EXCLUSIVO – Nem Bruno e nem Romero, avisa Cássio em Brasília mandando engomar o terno com o qual desembarcará no João Suassuna como candidato a prefeito para salvar o grupo
Publicado em 2 de maio de 2024Com murro na mesa e reeditando o pai no tal DIA DO FICO Cássio implode Bruno e Romero
Incomodado, ao extremo, com a iminente possibilidade de implosão total do seu agrupamento político em Campina Grande acaso o deputado federal e ex-prefeito Romero Rodrigues (PODEMOS) anuncie, como todas as projeções indicam, sua candidatura a prefeito nas eleições deste ano, o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB), a quem ainda praticamente todo o seu clã político e familiar bate continência, deverá nas próximas semanas anunciar que ele próprio é quem será o ungido, cabendo ao atual prefeito, assim como lá atrás aconteceu com Félix Araújo Filho, apto à reeleição na época, contentar-se em concluir o que lhe resta do mandato – pouco menos de oito meses.
Félix foi encostado na parede do mesmo modo que Cássio pretende supostamente fazer agora com o primo Bruno Cunha Lima: abrindo-lhe pelo menos cinco abalisadas pesquisas de opinião mostrando a sua provável acachapante derrota se decidir enfrentar nas urnas o homem que lhe botou no Palácio do Bispo.
Em Brasília, desde a última semana corre solta essa informação e APALAVRA buscou ouvir os atores dessa nova “engenharia política” urdida pelo único tucano ainda com algum tipo de penugem que resta orbitando sobre as asas do Plano Piloto da Capital da República.
Todos, sem exceção, derivaram do assunto, ou com evasivas ou com o escorregadio “não ouvi falar”.
E o principal personagem da história, que há anos espertamente escapuliu do murismo tucano – Romero Rodrigues – teve uma leve recaída e, fiel ao seu conhecido estilo matuto e mineiro de dizer (ou não) as coisas, se valeu apenas de quatro palavrinhas para deixar a charada mais longe ainda da solução:
Presidente do PSDB, Fábio Ramalho diz que Cássio é líder e orientador político
– “Só pode ser Fake!”, respondeu à reportagem.
Em Campina, depois de ter permanecido quase uma semana inteira confabulando política no Planalto Central, o prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil) também foi procurado para se manifestar, mas não atendeu ligações d’APALAVRA e coube ao seu Chefe de Gabinete, jornalista Marcos Alfredo, a quem APALAVRA buscou intermediação, tangenciar:
– “Vou procurar saber dele, mas de antemão, ao meu ver isso só pode ser coisa dessa fábrica de especulações que a gente bem conhece por aqui e que produz bastante material, né?”, respondeu um tanto irônico.
Já o presidente municipal do PSDB em Campina Grande, deputado estadual Fábio Ramalho, mais novo tucano no ninho paraibano, optou pelo tom cortês e a objetividade:
– “Sinceramente, não existe hoje essa possibilidade não”, garantiu sem pestanejar.
E justificou:
– “Cássio continua sendo um grande líder e orientador político, mas candidato não será agora”, concluiu informando que estará “sempre às ordens” da reportagem.
ENCONTRO DE CÁSSIO COM ROMERO
Hoje, o antenado jornalista Max Silva, diretor de jornalismo da Panorâmica FM de Campina Grande, emissora de propriedade do casal Damião e Ligia Feliciano, não por acaso o mais bem informado homem de imprensa campinense sobre assuntos de bastidores políticos da Capital da República aonde o patrão exerce o mandato de deputado federal, informou com exclusividade no blog que mantem na internet que a candidatura de Cássio já estaria de fato sacramentada, faltando apenas mínimos detalhes, o que poderia ser resolvido já em reunião agendada para este final de semana entre ele e o deputado Romero.
– “Nesse diálogo de caciques será debatido e analisado o cenário político da cidade e a viabilidade eleitoral de alguns nomes. No entanto, a decisão mais aguardada partirá do próprio Cássio: disputar novamente o mandado de prefeito da cidade a qual ele governou por três vezes, ou continuar o confortável labor advocatício”, informou no blog.
Romero silenciará? E o conhecido orgulho de BCL enfim será contido?
Max lembra que “Cássio terá, assim como seu pai, Ronaldo Cunha Lima, o “dia do fico”, só que em circunstâncias e finalidades diferentes. No caso do tucano, ele terá que optar por um “fico” em Brasília ou “volto” para Campina Grande” e anunciou que aliados estão em polvorosa, aguardando o desfecho dessa primeira etapa do processo sucessório, muitos inclusive, esperando a definição para montar sua estratégia político-eleitoral para outubro.
Ronaldo decidiu o “Fico” na prefeitura em comício a céu aberto em Campina Grande em 1986. Político carismático, com uma vasta biografia na vida pública, de vereador a governador, passando por deputado federal, deputado estadual e senador, o poeta já falecido optou por decidir pela permanência na prefeitura, abrindo espaço para a candidatura de Tarcísio Burity, então recém-chegado ao partido.
