
Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
FEIRAS E EMPREENDEDORISMO
Publicado em 23 de março de 2022Santana do Parnaíba (140 mil habitantes), uma das cidades mais velhas da região metropolitana de São Paulo, em setembro de 2021 criou a primeira feira da “Mulher Empreendedora”. Na visão de sua idealizadora, a Secretária Municipal da Mulher, a pandemia COVID-19 tinha gerado desemprego em massa na cidade dormitório da metrópole paulista.
Quarentenas e isolamentos prolongados oportunizaram às mulheres a buscarem na internet meios de conquistarem renda para sobrevivência, através do aprendizado prático ofertado pelas centenas de cursos disponibilizados nas plataformas digitais. Segundo o IBGE, dos novos pequenos e microempreendedores surgidos nos dois últimos anos, 42% são mulheres.
Para surpresa da Secretária – mesmo ainda em plena pandemia (2021) – mais de 100 mulheres microempreendedoras montaram seus stands em simples barracas padronizadas e disponibilizadas pela Prefeitura. Nos expositores, produtos desenvolvidos a partir de suas ideias e criatividade, nas mais diversas áreas: gastronomia, têxtil; calçadista; modas; artesanato… A empreitada foi bem sucedida. Nos dias 11, 12 e 13 deste mês de março (2022), realizaram sua terceira edição (em seis meses) com 430 expositores, já num espaço coberto – semelhante a Pirâmide do Parque do Povo – atraindo um público acima da expectativa de seus organizadores.
Já cobramos aqui neste espaço- inúmeras vezes – sensibilidade da classe política campinense para revitalizar a Feira de Campina Grande. Mostramos historicamente a origem da cidade: feira que se realizava na Vila Nova da Rainha, atraindo consumidores do Brejo Paraibano, Cariri e Curimatau. Quem queria comprar, vender ou trocar, o local para se realizar negócios era a feira de Campina Grande. A partir de 1912, com a chegada do trem (terminal ferroviário) Campina começou a ganhar “status” regional.
Nas obras do brilhante escritor paraibano José Lins do Rego, ‘Fogo Morto’ e ‘Menino de Engenho’, retratando a falência dos engenhos após a libertação dos escravos, a perda dos títulos nobiliárquicos, chegada do século XX e as façanhas do cangaceiro justiceiro Antônio Silvino, ela aponta como o centro da Paraíba a feira de Itabaiana. Campina Grande a suplantou em apenas 20 anos. Hoje, a cidade cabe dentro de um dos nossos bairros populosos.
O jovem prefeito de Santana de Parnaíba, Elvis Cézar, não reinventou a roda. Está apenas copiando o que foi feito ao longo da história, e por todas as civilizações. Caruaru era um distrito de Bezerros. Tinha uma feira de gado, quando chegou o seu terminal ferroviário. Hoje é o eixo de três grandes feiras, incluindo Santa Cruz do Capibaribe e Toritama que já é diária, e não semanal. Uma cadeia produtiva formou uma série de industrias, hoje instaladas nestes municípios, gerando emprego e renda.
O prefeito Bruno Cunha Lima – a exemplo de Vergniaud Wanderley, Enivaldo Ribeiro e Romero Rodrigues – poderá ser imortalizado na história de Campina Grande se revitalizar a feira e construir um Centro Administrativo. Uma cidade com mais de 430 mil habitantes não ter uma sede do Poder Público Municipal? É descaso. O cidadão para resolver problemas junto a municipalidade, tem que percorrer quase todos os bairros da cidade. Uma turnê. Secretaria de Saúde, Liberdade. Finanças, antigo Grande Hotel dos anos quarenta, no centro e sem área de estacionamento. URBEMA no Alto Branco… Todas as unidades dispersas. Gabinete do Prefeito, no antigo Palácio do Bispo.
Ronaldo e Cássio foram governador do Estado. Viram seu antigo aliado Cícero Lucena – com ajuda do governo – desapropriar área da extinta TELPA e adaptar com reformas e ampliações o Centro Administrativo de João Pessoa. Por que não aproveitaram o momento e construíram o de Campina Grande?