Imersão em Israel: país transforma pesquisa avançada em mina de patentes
Publicado em 16 de junho de 2022Prédio no Instituto Weizmann de Ciência, em Rehovot
Um país de apenas 74 anos, mas muito à frente das principais economias do mundo quando o assunto é ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Com um território reduzido, extremamente árido e localizado próximo a países com quem tem relações pouco amistosas, Israel apostou todas as suas fichas em meios para garantir sua sobrevivência como nação. Investiu fortemente em defesa e pesquisas tecnológicas que o levaram a despontar em soluções para segurança, saúde e mobilidade. Essa realidade resolveu os problemas internos e fez do país um exportador de soluções e produtos tecnológicos.
Israel investe 4,93% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento (P&D), sendo o país que mais destina recursos proporcionalmente para esta finalidade. Para efeito de comparação, o Brasil investe apenas 1,17% do PIB e os países da OCDE, 2,48%. O resultado dessa política de Estado é que Israel conseguiu transformar a sua estrutura de pesquisa em uma mina de patentes, resolveu uma série de problemas internos e se tornou um dos maiores exportadores de tecnologia do planeta.
“Em Israel, a mentalidade da população é o que fazer para resolver os maiores problemas do mundo. Desde a criação do país, a superioridade militar constante e garantida foi uma prioridade para sobrevivermos nesse lugar do Oriente Médio onde não fomos convidados”, destacou o sócio do grupo Maverick Ventures, Michel Abadi.
Brasileiro, ele vive há duas décadas em Israel, onde já investiu em 29 empresas. Atualmente, vive de buscar oportunidades de investimentos em negócios voltados para a agenda de CT&I.
Israel é o destino da 25ª edição do Programa de Imersões em Ecossistemas de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Iniciada no domingo (12), a missão vai passar por quatro cidades israelenses até quinta-feira (16). Um dos locais visitados, o Weizmann Institute of Science é uma das lideranças mundiais entre as instituições de pesquisa básica em STEM (science, technology, engineering and mathematics) e se destaca por ter mais de 250 patentes obtidas a partir de pesquisas em diversas áreas da ciência.
Localizado na cidade de Rehovot e com mais de 4 mil pesquisadores e estudantes, o Weizmann tem uma longa história de investigação e descoberta, baseada em sua missão de avançar a ciência para o benefício da humanidade. Universidade que se destaca pela cultura empreendedora e considerado um dos principais institutos de pesquisa multidisciplinar do planeta, o Weizmann se mantém e financia uma infinidade de novas pesquisas a partir de royalties recebidos por suas descobertas em áreas diversas, como a medicina, defesa e sustentabilidade. O carro-chefe são medicamentos desenvolvidos para o combate a diferentes tipos de doenças.
Hospital 100% digital
O maior hospital do Oriente Médio e um dos poucos 100% digitais no planeta, o Sheba Medical Center também chama a atenção por se capitalizar por meio da propriedade intelectual. Considerado um dos 10 principais hospitais do mundo, o Sheba mantém um elevado volume de investimentos em pesquisas feitas a partir de royalties recebidos.
Entre outras criações do hospital estão equipamentos para cirurgias de precisão e para reabilitação de pacientes, a partir da inteligência artificial (IA). A unidade, que se tornou 100% digital – ao abrir mão do uso papel em 2004 –, tem quatro pilares como guias para colaborar com avanços globais na área de medicina: saúde digital, inovação aberta, colaborações internacionais e infraestrutura de inovação.
“Queremos fazer as pessoas entenderem que os cuidados com a saúde podem ser um motor do desenvolvimento econômico. Não pode ser entendido como custo, mas como investimento”, afirma Yatshak Kreiss, diretor-geral Sheba Medical Center.
“A gente tentou abrir os portões e aproveitar os nossos conhecimentos com inovação aberta e aproveitando o potencial de startups para buscar soluções para a pandemia de Covid-19. Construímos relatórios de inteligência para os médicos e apostamos em tecnologias”, acrescentou Kreiss.
O diretor-geral observou ainda que o Sheba foi o único hospital de bandeira estrangeira a atuar na Ucrânia, neste período de guerra. Foram sete semanas atendendo refugiados e vítimas dos conflitos. “Depois da primeira onda de Covid-19 compreendemos que o mundo mudou e que a telemedicina é cada vez mais importante”, enfatizou.
Alguns exemplos de invenções de Israel que geraram patentes e recursos para o país são o Stent cardíaco, criado em 1992, e o pen drive, desenvolvido em 1999. Dezenas de criações israelenses estão expostas no Instituto Peres de Paz e Inovação, fundado para homenagear o ex-presidente e ex-primeiro-ministro de Israel Shimon Peres, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1994.
Diretor-geral Sheba Medical Center, Yatshak Kreiss: saúde é motor de desenvolvimento econômico
Imersão de inovação
Mais de 40 empresários, gestores de empresas e pesquisadores participaram da imersão que a CNI realiza em Israel. Entre eles estão representantes de nove empresas brasileiras que venceram, em março, o Prêmio Nacional de Inovação, realizado pela CNI e o Sebrae. O grupo visita ao longo da semana o que há de mais moderno em termos de inovação em centros de pesquisa, universidades e indústrias israelenses.
Entre as empresas que participam da imersão estão Embraer, Grupo Boticário, Basf, Nugali, Nanovetores, WEG e Akaer Engenharia. Esta é a terceira vez que a CNI realiza imersão para o país do Oriente Médio. Mais de 100 empresários, executivos e autoridades já puderam conhecer e interagir com o ecossistema de inovação israelense.
Uma dessas visitas resultou na assinatura de parceria com a empresa SOSA. Celebrado em julho de 2020, o acordo coloca indústrias instaladas no Brasil ao alcance das principais startups mundiais para a busca de soluções tecnológicas e também startups brasileiras em contato com empresas de todo o mundo. Sediado em Tel Aviv, o SOSA mantém uma das maiores plataformas de inovação aberta do mundo.
“A intenção das imersões que organizamos é promover a interação de empresários, executivos, acadêmicos e representantes do poder público com atores estratégicos dos principais ecossistemas de inovação do mundo”, afirma a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio.
Fonte: Assessoria