Em visita a João Pessoa, Lula quase destrói PT da Paraíba

Publicado em 31 de agosto de 2024

A passagem do presidente Lula – às escondidas do povo – por João Pessoa deixou o PT no seu menor patamar histórico, no Estado e na Capital. O tratamento dispensado, com desprezo, às lideranças formadas pela legenda que ele fundou, frustrou um exército de abnegados a causa, que apesar de ocultar seu descontentamento, estamparam em seu silêncio o desestimo e desencanto, ao sentirem-se abandonados por seu líder, que hoje corteja o PP e o PSB, onde se hospeda provisoriamente João Azevedo.

Quando a Operação Lava-jato prendeu Lula, o primeiro governador a visitá-lo em sua cela na sede da PF em Curitiba foi Ricardo Coutinho. Todos os seus aliados do Nordeste se esconderam. Exceto Gleisi Hoffmann, sempre presente e mantendo um acampamento em frente à sede da PF, quem ainda esteve por lá foi Ciro Gomes, pedindo a Lula que retirasse a candidatura de Fernando Haddad, e o apoiasse. Conhecendo quem era Ciro, ex-tucano e ex-ministro de Itamar Franco – sucessor de FHC nos primórdios do Plano Real – sem o menor pudor mudou de cara e de lado, servindo ao seu governo (primeiro mandato), sabia que se o apoiasse e Ciro viesse a ser eleito seria seu carrasco político. Enforcaria o PT, e sua vida pública, se alinhando dia seguinte à Lava-Jato.

Preferiu perder com Fernando Haddad e manter sua legenda unida. Apesar do desgaste da Lava-Jato, que abalou os pilares de sustentação de sua popularidade, após sair da cadeia sua obstinação era reconstruí-la. O PT ainda era o único partido do país. Ao longo de sua história, viu afundar-se o PDS, PFL, PTB, PSDB já em ruína (2018) e MDB, ainda a salvo pela mão estirada a Michel Temer, eleito e reeleito como vice de Dilma Rousseff. Porém, o MDB sempre foi uma “frente” despida de ideologia, sustentado pelo clientelismo. Não representaria ameaça à agremiação trabalhista.

Ao especular sobre a posição de Lula na Paraíba, o esperado era que ele viesse festivamente visitar Ricardo Coutinho, já na convenção, incentivá-lo e mostrar sua satisfação pela união com Luciano Cartaxo. O PT estava vivo na Paraíba. Sua presença atrairia outros veteranos, ora ausentes ou distantes, renovando a esperança da sigla voltar ao comando político do Estado. A jornada seria iniciada agora, em 2024, na disputa pela PMJP. Para decepção (não externada) de Coutinho e Cartaxo, Lula chegou em João Pessoa na noite de quinta-feira (29/08/2024). Avistaram-no às escondidas.

Não convocou a imprensa para, através de uma entrevista coletiva, apresentar seu candidato (lógico que do PT) Luciano Cartaxo, ao lado de Ricardo Coutinho, Luís Couto e outras lideranças. Esquivou-se. Dia seguinte, pela manhã, numa entrevista concedida a Heron Cid, não confirmou participação na campanha do seu partido na Capital, em eventos públicos.

Alegou que estava com sua agenda voltada para o país (?). Lula passou a ter fobia às multidões, temendo a reação do povão. Mas, em João Pessoa, nos locais mapeados por Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo, temos certeza que juntariam mais de cinco mil pessoas, e ele seria aplaudido. A TV faria a cobertura e veicularia nos principais noticiosos das redes. A “chamada” dos telejornais seria sobre sua popularidade na Paraíba. A oportunidade foi perdida… Sem Coutinho e Cartaxo, inaugurou o Canal de Araçagi. À tarde, ambiente pequeno e fechado – Centro de Convenções Teatro Pedra do Reino – ao lado de João Azevedo e parte de sua equipe ministerial, assinou protocolos na intenção de destinar algumas centenas de milhões de reais para atender aos pleitos do governador. No aeroporto, esteve ao lado da senadora Daniella Ribeiro. Veneziano Vital do Rêgo não foi visto. Em todas as solenidades fechadas, não há registro de fotos do presidente da ALPB Adriano Galdino. Ele pode até ter marcado sua presença. Mas, a mídia não destacou o escudeiro mor do governo, responsável direto pela aprovação da gestão João Azevedo.

Fonte: Da Redação (Por Júnior Gurgel)