Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

ESQUECERAM O VOTO IMPRESSO E AUDITÁVEL

Publicado em 31 de maio de 2024

Todos os reveses ocorridos no País, desde as eleições de 2022, ainda se prendem às dúvidas sobre a legitimidade do pleito e a falta de transparência das urnas eletrônicas. Já se passaram um ano e meio do governo Lula. Neste interregno, o Congresso Nacional debateu centenas de temas – relevantes para o País – mas, negligenciou a cidadania, manifesta no desejo da ampla maioria da população, que anseia pela implantação do comprovante do voto eletrônico, e o voto no próprio papel (chapa), único método que garante transparência, permitindo recontagem.

A urna eletrônica foi parturiente do “Escândalo do Mensalão”, quando o então Chefe da Casa Civil do Governo Lula I, José Dirceu, comprou pela primeira vez dezenas de deputados federais para derrotarem no Congresso (2003) a PEC do PDT, que estabelecia o comprovante do voto na urna eletrônica, para efeitos de recontagem. Última batalha de Brizola, vitima das urnas eletrônicas no Rio de Janeiro, nas eleições de 2002, quando disputou o Senado da República e amargou o último lugar. Os eleitos foram o deputado estadual Sérgio Cabral e o Bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella.

Brizola já tinha sido vítima deste tipo de apuração (eletrônica) de votos nas eleições de 1982, quando a PROCONSULT/TRE-RJ e Rede Globo estavam fraudando as urnas, para elegerem Moreira Franco governador do Rio de Janeiro. Como o voto ainda era no papel, o resultado levaria três dias para ser totalizado. A chapa foi a mais complicada de todas as eleições, com votos para vereador, prefeito, deputado estadual e federal; Governador e Senador da República, todos vinculados a um único partido.

A percepção de um alto índice de votos brancos e nulos oportunizou a fraude premeditada da PROCONSULT, que computava todos para Moreira Franco. A salvação de Brizola foi a Rádio Jornal do Brasil, que cobria as eleições com uma grande equipe e divulgava os B.U. (Boletins de Urnas). Uma central de apuração paralela foi montada pela emissora e pelo PDT. Nas divulgações dos resultados parciais, a Globo apresentava Moreira Franco bem à frente de Brizola. A Rádio Jornal do Brasil, o inverso. Suspenderam a apuração, e foram conferir os BU, com os mapas das secções apurados pela PROCONSULT. O resultado foi a vitória de Brizola. Se não houvesse a auditoria ou recontagem, a PROCONSULT, TRE-RJ e Rede Globo teriam eleito Moreira Franco.

Em 2002 Brizola procurou seu conterrâneo, o gaúcho Nelson Jobim, presidente do TSE. Pediu a implantação do comprovante do voto da urna eletrônica. Levou os modelos do Paraguai, Estados Unidos e diversos países. Jobim garantiu que pelo menos no Rio, implantaria. Não tinha recursos, nem tempo suficiente, para atender todo o País. Em plena campanha, Brizola tomou conhecimento que apenas metade das urnas teriam comprovantes. No dia da eleição, só uma amostragem de 5% do total. Foram as únicas urnas onde Brizola foi votado. Nas demais, simplesmente zerou. Impossível, para quem governou o Rio por duas vezes, elegeu seu sucessor, e em dezenas dos 92 municípios do Estado, Brizola simplesmente não obteve um único voto. Um escândalo sem precedentes, abafado pela grande mídia, que nunca nutriu simpatia por Leonel Brizola.

O Brasil é o País que lidera o ranking de crimes cibernéticos. Já invadiram todos os sistemas bancários – até o do Banco Central – e um hacker de “quinta” entrou no próprio sistema do STF e plantou um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Um recado claro e jocoso, ironizando a inviolabilidade da urna eletrônica.

O “bruxo” Zé Dirceu previu recentemente: “talvez o PT não eleja nenhum prefeito das Capitais, deve perder em alguns grandes municípios, mas, fará uma boa base nas pequenas cidades do interior do Norte/Nordeste”. Exatamente onde estão as velhas urnas fabricadas para as eleições de 2002 e 2006, impedidas por Edson Fachin de serem testadas pela equipe que foi montada no TSE em 2022, onde estavam presentes técnicos convidados, equipe da UNICAMP e setor de inteligência do Exército Brasileiro.