FEIRA DE CAMPINA – O choro e a mão gelada do prefeito, o meloso discurso de Félix Neto e a ousadia de jovens cearenses num belo projeto que talvez só ganhe vida em 2032

Publicado em 30 de abril de 2023

Ousado, moderno e extremamente inovador, o projeto vencedor do concurso de requalificação da feira central de Campina Grande, elaborado por uma equipe de arquitetos da cidade cearense de Umari, é coisa de Primeiro Mundo.

A equipe que conquistou o 1º lugar, entre 22 propostas enviadas por arquitetos de todo o Brasil, foi o escritório ‘Manoel Belisario Arquitetura’, integrado inclusive por jovens ex-estudantes que se graduaram em Campina Grande, conhecedores portanto do nosso histórico e centenário espaço.

É inegável ressaltar a difícil decisão que Bruno Cunha Lima tomou, resistindo à sua particular ideia de demolir tudo que havia na área para construir um ambiente zerado, e determinar a realização de um concurso nacional, coordenado pelo Instituto de Arquitetura do Brasi (IAB), a fim de encontrar um projeto definitivo que pudesse vir a solucionar todos os velhos problemas da feira campinense e não apenas apresentar paliativos eleitoreiros como fizeram as administrações que antecederam à sua.

Na minuta do contrato não informado ao público a revelação que certamente fez o prefeito chorar

O resultado do concurso foi anunciado nesta sexta feira (28) e durante a solenidade, que não por acaso aconteceu no Auditório da Escola Superior de Aviação Civil (ESAC), com todas as emoções de um autêntico voo supersônico, o prefeito Bruno explicou quais serão os próximos passos para que a nova Feira se torne realidade e disse que a Prefeitura já tem garantidos os recursos necessários para as intervenções, na ordem de mais de R$ 50 milhões, por meio do financiamento internacional do Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).

Os investimentos iniciaram na parte de projetos, com a realização do Concurso Feira de Campina Grande, promovido pela Prefeitura e organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

A equipe que conquistou o 1º lugar receberá o prêmio principal no valor de R$ 200 mil, mais a assinatura do contrato para o desenvolvimento dos demais projetos executivos e complementares, totalizando R$ 2.468.000,00, verba que o prefeito omitiu dizer ter sido fruto de emendas parlamentares dos seus ex-aliados, a senadora Daniela Ribeiro e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, que destinaram em 2022 à reorganização da feira campinense um total de R$ 4.000.000,00.

Disse o prefeito que o contrato com a equipe vencedora será assinado no próximo dia 19 de maio, em festa a ser realizada no próprio mercado diante de feirantes e usuários, para dar prosseguimento à elaboração dos projetos executivos e complementares das obras.

A logística dos trabalhos seguirá etapas, de acordo com o cronograma previsto na minuta do contrato, assim como as intervenções na Feira, que acontecerão gradativamente, começando pela requalificação dos Armazéns que ficam próximos ao Mercado Central.

– “O próximo passo é a assinatura do contrato com os vencedores, já nos primeiros dias do mês de maio, para eles começarem a elaboração dos projetos executivos complementares e a Prefeitura começar as intervenções. Temos cinco concursos em um só, abrangendo a Feira Central como um todo: Mercado Central, Armazéns, Cassino Eldorado, as ruas e o largo do pau do meio. Iniciaremos as intervenções pelos armazéns, para poder diminuir o impacto na vida da própria Feira. Resolvendo os armazéns, nós poderemos mover temporariamente os feirantes. Por exemplo, quando formos fazer a Feira de Flores, vamos tirar os feirantes de lá e colocá-los nos armazéns, para fazermos toda a rua, esgoto, drenagem, organizar tudo e, depois, eles voltam para seus espaços. Assim acontecerá sucessivamente, até concluirmos toda a obra”, detalhou o prefeito Bruno.

CUSTO SUPERIOR A R$ 50 MILHÕES 

O prefeito destacou que a Prefeitura já tem garantidos mais de R$ 50 milhões para a execução das obras, por meio de um financiamento internacional que está sendo contratado junto ao Fonplata, uma entidade financeira do Tratado da Bacia do Prata, que apoia técnica e financeiramente a realização de estudos, projetos, programas, obras e iniciativas que promovam o desenvolvimento dos países membros da Bacia do Prata: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. Esse financiamento só foi possível porque a gestão de Bruno conseguiu quitar dívidas antigas e colocar Campina Grande na classificação A no índice do Ministério da Economia do Governo Federal sobre reconhecimento da capacidade de pagamento (liquidez orçamentária).

