleitoral com diplomacia, onde triunfa a resistência do enfadonho diálogo. Na maioria das vezes o opositor é vencido, não pelos argumentos, mas pelo cansaço. João Azevedo é bem avaliado como um bom gestor (técnico). Entretanto, politicamente, continua claudicando como um neófito, ou amador. Nada aprendeu nos seus dois mandatos?
O saudoso Severino Cabral (Seu Cabral) um mito da história política de Campina Grande – líder popular da Rainha da Borborema entre 1947 e 1968 – pensava inversamente. “Na matemática política, só se usa duas das quatro operações: somar e multiplicar”. Somando e multiplicando, Seu Cabral governou duas vezes a “Capital do Trabalho” e elegeu Milton (seu filho) deputado federal, senador da república, derrotou duas vezes o ex-senador Argemiro de Figueiredo e o banqueiro Newton Rique.
Alguém tem que alertar João Azevedo para esta realidade insofismável. Nesta excêntrica linha de raciocínio – trechos da entrevista postada no blog de Anderson Soares – João tropeçou em suas próprias palavras. “O foco é a continuidade do nosso trabalho no Estado. Não quero um candidato, quero eleger um governador”. Neste caso, subtende-se que seu projeto de disputar uma das duas vagas para o Senado Federal não está consolidado. Para que tenha capacidade de eleger um governador para chamar de seu, tem que permanecer na cadeira, com poder de caneta.
Advertiu que “cada liderança precisa reconhecer suas limitações” (?). Não existem limites para sonhar. Todo político é sonhador, e às vezes como louco ou delirante. Foi pensando deste modo que José Maranhão perdeu a reeleição para o padrinho político de João Azevedo, o então prefeito da Capital Ricardo Coutinho. Talvez, poucos recordam do episódio da TV Correio, quando Maranhão – não sabendo que estava no ar – respondeu após um sorriso irônico comentário de um de seus entrevistadores sobre a candidatura de Ricardo Coutinho: “eu tenho até pena!”. Quase foi derrotado no primeiro turno. No segundo, a maioria de Ricardo Coutinho, além de acachapante, foi humilhante para um líder político que estava pela terceira vez à frente dos destinos da Paraíba, no Palácio da Redenção e com a caneta na mão.
A história política é repleta de exemplos, onde os “nanicos” David derrotam gigantes Golias. Jânio quadros, Collor de Mello, Jair Bolsonaro, no plano nacional.
Na “pequenina”, registram-se as imprevistas vitórias de Ronaldo Cunha Lima, Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho. Sem grandes estruturas, tudo que tinham eram seus próprios sonhos. Acreditaram neles, se agigantaram e contagiaram o povão. Provocaram o “efeito manada” e saíram triunfantes das disputas, derrotando os invencíveis.