Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Insensibilidade esportiva
Publicado em 14 de dezembro de 2022A experiência nos faz ficar calejados, de couro grosso, insensíveis, talvez. No futebol, alegro-me com as vitórias e não sofro com as derrotas. Tem sido assim com o avançar dos anos, e não foi diferente diante da eliminação brasileira na Copa do Mundo pela Croácia, nas cobranças de pênaltis.
Fui torcedor desses de fazer promessas para o meu time ganhar, embora o motivo da promessa fosse outra paixão, e hoje continuo encarando o futebol como um meio de diversão, mas com visão dupla ou talvez múltipla do jogo. Na derrota, procuro enxergar os erros da minha equipe e vislumbrar as virtudes adversárias.
Mesmo nos tempos das promessas, nunca deixei a paixão superar a razão. Se o adversário ganha, mesmo na casualidade de um placar injusto, teve alguma virtude, ou o nosso time passou um raro momento de incompetência numa falha isolada que comprometeu todo trabalho.
No futebol, como em tudo na vida, há sempre uma chance de superação, de recuperação. Perde-se hoje, pode-se ganhar amanhã, um título perdido numa temporada pode ser recuperado na competição seguinte. O fato é que o nosso selecionado está se habituando a desperdiçar a chance – cinco oportunidades – de conquistar o hexa e banalizando o fracasso verde e amarelo em Copas.
Às vezes me pego refletindo sobre essa naturalidade, essa frieza de encarar os fracassos no futebol. “Meu Deus, será que sou tão insensível assim?”, acabo perguntando a mim mesmo.
Pelo menos neste momento que vivencio o luto filial, encontro uma resposta temporária para essa insensibilidade esportiva. Você deve concordar que quem perde um filho chega aos píncaros da dor, do sofrimento. Não desce à planície gramada do futebol para chorar uma derrota.
“O BRASL ESTÁ TITE”
Apesar dessa insensibilidade esportiva, concordo com aquela criança que nem falar direito sabe ainda e, mesmo sem noção das coisas, olha para o pai e diz: o Basil tá Tite. E indignado, acrescento, com a reação do treinador em dar as costas aos jogadores e se dirigir ao vestiário após consumada a desclassificação.
NA DANCINHA, DANÇOU
A comemoração de gols com dancinhas pelos jogadores da Seleção Brasileira provocou a ira de alguns adversários, que classificou o gesto como desrespeito e soberba, provocação até. Eu mesmo não sei dançar, mas acho bonito quem dança bem. Ruim foi dançar na classificação.