Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

ELON MUSK, MORAES E A GLASNOST

Publicado em 8 de abril de 2024

O principal episódio que derrubou o Muro de Berlim (1989), provocando a extinção da antiga União Soviética e implodindo o Pacto de Varsóvia – linha de defesa contra a OTAN – não foi a falência instantânea da Rússia, nem tampouco a Perestroika (reestruturação econômica). Foram os efeitos devastadores da Glasnost (transparência) que revelou uma ditadura sangrenta e corrupta vivendo nababescamente de privilégios, por pertencerem a um partido que enganou e mentiu para o povo durante setenta e dois anos.

Recentemente assistimos um documentário “Adeus, Companheiros…”, produção francesa, russa, alemã com participação e depoimentos de ex-ministros, militares, generais da KGB e dirigentes dos países satélites, alinhados à Rússia, através do COMECON – Programa de Cooperação Econômica, criado em 1949, para barrar os avanços do Plano Marshall na Europa Central, devastada após a II guerra mundial.

As perdas humanas da população russa – estimadas por baixo – por Stalin, foram de 22 milhões de pessoas, e a completa destruição de 71.000 cidades, vilas e povoados. Muitas destruídas pelo próprio Stalin, usando a política da “terra arrasada”, antes das tropas alemãs chegarem. Enforcamentos, crianças mortas, cenas horripilantes filmadas pelos verdugos russos, e utilizadas como propaganda contra os nazistas. Estavam roubando a grande mãe Rússia, dizimando sua população. Este fato foi constatado na maior batalha sangrenta da história, Stalingrado. Marechal Alemão Von Paulus, numa “diretiva” expedida para o Alto Comando preveniu: não estamos lutando contra um Exército, estamos enfrentando uma Nação. As chances de vencermos são mínimas.

O povo quando enganado, solapado, descobre que foi manipulado (massa de manobra), se revolta e reage com uma violência “primitivista”. Todos já devem ter visto na TV cenas de um “linchamento”. Em meio à turba, estão pessoas pacatas, que passado o momento da ira coletiva incontrolável não se reconhecem diante do espelho, e se perguntam: como fui capaz de participar deste desumano massacre?

A partir de 2014, a 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba iniciou uma “Glasnost” no Brasil, revelando a corrupção, roubalheira, aparelhamento político, com uma ditadura de fato, apoiada por um Congresso venal. Prenderam uma gangue que havia falido o país. FHC deixou uma dívida em 2002, de 97 bilhões, Lula entregou a Dilma 3,5 trilhões.

Desmandos acobertados pela “grande mídia”, sabedora de tudo, porém silenciada pelos bilionários patrocínios estatais. O desmonte foi monumental. O PT praticamente afundou-se. Mas, ao invés de levarem Sérgio Moro para o STF e Dallagnol para PGR, astutamente os encorajaram a entrar no mundo político, como “sangue novo” renovador. Se ainda estivessem em seus lugares, a obra teria sido concluída. Até o STF na época – cobrado por Lula que se sentia traído por eles – estava “acovardado”.

Com Moro e Bretas (RJ) fora, começou o processo de desmonte da Lava-Jato. Sem pressa, com apoio da mídia, entre um feriado e outro, uma canetada “monocrática” de um ministro, anulava parte dos processos. Até o dia que Fachin resolveu “descondenar” Lula.

Não inocentá-lo, mas, trazê-lo de volta às ruas, para ser candidato contra o povo. Por que Fachin negou diversos pedidos de liminares anteriormente e só com Moro fora deu seu “Jeitinho brasileiro” desconhecido pela Constituição que ele jurou ser seu guardião?

Repentinamente, o bilionário Elon Musk, proprietário do “X”, antigo Twitter, resolveu enfrentar o Xerifão brasileiro Alexandre de Moraes. Começou a mostrar todos os seus atos arbitrários, atropelando a Constituição, e como presidente do TSE agindo abertamente, ajudando eleger o candidato de sua preferência, engessando a democracia. O bilionário não deve estar só nesta empreitada. Os atos truculentos de Moraes não ultrapassam as fronteiras do País. Mas, o “X” mostrará quem é Moraes a todo o mundo. O Brasil terá que optar entre Moraes, ou ser a escória do planeta.

No caso russo da Glasnost, Gorbachev jamais esperava seus efeitos (verdade) e envergonharia seu povo ao descobrir que a II Guerra só aconteceu graças à união de Hitler e Stalin, quando assinaram o Pacto de Não Agressão, e invadiram conjuntamente a Polônia. Daí por diante, toda Nação invadida metade seria da União Soviética, metade Alemã. Todo cidadão russo tem um ancestral morto, desaparecido na II Guerra, e só culpavam Hitler. Jamais imaginaram terem participado da carnificina, enganados por Stalin, Presidium, Politburo e Soviete Supremo. O STF/TSE ignora que a verdade anda lenta como a tartaruga. Mas, tem memória, e um dia chega ao seu destino.