– “Só em projetos, incluindo projetos arquitetônico, urbanístico, de drenagem, esgotamento, pavimentação das ruas, o investimento será de quase R$ 2,5 milhões. Para a execução da obra, nós já temos garantidos, pelo financiamento internacional, mais de R$ 50 milhões e isso foi possível graças a nossa atual capacidade de captar investimentos. Assim, estamos ansiosos para entregar uma nova Feira e um novo Mercado Central para Campina Grande, resolvendo uma discussão que vem se arrastando há mais de 50 anos”, destacou o prefeito.

MÃOS GELADAS 

Na cerimônia, mais precisamente durante o breve discurso, Bruno Cunha Lima se mostrou excessivamente emocionado e fez questão de mostrar as mãos para a plateia, dizendo que as mesmas estavam “congeladas”.

Fez isso pelo menos em três oportunidades, em uma delas apertando a mão direita do representante do IAB, ao seu lado, para que testemunhasse a intensidade do ‘calafrio’.

Depois chorou e não conseguiu esconder essa emoção quando o seu auxiliar de gestão, Félix Araújo Neto, secretário de Planejamento do Município e um dos idealizadores do concurso, destoando de todas as falas técnicas que antecederam à sua, por muito pouco não pediu assento em seu colo, tantos foram os desnecessários elogios que fez ao alcaide, à sua pessoal ótica na atualidade uma espécie de Deus absoluto do Universo.

É certo que o excesso de afago de Félix Neto não foi mesmo por acaso. Porque ninguém melhor do que ele, que teve acesso privilegiado à minuta do contrato do projeto vencedor – ao qual APALAVRA somente acessou após a solenidade – poderia afagar a emoção de Bruno e até mesmo, com tanto ‘balacobaco’ como foi o caso, consolá-lo da fria realidade que o tempo cruelmente lhe mostrará: que, assim como aconteceu com Veneziano e com Romero, ex-prefeitos que apesar das promessas não conseguiram fazer nada pela Feira Central a não ser mostrar projetos e não conseguir tirá-los das pranchetas, não terá a alegria de inaugurar a obra. Mesmo tendo mais de R$ 50 milhões para tanto, o que não aconteceu com nenhum dos seus dois antecessores.

Bruno tem ainda exatos 20 meses para governar Campina Grande; a obra de requalificação da nossa Feira, como está estabelecido na minuta do contrato, tem prazo de execução de 38 meses, ou seja, um ano e meio além do tempo dele na prefeitura para esse primeiro mandato. Se acaso vier a ser reeleito, o que a preço de hoje as pesquisas e/ou enquetes de variados segmentos da sociedade dizem ser improvável, ainda assim não caberia a ele dar por concluído o projeto, o que viria a acontecer somente em um eventual segundo mandato daquele que o suceder, e isto daqui a pelo menos nove longos anos.

Precavido, e conhecedor da insana burocracia reinante no Poder Público, o escritório vencedor do projeto já estabeleceu na minuta contratual apresentada, mas não exposta para os convidados da solenidade, a possibilidade – em se tratando de reforma é mais do que real – do projeto ganhar mais 60 meses para a sua plena execução. Ou seja, se tudo correr bem e nada vier a atrapalhar o andamento dos trabalhos ao longo do tempo, Campina Grande só terá sua Feira nova no ano da graça de 2032.

É mesmo pra gelar as mãos e chorar, como sofridamente aconteceu com o brilhante orador-neto do saudoso Ivandro Cunha Lima.

PRESENÇAS 

Além dos ilustres representantes da Prefeitura Municipal, também participaram da cerimônia na ESAC membros das instituições parceiras na realização do concurso, entre eles os coordenadores do Concurso e membros do IAB, Natan Arend e Camila Leal; Pedro Rossi, conselheiro superior do IAB; Raglan Rodrigues, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) – departamento Paraíba; e Daniela Benício, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraíba (CAU/PB).

O Concurso Feira de Campina Grande foi promovido pela Prefeitura Municipal e organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), com o apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Paraíba (CAU/PB), do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento da Paraíba (IAB/PB) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Fonte: Codecom