Filho de Marcio Rocha lembra artigo do pai escrito há 40 anos em defesa do povo palestino

Publicado em 28 de setembro de 2024

O advogado Olímpio Rocha, filho do médico e ex-vereador campinense Márcio Tarradt Rocha, resgata com oportuno orgulho o texto a seguir, sobre a secular briga que massacra palestinos no Oriente Médio.

O texto originalmente foi publicado no ‘Jornal da Paraíba’, do qual Márcio era articulista.

– “À época, painho era presidente do Diretório Acadêmico do Curso de Medicina da UFPB e, no ano seguinte, assumiu seu primeiro mandato de vereador, pelo MDB, que abrigava os militantes do PCB, como ele. Militava pela causa palestina pelo ideal comunista e porque era neto de Youssef Ruhfain Taha (“abrasileirado” José Rufino Tarradt, conhecido como “Zé Arábe”), que fugiu da guerra que atingia sua Jerusalém natal, em 1917, desembarcou em Recife, mascateou pelo sertão e, depois, fixou residência em Campina”, lembra o advogado.

Para Olímpio, “é triste ver que, mais de 40 anos depois, Israel segue sendo um Estado Terrorista que mata civis em nome de um sionismo genocida, que desterra pessoas inocentes como meu bisavô, que infelizmente não cheguei a conhecer”.

Segue artigo:

ISRAEL: O ESTADO TERRORISTA – Márcio Tarradt Rocha

A televisão vem nos mostrando, ultimamente, cenas estarrecedoras. Cenas que se passam no Líbano. Cenas que mostram a destruição de cidades, o desespero da população, principalmente de mulheres, crianças e velhos, que entre as explosões e os escombros das cidades procuram safar-se da sanha destrutiva desfechada pelo ataque genocida do Estado terrorista de Israel. Estas cenas estão chocando até mesmo o mais “neutro” dos observadores, tal é a brutalidade e selvageria que o exército sionista está empregando.

Tal ação só pode ser comparada à destruição que o exército Nazista semeou na Segunda Guerra Mundial, embora, diferentemente de agora no Líbano, houvesse um Estado de Guerra declarado entre as partes beligerantes. Qual a justificativa que o Governo de Israel tem para proceder desta forma? Segundo o fascista Menachem Beguin, o que o seu governo pretende com tais incursões é destruir as bases de operação da Organização Para a Libertação da Palestina existentes no território líbio. E, para destruir estas bases, que se destrua o próprio Líbano, seu povo (exceto os ultra-direitistas cristãos aliados de Israel) e os milhões de refugiados palestinos que lá vivem esperando o dia de poderem, novamente, ter o seu país, a sua pátria.

Acusam os Palestinos de terroristas, de agressores. Mas, como pode ser considerado agressor um povo que foi expulso de sua terra, um povo que teve roubada a sua Pátria. Hoje, são mais de quatro milhões de refugiados palestinos, vivendo em verdadeiros campos de concentração, sem direito a criar seus descendentes com segurança, com dignidade. Se cometem atos isolados, justificando sionistas, foi este o único caminho que o próprio Estado de Israel lhes deixou.

Terrorista é Menachem Beguin. Terrorista é a ideologia Sionista que orienta a organização do País Judeu. Este ataque ao Líbano não foi o primeiro destes atos, e não será o último. Lembremo-nos da recente anexação das Colinas de Golã e do ataque aéreo desfechado contra a usina nuclear do Iraque no ano passado, ambos realizados sem aviso prévio nem, tão pouco, de Declaração de Guerra. Nada diferencia os atuais métodos sionistas dos métodos nazistas de Hitler e Mussolini na Segunda Guerra Mundial.

Agressor é o Imperialismo Norte-Americano que vem sustentando econômica e militarmente a política sionista israelense. Para termos uma ideia exata do apoio do Governo Reagan a Israel, é apenas necessário saber que os EUA foi o único País do Conselho de Segurança da ONU a votar contra as sanções políticas e econômicas apresentadas naquele fórum internacional contra o Governo israelense, e que sua ajuda financeira e militar absorve um terço de todos os recursos norte-americanos enviados para seus aliados a título de ajuda ou empréstimos. Mas, o que podíamos esperar de quem apoia abertamente (comanda) todas as formas de exploração e discriminação que ainda existe na face da Terra – o apartheid da África do Sul, o Neo-colonialismo Inglês, as Ditaduras sanguinárias da América Central e do Sul, para citar alguns exemplos.

Portanto, terroristas não é o povo palestino. Este povo quer apenas o direito de viver em paz, em sua terra, como já foi aprovado inúmeras vezes na ONU. É fundamental que mais esta zona de conflito acabe, pois serve apenas aos fazedores de guerra (o complexo Industrial-Militar), aos interesses Norte-americanos de reativar em várias frentes a “Guerra Fria” e a política expansionista do Sionismo.

A CAUSA DO POVO PALESTINO É A MESMA DE TODOS OS EXPLORADOS E DISCRIMINADOS DA HUMANIDADE, É A CAUSA DE TODOS QUE LUTAM POR UM FUTURO DE PAZ, JUSTIÇA E PROGRESSO SOCIAL PARA A HUMANIDADE.

Por isso, o povo brasileiro deve apoiá-los neste momento crucial para sua existência. VIVA O POVO PALESTINO, VIVA A OLP.
Campina Grande, 13 de Junho de 1982 .”

Fonte: Assessoria