Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
JOÃO AZEVEDO CONTINUA EM CAMPANHA
Publicado em 3 de setembro de 2023Encontramos ontem em Campina Grande, o veterano deputado federal Wilson Santiago, com quem tomamos um café “adoçado” com política, momento oportuno para tentarmos mapear os destinos do Republicanos e do governador João Azevedo, com vistas às eleições de 2026.
Tem surpreendido a todos, o ritmo alucinante de João Azevedo – ainda em campanha – mesmo depois de reeleito. Diariamente, todos os blogs e Portais de Notícia, mostram o governador inaugurando obras, assinando convênios, expandindo sua base partidária – alcançando 75 municípios – participando de eventos que vão da construção do seu orçamento participativo, até “batizados” ou “extrema unções”. Basta convidá-lo, e sem rodeios, ele marca presença. “Quem não é visto, não é lembrado”.
Cuidadoso com as palavras, Wilson Santiago nos respondeu algumas indagações sobre o pleito de 2026. Na sua visão, os dois Senadores eleitos serão João Azevedo e Hugo Mota. Admite um recuo de Daniella, que poderá abdicar de concorrer, em nome de um sonho: o orgulho de ver seu filho (vice-governador) assumir os destinos da Paraíba. Misteriosamente Santiago não arriscou prognosticar se Lucas Ribeiro seria candidato à reeleição no cargo. Ficou subentendido, que a prioridade da aliança João Azevedo, Republicanos e União Brasil, será a representação do Estado no Congresso Nacional.
Sobre o quadro nacional, Santiago acredita no pragmatismo de Lula. Ele o conhece, e até já o salvou, no seu primeiro mandato, por ocasião do “Mensalão”. Wilson Santiago era o líder do PMDB, com 81 deputados. Severino Cavalcanti, então presidente da Câmara, havia perdido o controle da Casa, após ser acuado por Fernando Gabeira, que havia denunciado o “Mensalinho”. Na reunião de líderes (quinze) empatado em 7 x7, coube a Santiago o voto de desempate, evitando a Mesa Diretora acatar pedido de admissibilidade do processo de impeachment. Santiago justificou na época, a inexistência de evidências comprometedoras do presidente, nas ações de Zé Dirceu.
Lula havia desembarcado em Sergipe. Na lapela um broche de Nossa Senhora da Aparecida – punho envolto com um terço – e na mão o crucifixo. Nesta viagem marcante, acompanhada e documentada por jornalistas da grande mídia nacional, Lula havia chorado no avião presidencial, e repetido várias vezes, a frase que o país talvez já tenha esquecido: “não vi, não ouvi, não sei de nada que aconteceu”. Ligaram de Brasília e relataram o resultado da decisão do Colégio de Líderes, destacando a surpresa do voto decisivo de Wilson Santiago. Imediatamente Lula ligou para o deputado paraibano, agradeceu, e pediu que fosse ao Palácio dia seguinte.
Em Palácio, Lula abordou Santiago sem circunlóquios: “o que faço para o PMDB me apoiar até o final do governo?” Prontamente Santiago respondeu, “dois Ministérios: Saúde e Minas e Energia. Mas, preciso reunir todos, sei que cobrarão mais espaço”. Traga os nomes – cobrou Lula – mandarei publicar amanhã no Diário Oficial. Santiago procurou Sarney, e entregou o destino de Lula ao velho Cacique, que deu conta do recado. Prometeu apoiá-lo – inclusive em sua reeleição – e deixá-lo em casa em 01 de Janeiro de 2011. Assim o fez. Wilson passou a ser respeitado e admirado por Sarney, que o pôs (2011) como vice-presidente do Senado, e por 70 dias esteve como presidente do Congresso, ocasião que o STF estava julgando ação de Cássio Cunha Lima, cobrando do TRE-PB, contagem dos seus votos e sua diplomação.
As circunstâncias do momento não são as mesmas de 2004. Porém, se a pressão subir, Lula repetirá, sem constrangimento, o gesto de outrora. Quanto às andanças de João Azevedo, está correta a avaliação do ex-deputado estadual Robson Dutra. A eleição de 2022, desmistificou em definitivo, a suposta importância de Campina Grande, como decisiva para eleger um governador. João perdeu na Rainha da Borborema e na Capital com mais de 150 mil votos. O pleito foi decidido nos pequenos municípios, ou “bases sólidas”, prontamente assistidas, ora pelo governador, deputados estaduais e federais.