Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

FATO NOVO DESEQUILIBRA DISPUTA MUNICIPAL NA CAPITAL

Publicado em 6 de junho de 2024

A união de Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo – apagando todo um passado de discórdias e arranca-tocos – consolida a tese pragmática, ou objetivo colimado de aproveitar a oportunidade e matar dois coelhos com uma única cajadada: remover Cícero Lucena da PMJP a qualquer custo, e dois anos depois infringir uma derrota a João Azevedo, ou tirá-lo da vida pública em 2027, caso permaneça no cargo e não renuncie.

No antagonismo político, visto sob dois víeis, enxerga-se a figura do adversário e a do inimigo. O adversário surge das discordâncias momentâneas, fruto do debate temporário e perecível, superado após a disputa de um pleito. O inimigo é movido pelo ódio, se alimenta do instinto da vingança, e não se contenta em vencer a guerra. Sua sanha hedionda vai mais além. Só consegue aplacar sua ira quando extermina seu hostil.

Ontem (05/06/2042) Ricardo Coutinho mostrou quem manda no PT/PB. Durante todo o dia, as inserções da propaganda do partido no rádio e TV mostraram Luciano Cartaxo narrando sucintamente todas as obras, serviços e ações de seu período (dois mandatos) como prefeito da Capital. O PT-PB tem um deputado federal, uma deputada estadual e um presidente do Diretório. Todos foram ignorados e defenestrados. A finalidade da propaganda é divulgar a legenda e convocar novas filiações. Esqueceram até de mencionar o Presidente da República, que é do PT. Os holofotes despejaram suas luzes em Luciano Cartaxo.

Cícero Lucena não está na mira. Este jogo foi zerado. Ricardo e Luciano já o derrotaram. Houve revanche e Cícero venceu ambos. Porém, no momento e mal posicionado, está na linha de fogo dos dois “Snipes” (atiradores de elite), que querem abater o alvo principal, João Azevedo. É a segunda tentativa de Ricardo Coutinho. A primeira foi levar parte do PT para votar em Veneziano (MDB), eleições de 2022.

As três candidaturas eram o quadro ideal para Cícero Lucena vencer, talvez até no primeiro turno. Mas, com um quarto concorrente, que esvaziará por completo o PSB, e balizará a disputa na linha nacional Lula x Bolsonaro que alavancará a chapa Marcelo e Sérgio, neutralizará Ruy Carneiro, Cícero ficará na posição de candidato do PP e de João Azevedo. Num eventual segundo turno, se o PT não estiver dentro fará o voto útil contra o candidato de João Azevedo. E talvez conte até com a ajuda de Veneziano (MDB). Quanto ao Republicanos, apenas votará. E da plateia, observará o resultado com o olho em 2026. Não cabem no mesmo ambiente Aguinaldo (PP), Hugo, Adriano e Wilson.

Quando tomamos conhecimento que Ricardo Coutinho está prestando “assessoria” a Zé Dirceu, rememoramos a derrota de Roberto Paulino. O representante de Zé Dirceu na época, saudoso Júlio Rafael – campo majoritário – criou um movimento à revelia da aliança PT e MDB de José Maranhão, instalando dois comitês de campanha “Lula lá, Cássio cá”, em Campina Grande e João Pessoa. Cozete Barbosa, prefeita de Campina Grande (PT), esteve no grande comício da Lagoa (João Pessoa) vestida de preto. Pediu apenas o voto de Lula. Bastava metade do PT ter votado em Roberto Paulino, para Cássio ter sido derrotado. Mas, a maioria da forte militância do PT da época contraditoriamente optou pelo candidato tucano, na disputa pelo Governo do Estado.