Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
ENGANADOS PELA CUPIDEZ
Publicado em 18 de julho de 2023Tudo que acontece dentro do PT, e seu megalômano projeto de poder, pressupõe-se que seja obra de autoria do ex-guerrilheiro Zé Dirceu. Do mesmo modo, ocorreu durante o período dos governos militares, com o General Golbery do Couto e Silva, alcunhado pelas esquerdas, ou apelidado, como “o bruxo”.
Golbery criou o IPES – ainda no governo Juscelino Kubistchek -, expandiu a rede dos IBADE, foi o autor do programa “Aliança para o Progresso”, trouxe milhões de dólares para financiar as eleições de 1960 – recursos do subsídio do trigo – destinados para campanhas vitoriosas da maioria dos governadores da época, e instalação de um Parlamento com superioridade de deputados e senadores anticomunista.
A tarefa de Golbery era barrar a expansão do então “socialismo cubano”, motivo de sérias preocupações da política externa dos Estados Unidos em plena guerra fria contra a União Soviética, disputando a hegemonia política/ideológica do planeta. O “bruxo” partiu há mais de três décadas (1987). Zé Dirceu ainda está vivo, lúcido e buliçoso. É a “eminência parda” do governo Lula, longe dos holofotes, controlando tudo à distância. Pôs seu filho Zeca na liderança do partido na Câmara, atropelando até a presidente Gleisi Hoffmann. Para Dirceu, política é negócio, e todos têm preço.
Após a última eleições (2022), considerada como a mais traumática da história do Brasil, desde “quartelada” que derrubou o Império e proclamou a República – o esperado pela população, que se sentiu lesada – era uma reação revisora do pleito, através do Parlamento recém eleito, cuja maioria esmagadora dos seus membros estava no palanque do candidato “supostamente” derrotado. Absurdo!
Pacíficos e ordeiros, os Patriotas Cristãos Conservadores jamais cogitaram o uso da violência, para retificar um erro grotesco, ou um brutal estupro à boa-fé cidadã, que acreditou na lisura do pleito com urnas eletrônicas inauditáveis. Seu Exército do bem (deputados e senadores) defenderia a causa dentro da legalidade democrática, com o uso de instrumentos como CPÌ, CPMI e PEC – Proposta de Emenda à Constituição.
Presidente do TSE, Alexandre de Morais, agiu como fera acuada e usando todo tipo de parafernália para envergar, confundir e distorcer a lei, tentando lacrar dez garrafas com cinco tampas. O povo estava nas ruas, em frente aos quartéis, mobilizados e em busca da verdade. Mas, o pragmático Zé Dirceu sabia que tudo se resolvia com dinheiro em abundância. E logo veio a ideia da PEC do “fura teto”, criando expectativas de deixar todo o Parlamento bilionário.
A partir de então, morreu a CPI para apurar abusos do poder do TSE, investigação das urnas eletrônicas, PEC que limitava em 08 anos o tempo de permanência de um Ministro no STF/STJ; impedimento do Judiciário legislar através de decisões ou Jurisprudências; qualquer sentença polêmica da Suprema Corte, invadindo os demais poderes, a decisão final caberia ao Congresso Nacional, e a Câmara participaria das sabatinas dos futuros ministros do STF.
Vergonhosamente o Parlamento correu atrás da “botija”. A isca foi muito atrativa. Mesmo existindo toda uma flora marinha para alimentá-los (emendas), os peixes não resistiram em fisgá-la. Restam pouco mais de 80 dias para o Congresso resolver o problema da urna eletrônica, e criar o voto impresso (para recontagem), com vistas às eleições municipais de 2024. Os pré-candidatos das grandes cidades já sabem que pesquisas, jornalismo militante e marketing, não garantem vitória. O novo profissional da área é o Hacker. E o principal “cabo eleitoral”, mesários, que poderão enxertar sufrágios de vivos e mortos, presentes e ausentes no sistema, após o encerramento as 17:00hs, fato constatado em 2022. O Parlamento vai ser negligente mais uma vez, está sendo enganado, ou enganando o povo?