Emir Gurjão

Pós graduado em Engenharia Nuclear; ex-professor da Universidade Federal de Campina Grande; Secretário de Ciências, Tecnologia e inovação de Campina Grande; ex-secretário adjunto da Representação do Governo da Paraíba, em Campina Grande; ex-conselheiro de Educação do Estado da Paraíba.

Ganhou, Mané – a derrota da velha mídia

Publicado em 21 de novembro de 2024

A vitória de Donald Trump foi um golpe definitivo na velha mídia corporativa, acostumada a ditar regras, controlar narrativas e importar suas ideias como verdades absolutas. Desta vez, quem ganhou não foi apenas Trump, mas um novo modelo de comunicação que desbancou o que muitos já chamam de “o complexo industrial da mídia tradicional”.

Enquanto a vitória era comemorada no círculo privado do novo presidente, Elon Musk, o bilionário que reconfigurou o antigo Twitter, declarou: “Vocês são a mídia” . Uma frase sintetizada um ponto crucial: o monopólio das informações, antes concentrado nas mãos de conglomerados midiáticos, foi quebrado. O que surgiu foi uma nova dinâmica em que qualquer pessoa com um smartphone, uma câmera ou um microfone pode disputar espaço no cenário informativo. Musk não apenas colaborou com essa mudança – ele a liderou.

O declínio da velha mídia

A velha mídia corporativa, com seus editoriais pomposos e repórteres em busca de entrevistas “sérias”, foi derrotada pela simplicidade e pelo alcance das novas plataformas. Enquanto Trump ignorava suas interferências e preferia conversar com podcasters e YouTubers, os gigantes do jornalismo tradicional insistiam em repetir estratégias ultrapassadas. Críticas mordazes, editoriais indignados e manchetes alarmistas apenas reafirmaram o que grande parte do público já sabia: a mídia estava desconectada das preocupações reais da população.

A ironia é que o antigo modelo de jornalismo contribuiu para sua própria derrocada. Ao desprezar as novas formas de comunicação e minimizar a importância do diálogo direto com o público, essas corporações realizam o ambiente perfeito para a “muskificação” da mídia. Agora, o poder reside em plataformas descentralizadas, onde os usuários decidem o que ler, assistir e compartilhar – e não mais em editoriais cuidadosamente polidos.

Sob a liderança de Musk, o X (antigo Twitter) passou a refletir essa nova realidade. O discurso de liberdade de expressão foi levado ao extremo, desmantelando sistemas tradicionais de moderação e permitindo que o conteúdo se tornasse mais caótico, mas também mais livre. Não é à toa que a plataforma se tornou o palco preferido para debates polarizados e ideias controversas, enquanto a mídia tradicional via sua relevância desmoronar.

Ao mesmo tempo, plataformas como a Meta também seguiram o exemplo, afastando-se da produção jornalística e investindo em entretenimento e conteúdo gerado pelos usuários. A mensagem era clara: se a mídia tradicional não consegue acompanhar o ritmo da sociedade moderna, que fica para trás.

Uma nova era de comunicação

A vitória de Trump simboliza mais do que uma mudança política; ela representa uma transição cultural e tecnológica. A mídia corporativa perdeu porque não conseguiu se adaptar a um público que exige simplicidade e acesso direto às informações, sem o filtro das elites. Ao invés de assistir a telejornais engessados, as pessoas gostam de vídeos curtos, divulgam acaloradas em podcasts e tweets diretamente que ecoam suas próprias preocupações.

A frase “Vocês são a mídia” de Musk não é apenas uma provocação. É uma constatação de que o público agora não está sob controle. A velha mídia, que tanto tentou moldar as eleições, viu-se derrotada por uma combinação de novas tecnologias, a desconfiança generalizada e a habilidade de Trump de usar essas ferramentas a seu favor.

O futuro do jornalismo

Mas isso significa o fim do jornalismo? Não. Significa, sim, que o jornalismo deve se reinventar. Enquanto as grandes corporações midiáticas lutam para recuperar a confiança perdida, o jornalismo local surge como uma solução possível. Com maior proximidade das comunidades e reportagens mais conectadas à realidade, ele pode ajudar a reestabelecer a substituição e o papel do “Quarto Poder” na democracia.

Porém, essa recuperação dependerá de um esforço genuíno para ouvir e servir às comunidades, abandonando o tom elitista que alienou tantas pessoas. O mundo mudou, e a mídia tradicional, se quiser sobreviver, precisará mudar também.

Por enquanto, no entanto, a vitória de Trump e a ascensão das novas mídias enviam uma mensagem clara: Ganhou, Mané. A velha mídia ficou para trás. escrito por Emir Candeia Gurjão , as 08:25 horas do dia 20 de novembro de 2024 – Dia da consciência negra.