Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
INÍCIO DA TEMPESTADE
Publicado em 14 de dezembro de 2022A Bolsa de Valores de São Paulo, primeira a conquistar no período pós-pandemia a confiança dos investidores de todos os continentes, alcançou 119 mil pontos até 30/11/2022. Infelizmente, começou a despencar desde o primeiro dia útil após o segundo turno da eleição presidencial. Ontem (13.12.2022) em mais um “mergulho”, submergiu na profundidade de risco, atingindo 103 mil pontos, registrando perda no seu valor de mercado na ordem de 700 bilhões de reais. Os investidores (nacionais e internacionais) estão em rota de fuga, por não confiarem no governo diplomado em 12.12.2022, que se prepara para posse no próximo 01.01.2023.
As principais ações negociadas na BOVESPA são das empresas estatais, como Petrobras e Bancos, exportadoras de commodities do agronegócio, mineração, além dos cinco principais bancos privados do País. Só a Petrobras, perdeu até ontem 184 bilhões do seu valor, com a venda desenfreada de suas ações, desvalorizando seu preço a cada dia. A tragédia deve continuar após a Câmara dos Deputados, ontem (na calada da noite), atendendo pedido de Lula, revogar a “Lei das Estatais” que proibia a nomeação para cargos dirigentes de políticos ou indicados. “O gato escaldado tem medo de água fria”. Com certeza teremos novos Paulo Roberto Costa, Renato Duque… O indicado para presidi-la é um Senador em fim de mandato, Jean Paul Prates do PT-RN.
O leitor deve questionar os motivos destes movimentos bruscos, e a resposta é simples: só não está pior e mais grave, porque Bolsonaro concedeu a independência do Banco Central. Lula, atropelando a ordem dos acontecimentos, pediu – e foi atendido pelo perdulário Congresso Nacional – uma Emenda à Constituição, criando um déficit antes de tomar posse, colossal valor de 200 bilhões de reais. Trocando em miúdos, a analogia é de um trabalhador, que tem suas despesas comprometidas com o seu salário, e faz um empréstimo que está acima do que percebe. É a PEC “fura teto”.
Indicou para o Ministério da Fazenda um advogado (Fernando Haddad) que de economia só entende a administração de seus proventos. Tem origem no “peleguismo”, com “doutorado” no corporativismo dos meios acadêmicos, ocupados pelas esquerdas retrógradas, que ainda choram pelo fim do Stalinismo da extinta União Soviética. Promete “reinventar a roda”, criando um novo modelo de política fiscal (?). Para o BNDES, Aloizio Mercadante, um decoreba de conceitos econômicos, que conhece tanto do setor bancário quanto os antigos “escriturários”, função abolida pela informática.
Quem se aventura a investir no Brasil? A dívida pública, estourada na primeira versão da era petista, hoje compromete 79% do PIB, acarretando no pagamento de juros correspondentes a 40% de toda a arrecadação de impostos do País, que tem uma das maiores cargas tributárias do planeta. FHC deixou 197 bilhões. Quando Lula passou o governo para Dilma, a herança foi de 2,8 trilhões. Os títulos da dívida pública do Brasil não atrairão o grande capital transnacional, que financia países emergentes, com empréstimos de longo prazo.
Se decidirem imprimir moeda, o Banco Central eleva a taxa de juros em níveis incompatíveis com a produção (setor primário), inviabilizando o secundário e terciário. Teremos a volta da inflação, que refletirá no desemprego em massa, quebrando a classe média, e o povo pegando a fila dos programas sociais. Este foi sempre o roteiro ou script de todos os governos de esquerda, criados há um século pela Rússia (1921) com o fim da revolução civil mais sangrenta da história. Sem classe média não existe consumo, desaparecem os empregos, cai a arrecadação de impostos e se instala a recessão.