Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Gerenciando perdas, gerenciando saudades
Publicado em 28 de setembro de 2023Não é fácil, e nunca será, assimilar perdas e saudades. Frase lida em texto de um dos meus colunistas preferidos me levou a refletir sobre esta realidade a que estamos sujeitos, independentemente de idade, tempo ou qualquer fase da vida. A reflexão ganhou profundidade ao participar do Retiro anual das Equipes de Nossa Senhora, realizado no Marista, em Lagoa Seca.
Na descrição oportuna, o jornalista Sílvio Osias lamenta o passamento de um colega, e me fez pensar nas minhas perdas e minhas saudades nos últimos 22 anos. “Para mim, a morte de Ricardo Anísio é perda geracional”, escreveu. “… não conseguiu gerir uma série de perdas”, apontou, elencando a perda do pai, da mãe e da irmã, e “também a ‘morte’ profissional’”.
Na leitura do texto de Sílvio atentei-me ao fato de que desde 2001 também vivenciei uma série de perdas e conclui, na profundidade de minha meditação, que eu soube gerir essas perdas, essas saudades. Na infância, perdera o avô e uma tia paternos; aos 18, a avó, mas não tinha a noção exata do impacto que é perder um ente querido.
Em dezembro daquele ano, experimentei a primeira concussão, causada pela partida eterna de meu irmão caçula. Foi terrível! Depois veio a perda de meu pai, minha avó materna, a quem eu dedicara atenção especial e, por último, bem recente ainda, o filho.
Também tive minha “morte” profissional. A saída do Jornal da Paraíba um mês depois de perder o mano fez com que, doravante, me afastasse do jornalismo e passasse a me dedicar exclusivamente ao comércio. Permaneci até janeiro de 2019 ao, finalmente, me convencer de que a crise, no nosso caso, não tinha saída, não tinha solução; sem capital, decidi cerrar as portas.
Toda perda nos faz sofrer, nos abala, seja ela familiar ou profissional. Mas perder um ente querido bem próximo, na flor da idade…! Só quem perde, sabe. Na perda filial, aparentei uma fortaleza que surpreendeu até familiares; não exteriorizei em sua plenitude o sentimento interno, pois por dentro a dor me dilacerava.
Na profundidade de minha dor, venho tendo uma serenidade que me surpreende, que me consola. A Serenidade é virtude que só vem com a fé, e há um minúsculo “grão de mostarda” dentro de mim, plantado por minha mãe.
RETIRO
Por objeção profissional e depois a pandemia, há tempo que não participávamos dos Retiros das Equipes de Nossa Senhora. De sexta a domingo, eu e Margarida vivenciamos essa benção. Foi maravilhoso! A pregação do padre Mércio, com apenas três meses de ordenação, encantou a todos.