

Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
HUGO MOTA ENTRE O ÊXTASE E A AFLIÇÃO
Publicado em 12 de abril de 2025O alto preço que vem pagando para sentar na cadeira número um da Mesa Diretora dos Trabalhos da Câmara dos Deputados, apenas 70 dias, o deputado federal Hugo Motta demonstra sinais de exaustão. O “acordão” foi amplo, envolvendo todas as legendas, Presidência da República e STF, assumindo compromissos com suas principais pautas e reivindicações, impossíveis de serem conciliadas. O tempo é exíguo, por ser um ano pré-eleitoral, momento de mobilizações das tropas que se preparam para a guerra de 2026.
Por que Hugo Motta resiste em pautar a PEC da Anistia, subscrita por 280 Parlamentares? Persiste em procrastinar, sem argumentos cabíveis, uma demanda que tem origem nas ruas? Desviando o foco, alegando falta de endosso do Colégio de Líderes, contraria a maioria, quando sugere urgência nos projetos do governo, como Imposto de Renda, que pode ser votado até 31/12/2025, lei que será aplicada só em 2026. Experimentou os efeitos de duas grandes mobilizações. Recebeu cruzados, furando sua guarda, que o levou a beijar a lona. Mantendo-se ainda de pé no ringue, espera o sino tocar e encerrar este interminável primeiro round.
Chegando a Câmara dos Deputados em 2010, com apenas 21 anos, Hugo Motta viu o julgamento do Mensalão em 2012, que pôs na cadeia os grandes “cabeças” do Congresso, a partir do todo poderoso Zé Dirceu, Genoíno, Pedro Cordeiro; Valdemar da Costa Neto; João Paulo Cunha (ex-presidente da Câmara); José Janene; Bispo Rodrigues; Roberto Jefferson; Borba (líder do PMDB), todos comandantes ou dirigentes das grandes legendas, com assentos cativos no plenário Ulysses Guimarães. Em 2013, testemunhou o povo nas ruas, em grandes concentrações contra o aumento da passagem do transporte coletivo (?). Uma desculpa para protestarem contra o governo Dilma Rousseff. Ventre que fecundou o MBL – Movimento Brasil Livre, e provocou uma renovação sem precedentes na Câmara dos Deputados e Senado da República, em 2014 e 2018.
Assistiu ao desfecho trágico da Operação Lava-Jato, que atingiu os ex-presidentes Henrique Eduardo Alves – pai da Emendas Impositivas – seu amigo Eduardo Cunha e posteriormente até o ex-presidente Michel Temer. Rodrigo Maia, que desfrutou de três períodos, quando bateu de frente com o povo mesmo com todo apoio da Faria Lima, não encontrou reduto para se reeleger. Foi expulso da vida pública. Se já esqueceu de todas estas desventuras, pagarás caro pela memória curta. Para sair ileso dos conflitos que voluntariamente se meteu, basta ficar ao lado do povo, verdadeiro dono do poder.
Os gritos do pastor Silas Malafaia ecoam por todo o país. As redes sociais passaram a pesquisar sua vida e a da sua família, reabrindo feridas já cicatrizadas. A ministra Gleisi Hoffmann tentou sair em sua defesa e recebeu pancada de todos os lados, a partir da mídia que seu governo financia. Recuou. Por que a PF esteve em Patos, realizando uma operação “cinematográfica” repercutida por toda a imprensa e redes sociais? Quem mandava na PF – por direito – era o Ministério da Justiça e o Presidente da República. Foram eles?
O prudente é se espelhar no comportamento do seu antecessor, Artur Lira. Nunca viajou com Presidente da República, nem frequentou jantares “privados” em apartamentos de ministros do STF. Arthur Lira viveu o êxtase sem agonia. A vontade do povo passava pela Câmara sem dificuldades. Jogava a “batata quente” no colo do Senado. Rodrigo Pacheco foi quem se queimou, e será defenestrado em 2026. Faça a sua parte Hugo Motta. O Senado cuidará de sua decisão.
Mesmo que o acompanhe, ainda virá pela frente o veto do Presidente. E mesmo que o Congresso derrube o veto, no seu meio todos sabem que o STF julgará inconstitucional. Mas, o povo o enfrentará, através de seus representantes, e o resultado das urnas de 2026.