Empresas brasileiras no mundo
Publicado em 8 de setembro de 2022As missões buscam realizar benchmarking para descobrir novos produtos e tecnologias ou fechar contratos para atuação em novos mercados
As missões buscam realizar benchmarking para descobrir novos produtos e tecnologias ou fechar contratos para atuação em novos mercados
Empresários brasileiros podem participar de missões internacionais que têm como objetivo auxiliar no processo de expansão dos negócios no mercado global. A Rede de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), programa coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com as federações estaduais, leva os empreendedores para missões internacionais em busca de parcerias que ampliem sua rede de negócios.
De acordo com a gerente de Internacionalização da CNI, Sarah Saldanha, as visitas são importantes para dar suporte estratégico aos empreendedores. “Esse processo de internacionalização não é uma jornada fácil. É preciso planejamento e comprometimento das lideranças para que dê certo. Nossa ajuda é feita em parceria com as federações locais, que conhecem a realidade dos associados”, afirmou.
As federações de indústria locais têm por hábito levar grupos de empresários para conversas de negócios no exterior, além das tradicionais participações em feiras de produtos. A CNI entra com a força da representatividade de uma entidade nacional, maximizando os efeitos desses encontros para que todos possam aproveitar melhor as oportunidades de intercâmbio e negócios.
Para a gerente da CNI, ao decidir dar esse passo rumo à internacionalização, as empresas – muitas delas de pequeno ou médio porte – abrem uma nova janela de oportunidades, que podem ser decisivas para o futuro do negócio.
“Elas têm contato com novas experiências, que ajudam na inovação de produtos e processos de criação, o que aumenta a competitividade. Além disso, geram alternativas para superar eventuais sazonalidades do mercado interno. Por fim, uma empresa que vende para o exterior passa a ser mais bem avaliada no mercado doméstico também”, explica Sarah Saldanha.
As missões internacionais são, basicamente, de dois tipos. O primeiro é uma prospecção de mercados em que os empresários conhecem novos produtos, tendências, tecnologias, fazem contatos e entendem um mercado diferente daquele no qual estão acostumados a atuar. O segundo tipo de missão são as viagens comerciais propriamente ditas, nas quais os executivos participam de encontros para fechar negócios, com assessoria da CNI para a preparação de contratos, formação de preços e outros passos para definir a entrada no novo mercado.
“Todas as empresas brasileiras podem participar dessas missões, mas sabemos que esse processo é mais complexo para as micro e pequenas. Elas podem até ter um bom conhecimento do mercado interno, que é bem dinâmico. Porém, os mercados externos têm realidades muito diferentes e cada país tem suas peculiaridades. A assessoria ajuda a identificar boas oportunidades”, completa Sarah.
O estilista Frank Lemes do Prado é um dos exemplos de sucesso das missões. O mineiro de Uberaba emprega cerca de 50 pessoas em uma confecção artesanal familiar de roupas de festas sob medida e pronta entrega, criada em 1991. Ele participou recentemente de uma missão a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para conhecer produtores locais.
Com a ajuda da Rede CIN, Prado fez reuniões com empresários na expectativa de fechar novos negócios. O resultado é uma coleção piloto que está em desenvolvimento para ser entregue em 2023. As primeiras peças já foram desenhadas e encaminhadas para os clientes de Dubai, que devolveram os esboços com sugestões de mudanças e adaptações.
“Vamos adaptar o que fazemos – nossa coleção com estilo mineiro e brasileiro, que é mais estampado – ao que eles querem. Eles não querem algo europeu; gostaram do nosso trabalho. Temos que fazer adaptações, porque as roupas deles, por exemplo, são mais fechadas que as nossas”, analisa Prado.
O estilista agora está de olho no mercado indiano. Na esperança do êxito da expansão fora do país, ele contratou dez novos funcionários para cuidar, exclusivamente, do processo de internacionalização da empresa.
Em João Pessoa (PB), Walker Cunha produz cortinas, persianas, forros e roupas de cama na Decohaus, mas ele também tem outra empresa, a Cabanna, que já exporta produtos. A empresa fabrica móveis de alto padrão para áreas externas como pufes, cadeiras, espreguiçadeiras e mesas com acabamentos requintados. Os produtos são exportados para Bolívia, Porto Rico, República Dominicana e Angola, por exemplo, e a pretensão de Cunha é vender também para Portugal e Canadá.
A expansão dos negócios de Cunha conta com a ajuda de duas parcerias com a CNI. A entidade auxilia o empresário a obter certificados de garantia para exportar para outros países da América do Sul. Nesse sentido, existem conversas adiantadas com o Peru e prospecções com o Uruguai e o Chile. O paraibano, que tem fábrica montada em Cabedelo (PB), também teve o apoio da CNI – junto com a APEX – para participar de uma feira em Milão.
“Esses encontros agregam valor aos nossos produtos. Quem dita a tendência do design mundial é a Europa. As viagens são importantes como benchmarking, para olharmos para o futuro, em busca das inovações”, avalia o empresário.
Oportunidades no Brasil
Antônio Benedito dos Santos é dono da Creme e Mel, empresa goiana de sorvetes que nasceu há 35 anos com um freezer na garagem de casa e quatro carrinhos de picolé que percorriam as ruas da cidade. A qualidade dos produtos levou a empresa a vender para 17 estados e empregar mil funcionários. A pandemia, a longa recessão e a estratégia de preços das multinacionais do ramo fez a empresa de Santos encolher. Hoje a Creme e Mel atende a oito estados, metade do mercado original.
As parcerias internacionais podem ser um caminho para empresas como a de Santos, que é presidente do Sindicato de Alimentação de Goiás, possam voltar a crescer.
O dono da Creme e Mel está acostumado a participar de missões internacionais. Já esteve em feiras de negócios em Hannover, na Alemanha, e de vendas de máquinas, na Itália. Com o apoio da CNI, também participou da missão em Dubai.
“Visitei algumas fábricas locais. Tomei sorvete de leite de camela; é gostoso, eles fabricam a partir do leite em pó. Não sei se teria mercado aqui no Brasil”, ponderou, acrescentando que poderia fechar parcerias com restaurantes árabes no Brasil para vender o produto, por exemplo.
“Podemos também montar uma estrutura para a importação do pistache, um sorvete que faz sucesso em nosso cardápio e cuja matéria-prima aqui é muito cara”, complementou.
Fonte: Assessoria