Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

IMPORTANDO JHONY

Publicado em 11 de novembro de 2023

Os estrategistas políticos – conselheiros do governador João Azevedo – estão cometendo um grave erro de avaliação, superestimando a liderança do atual inquilino do Palácio da Redenção e subestimando a importância de Campina Grande, importando e impondo o cearense Jhony Bezerra como candidato “improvisado” a prefeito da Rainha da Borborema. A cidade é acolhedora, porém “seletiva” e exigente no momento de escolher seus representantes políticos.

Abominamos completamente o argumento de “xenofobia”, usado pela mídia palaciana, para rebater um comentário do prefeito Bruno Cunha Lima, cujos ancestrais (paternos e maternos) vieram de outras plagas, aqui se estabeleceram e ajudaram a construir sua grandeza. São fatos históricos, ignorados pela mídia palaciana, inspirada no comportamento “cosmopolita” hiperativo da Capital, “ventre estéril”. Ao longo do século XX e XXI, fecundou uma única liderança, ex-governador Ricardo Coutinho, posteriormente desterrado pelos seus próprios concidadãos.

Após a redemocratização de 1945, queda do ditador Getúlio Vargas, o primeiro embate eleitoral (1947) nas eleições municipais, dois “forasteiros” disputaram a Prefeitura de Campina Grande. O Major Veneziano Vital do Rêgo (Limoeiro PE), cunhado do ex-interventor e Senador Argemiro de Figueiredo, e o médico Elpídio de Almeida (Areia-PB), apoiado por Seu Cabral, líder político e econômico da cidade, nascido em Umbuzeiro-PB. Venceu o médico Elpídio. O Major Veneziano foi o mais votado na cidade. Elpídio, na zona rural, que tinha mais eleitores que a sede do município.

O resultado do pleito foi o maior baque sofrido pelo saudoso Argemiro Figueiredo. Segundo o inigualável memorialista de campanhas na Paraíba, médico Alfredo Lucas, no ano anterior Argemiro tinha elegido dois Senadores e sete, dos dez deputados federais Constituintes. Entretanto, errou ao impor sua vontade pessoal. Não digeriu a derrota. Em 1951, licenciou-se do Senado e veio disputar como candidato à PMCG, para derrotar outro “forasteiro” de Pombal-PB, Promotor de Justiça Plínio Lemos, apoiado por Cabral e Elpídio de Almeida. Foi achatado pelas urnas.

O amigo Arthur Almeida (Bolinha), crítico ferrenho das “familiaridades” políticas de Campina Grande, se revolta e combate o conservadorismo da cidade, que paradoxalmente é um oásis – centro de referência do empreendedorismo estilo sulista na região – porém, politicamente presa ao atavismo dos Clãs desde 1930.

O governador João Azevedo – sombra de Ricardo Coutinho – depois seu sucessor, teve tempo suficiente para criar e instrumentalizar uma liderança em Campina Grande capaz de enfrentar os Clãs, ou um dos Clã. Preocupado com a orla, que lhes impôs uma derrota acachapante na sua reeleição, esqueceu o Planalto da Borborema. Por que não ouviu Adriano Galdino, Murilo, conhecedores da geografia política da cidade, onde são votados e representam seus interesses? Bastava “turbina-los”, com “poder de caneta”.

Optando pelo clã Ribeiro, João Azevedo jamais previu a união dos Rêgo com os Cunha Lima. Enxergou apenas o momento, e esqueceu seu status de “Cristão novo” no meio. Os Clãs têm um único objetivo: defenestrá-lo da política e ocupar sua posição.

A ideia de transformar Jhony num outsider, é um equívoco brutal. O Secretário de Saúde, domina temas de sua área. O perfil do outsider é o oposto de Jhony. Outsiders são figuras excêntricas, revolucionárias, contra tudo e contra todos, independentes e influenciadores da rebeldia. Estouvados, movidos pela imprudência, com postura e discursos anarquistas, que atrai multidões. Jhony não tem esta performance. Se a intenção foi atrair Romero Rodrigues, e “rachar” sua família, João tem memória curta. Romero já o negou, por não confiar nos seus “mentores”. Jhony é, e será sempre bem-vindo a Campina Grande. Mas, observe como a comunidade o aceita: Médico.