Em 1982, Ronaldo foi lançado para disputar o governo pelo parceiro de legenda, Marcondes Gadelha. O PMDB preferiu prestigiar Antônio Mariz, que chegara como dissidente e que acabou derrotado por Wilson Braga (PDS). Em 1990, finalmente, Ronaldo foi vitorioso como candidato, derrotando em segundo turno o líder popular Wilson Braga. Um dos fatores decisivos da sua vitória foi a adesão hipotecada no segundo turno pelo ex-deputado João Agripino Neto, que tivera excelente performance na primeira etapa.
Ronaldo ficou agastado com a demora em ser sacramentado pelo partido para candidatar-se ao Palácio da Redenção. Quando Humberto Lucena e Burity assumiram o compromisso de fazê-lo postulante em 1990, ele procurou avivar, em versos, a palavra empenhada: “Se o meu partido/se fizer de esquecido/do compromisso assumido/e eu for esquecido/não faz sentido/dar ouvidos/a esse partido”.
Ronaldo recorria, ainda, a dotes poéticos para realçar o pacto de lançamento da sua candidatura, afirmando: “Em 82, ficou pra depois/em 86, não foi a minha vez/em 90, ninguém me sustenta”. Ele teve como candidato a vice-governador Cícero Lucena, empresário oriundo da construção civil, que até então não havia concorrido a mandatos eletivos. A dupla “tocou de ouvido” na administração do Estado. Cícero foi, ainda, prefeito de João Pessoa por duas vezes. Ronaldo desligou-se do PMDB em 98 após incidente no Campestre Clube de Campina Grande, quando pôs o dedo em riste na cara do governador José Maranhão, a quem acusava de preterir Cássio Cunha Lima para fazer valer a ambição pessoal de ser candidato, aproveitando a aprovação do instituto da reeleição.
Como desdobramento da divergência com José Maranhão, Ronaldo decidiu desfiliar-se do PMDB, assinando ficha no PSDB, para onde levou familiares como o filho Cássio e outros aliados políticos. O poeta considerou-se praticamente expulso do PMDB e, em tom lamurioso, lembrava ter tido a ficha 001 do PMDB, que sucedeu ao antigo MDB, que então voltara ao cenário político. Ronaldo foi prefeito de Campina Grande por duas vezes: a primeira, na década de 60. Ele foi cassado e afastado do mandato pelo regime militar com apenas 43 dias de administração, devido a posturas assumidas em favor da legalidade e da democracia. Em 82, com os direitos políticos recuperados, Ronaldo testou-se de novo para prefeito de Campina e foi eleito.
Como governador, teve papel importante, junto com o vice Cícero Lucena, na reabertura do Paraiban, o banco estatal de fomento, cuja liquidação extrajudicial houvera sido determinada pelo Banco Central no governo de Tarcísio Burity.
Uma passagem traumática na vida de Ronaldo foi o atentado que perpetrou contra o ex-governador Burity no restaurante Gulliver, abespinhado com supostas insinuações que Burity teria feito contra sua família. O poeta viveu os últimos dias em cadeira de rodas após sofrer um AVC em Brasília. Dedicou-se, então, a exercer mandatos legislativos e a orientar o filho Cássio nos primeiros passos que estava encetando. A decisão do “Fico” em praça pública era coerente com o espírito de Ronaldo, que se sentia à vontade no convívio com o povo e que só não se elegeu presidente da República porque não foi candidato, como alegava, em tom de blague.
Filiado ao PSDB, Ronaldo Cunha Lima foi governador da Paraíba entre 1991 e 1994 pelo PMDB, após campanha política especial quando derrotou o ex-governador Wilson Braga considerado o favorito. Na sua trajetória política, registra-se a cassação de seu mandato em 1965 pelo AI – 5 da Ditadura Militar. Seu retorno à atividade política se deu elegendo-se prefeito de Campina Grande.
Foi senador da república entre 1995 e 2002 e deputado federal entre 2003 e 2007. Em outubro de 2007 renunciou ao cargo de deputado para não ser julgado pelo processo do ‘Caso Gulliver’ no STF, o que provocou duras críticas do relator do caso Joaquim Barbosa.
No dia 26 de julho de 2011, Cássio anunciou ao público o diagnóstico de sua doença: ” O diagnóstico do Poeta foi fechado:
Adenocarcinoma no pulmão esquerdo. Ele fará apenas radioterapia e ficará curado. Obrigado pela solidariedade” escreveu. O tratamento começou a ser realizado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, sob a coordenação do cirurgião torácico Riad Younes.
No dia 31 de outubro de 2007 Ronaldo Cunha Lima renunciou ao mandato de deputado federal. A carta de renúncia foi entregue à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. De acordo com a carta, a renúncia foi “em caráter irrevogável e irretratável”.
O Supremo Tribunal Federal já havia marcado o julgamento de processo contra Cunha Lima pelo atentado a vida do ex-governador Tarcísio Burity. Com a renúncia ao cargo, o deputado perdeu seu foro privilegiado e o processo foi enviado à Justiça comum.
Fonte: Da Redação