Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

FIEPB: LEGADO E DESAFIOS DO PRESIDENTE CASSIANO PEREIRA

Publicado em 28 de abril de 2024

No último 09/04/2024 o industrial Cassiano Pascoal Pereira Neto foi eleito através de um pleito suplementar – determinado pelo TRT/PB – presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, entidade que representa uma das principais joias da coroa da Rainha da Borborema, fundada em 17/07/1949. Um dos seus primeiros dirigentes, Domício Velloso da Silveira, filiou-se à CNI – Confederação Nacional da Indústria, alcançando a presidência do órgão que congrega todo setor industrial, entre 1977/1980.

O SENAI-PB (fundado em 1950) e o SESI-PB (1949) foram fundamentais para a formação de mão-de-obra especializada, educação e assistência social qualificada, destinados aos industriários (trabalhadores da indústria). Final dos anos quarenta, início dos anos cinquenta, Campina Grande era a cidade mais próspera do Norte/Nordeste, com uma população maior que dez das vinte e uma capitais dos Estados Brasileiros. Dentre elas, Natal (RN), Teresina (PI), São Luís (MA)… No censo de 1950, Campina Grande alcançou uma população de 173.206 habitantes. João Pessoa, 119.326. Como João Pessoa não era um polo industrial, a sede da FIEP ficou em Campina Grande. A única no País, que não é instalada em Capital.

Os destinos da Capital do Trabalho tem como ponto de apoio entidades como a FIEP, capaz de criar uma agenda positiva, voltada para retomada do seu crescimento econômico. Este será o desafio de Cassiano Pereira. Estreitar relações com importantes instituições, a exemplo dos centros de pesquisas das duas Universidades Públicas da cidade e outras privadas; o Parque Tecnológico – primeiro do Brasil – e o INSA – Instituto do Semiárido. Brigar para conseguir da EMBRAPA o replantio do sisal no Curimataú.

Não tem sentido continuarmos exportando mentes brilhantes para o Vale do Silício e outros grandes centros avançados, através da pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias aqui elaboradas, quando juntas, estas instituições poderiam atrair investidores para aqui se instalarem. O apoio político é fundamental e pode dar sua importante colaboração, através de leis fundamentadas numa visão futurista. O vizinho RN, quando as suas oligarquias se revezavam no poder, conseguiu grandes conquistas. É o único Estado do Nordeste autossuficiente em petróleo, gás e energia.

Fernando Bezerra, quando presidiu a FIERN – Federação das Indústrias do RN -, conseguiu unir toda a classe política potiguar para lutar por uma Refinaria de Petróleo, governo Lula I. Mas perderam para Pernambuco: Abreu e Lima. Porém, às escondidas do País, a Petrobras construiu uma mini refinaria na cidade de Guamaré, que produz gasolina e querosene de aviação. Explora e exporta gás. Instalou o gasoduto que abastece a Paraíba e Pernambuco, e a Termoelétrica de Assú – gerada a gás natural – vendendo energia para o sistema nacional. Fernando Bezerra chegou posteriormente a presidir a CNI, foi Senador da República e Ministro da Integração Nacional.

O atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a convite de Fernando Bezerra, quando esteve na FIERN fundou o CTGAS, NUPEG e CTGAS ER, através do SENAI e formando parceria com a UFRN – Departamento de Química – que se tornou um dos mais avançados centros de pesquisas em energia renovável do País.

Na Paraíba, ainda dormitam as ideias de criar em Campina Grande uma ZPE – Zona de Processamento para Exportação – modelo adotado pelos chineses para se tornarem o maior centro industrial do planeta – um Porto Seco, para escoamento da produção, e trazer o Polo Metal Mecânico que foi destinado a Caruaru, e nunca foi instalado, por falta de estruturas que Campina dispõe, através das instituições que já citamos: UFCG, UEPB, Fundação Parque Tecnológico e uma Federação das Indústrias.

Com apenas vinte dias à frente da FIEPB, Cassiano Pereira em suas andanças tem demonstrado disposição de perseguir grandes desafios, a partir da pacificação da própria Instituição, dividida desde 2016.