Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS: JOÃO AZEVEDO JÁ TEM SEU CANDIDATO EM CAMPINA GRANDE

Publicado em 6 de julho de 2024

Desde o dia em que o ex-secretário de saúde, médico Jhonny Bezerra, renunciou, João Azevedo – que já havia lançado seu nome antes – decidiu que não lhes faria uma desfeita, abandonando-o à própria sorte num projeto considerado natimorto. Enfrentar o Clã Cunha Lima, em seu terreiro, nas eleições municipais de 2024? É um desafio ousado, audacioso, porém, nunca se deve subestimar os sonhos dos obstinados.

João Azevedo é um Engenheiro – técnico que sabe calcular riscos – pelo visto, criou interesse pela política. Pegando o gancho nas palavras de Cássio Cunha Lima no dia que esteve no Parque do Povo, “a vida é muito curta para se limitar a fazer uma única coisa”, João também pode ter mudado, e decidido construir uma carreira política.

Ao perceber a manobra de Romero Rodrigues, gozando de uma exposição midiática gratuita – do litoral ao sertão – ocupando mais espaços que o próprio governo, deixou claro há dois meses que não iria esperar por ninguém. O PSB tinha um candidato em Campina: Dr. Jhonny. Vez por outra, quando ainda é abordado sobre a possível união com Romero, responde com desdém: “a decisão é dele. Estou pronto para conversar”. Mas, deixou de superestimar o capital político de Romero na Rainha da Borborema.

O futuro sempre esteve no passado. A história é repleta de exemplos, mostrando a superação do impossível, sobrepujando o previsível. Em 2004, o vereador Veneziano Vital do Rêgo aceitou o desafio proposto pelos senadores José Maranhão e Ney Suassuna, de não deixar o PMDB morrer em Campina Grande. A empreitada era tão aventureira que sequer encontraram um nome para ser seu vice. Atendendo a um apelo de Ney Suassuna, o ex-deputado José Luís Júnior “emprestou” seu nome no dia da convenção, na condição de substituí-lo até o mês de setembro.

Após a convenção, conversando com o saudoso tribuno Vital do Rêgo – pai do então “cabeludo” – sua reação era de indignação e revolta. Previa a repetição do ano 2000, quando Vital Filho foi candidato a prefeito e obteve a votação de um vereador. Como Veneziano iria enfrentar Cozete Barbosa, prefeita, disputando uma reeleição, com total apoio de Lula e do PT, em seus melhores dias? O outro candidato, representando o Clã Cunha Lima, era o deputado Rômulo Gouveia, presidente da ALPB, apoiado pelo governador Cássio Cunha Lima e exibindo em sua chapa a “Bela” – Daniella Ribeiro – filha do ex-prefeito Enivaldo, segunda maior liderança política da cidade. Quem financiaria os custos de campanha de Vené? Sem alardes, Ney Suassuna irrigou na hora certa, aparecendo dinheiro de onde ninguém esperava.

O entusiasmo de Vené era traduzido no seu jingle de campanha, um “V” em cada esquina. Rua acima e abaixo, lá estava Veneziano, com seu exército “Quixotesco”, andando por toda Campina Grande. Terminou arrastando a juventude. O genial Duda Mendonça não conseguiu levar Cozete ao segundo turno. Rômulo Gouveia saiu na frente, e à luz das pesquisas era imbatível. Cozete e Ney Suassuna patrocinaram a mudança. Ney não deixou faltar o “combustível”. Sentindo-se traída, Cozete transferiu todos os seus votos para o “Cabeludo”. O Clã Cunha Lima amargou um jejum de oito anos.