Ida Steinmüller lança dia 25 em Campina livro infantil “O Jacaré do Açude Velho”
Publicado em 20 de novembro de 2023Inaugurado em 1830 para abastecer a antiga Vila Nova da Rainha, hoje Campina Grande, o Açude Velho é um grande depositário de lendas e histórias locais e um dos mais representativos cartões-postais da cidade Rainha da Borborema. E dentre as inúmeras histórias que guarda, a mais emblemática é o jacaré que durante décadas, vez por outra, aparecia nadando em suas águas, despertando curiosidades e alimentando lendas, pois a maior parte dos habitantes da cidade não acreditava nas histórias de que existia um jacaré vivendo nas águas poluídas desse lago urbano, embora testemunhado e até filmado e fotografado por muita gente, por isso, a aligátor campinense acabou por se converter numa lenda urbana das mais conhecidas na cidade, como o lendário Monstro do Lago Ness, da Escócia.
De todo modo, o jacaré do Açude Velho existe de verdade e, se tratando de um espécime do tipo jacaré de papo-amarelo (Caiman latirostris), tem facilidade para sobreviver em qualquer ambiente aquático, pois uma das suas principais características é a facilidade de “montar um lar doce lar” em qualquer ambiente de água doce ou salobra. Ele chegou em Campina Grande ainda filhote, em 1980, tendo sido capturado num lago em Piracuruca, no Piauí, pelo caçador campinense Maurício Cabral, que estava em expedição de caça com os amigos Alexandre de Brito Lira e o cineasta Machado Bitencourt. Trazido para Campina Grande, sem saber ao certo porque o trouxe ou o que fazer com o animal, Maurício decidiu por soltá-lo no Açude Velho, onde o réptil cresceu nas águas poluídas desse manancial urbano, que na época tinha muitas galinhas d’água que, além dos peixes, lhes serviam de farto alimento.
Em se tratando de uma espécie dócil, que não incluiu grandes mamíferos à sua dieta, em todos esses anos vivendo nas águas turvas do mais famoso cartão postal da cidade, onde crianças sempre nadaram, nunca se registrou qualquer ataque a humanos. Talvez, por isso, esse aligátor ganhou o carinho do povo campinense, tornando-se um personagem carismático na cultura local a ponto de até um bloco de carnaval ter sido criado para lhe homenagear. Ainda hoje, este animado bloco desfila anualmente na orla do Açude Velho seguindo um boneco representando o jacaré.
Porém no ano de 2004 o jacaré saiu do Açude e foi visto andando calmamente na praça da FIEP e, devido a natural repulsa humana a animais que supostamente podem representar algum perigo, as pessoas jogaram pedras no jacaré, ferindo-o e estourando o olho do animal. O corpo de Bombeiros foi acionado na ocasião, o réptil foi resgatado e levado para o Museu Vivo dos Répteis da Caatinga, uma espécie de zoológico de répteis, onde o jacaré, hoje com mais de 40 anos, vive em cativeiro e recebe visitação pública, sobretudo de escolas primárias.
Como se trata de uma iniciativa particular, de fins filantrópicos e educacionais, o zoológico passa por algumas dificuldades para manter o espaço e os cuidados necessários aos seus animais cativos, e foi inspirada no desejo de ajudar essa iniciativa pela causa animal que a memorialista e escritora Ida Steinmüller decidiu produzir um material que viesse no sentido de conscientizar a população sobre o respeito aos animais silvestres que também pudesse ser um produto a ser comercializado pelos organizadores do zoológico como meio de arrecadação de fundos ao projeto Museu Vivo dos Répteis da Caatinga.
Nessa perspectiva surgiu a ideia de escrever o livrinho infantil “O jacaré do Açude Velho”, uma obra da escritora Ida Steinmüller, com ilustrações de Vanderley de Brito, que remete o leitor mirim ao universo biográfico de um personagem que entrou para o imaginário campinense desde sua primeira aparição. Nesse livro, publicado pelo Centro Editorial do Instituto Histórico de Campina Grande, podemos conhecer a história real do jacaré do Açude Velho, entendendo as razões de sua migração involuntária e a relação de empatia gerada entre a sociedade campinense e o animal.
A obra, com 24 páginas ilustradas, em cores, e toda impressa em papel couchê, é de grande atratividade visual e convida o leitor, seja de qualquer idade ou meio social, a conhecer a trajetória de vida desse simpático jacaré do Açude Velho, numa narrativa clara, fluente e carregada de emoções. Esse livro infantil vem enriquecer o acervo literário de história local, pois é o primeiro no gênero ambientado em Campina Grande que, seguindo a premissa do escritor russo Liev Tolstói, canta e dá universalidade a uma história genuinamente campinense, com imagens e descrições de elementos físicos e culturais da cidade e, numa narrativa comovente, traz uma lição de empatia aos animais.
Segundo o historiador Vanderley de Brito, “a obra é de alcance educativo e ajuda a formar o caráter humanista das novas gerações, trazendo uma linda lição cuja profundidade filosófica nos remete à reflexão rousseauniana sobre natureza humana”. Ainda segundo o historiador, que além de Presidente do Instituto Histórico de Campina Grande é o editor e ilustrador da obra, o Livro Infantil “O jacaré do Açude Velho” é narrativa de um só fôlego, onde o leitor não consegue parar de ler nem tampouco conter a emoção que a obra provoca.
O livro “O jacaré do Açude Velho” foi lançado em João Pessoa no dia 18 de novembro último, no Centro Cultural Ariano Suassuna, e estará sendo lançado em Campina Grande no próximo dia 25 de novembro, na Livraria Espaço de Cultura, no centro da cidade, prometendo reunir um grande público, dado o imenso carinho e respeito que a autora e o personagem alentam em toda a cidade.
A AUTORA
Nascida no dia da bandeira nacional, em 19 de novembro de 1954, na cidade de Campina Grande, Paraíba, Maria Ida Steinmüller é filha de imigrantes austríacos e desde criança é fascinada por livros infantis. Embora formada em Administração pela Universidade Regional do Nordeste e pós-graduada em Agropecuária pela Universidade Federal da Paraíba, Ida sempre se interessou pelas áreas humanas, especialmente por História, sendo, em 2012, a refundadora do Instituto Histórico de Campina Grande, ex-presidente dessa Casa de Memória, e ela também é coautora do livro paradidático “História de Campina Grande: de aldeia a metrópole” e apresentadora de um quadro na TV onde desfia interessantes episódios da história da cidade, de modo que, narrar histórias com linguagem simples e enredo lúdico é uma de suas principais paixões. Esta obra que o leitor tem em mãos é a sua primeira aventura no campo da literatura infantil e adapta uma história real para o universo do imaginário das crianças, a história do jacaré Jack, que viveu por anos numa lagoa urbana de campina Grande, o Açude Velho, e se tornou um personagem lendário na cidade.
Fonte: Assessoria IHCG