

Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
ELEIÇÕES AMERICANAS: DERROTA DA MÍDIA TRADICIONAL E DOS INSTITUTOS DE PESQUISAS
Publicado em 9 de novembro de 2024Para o presidente Joe Biden, a eleição de Donald Trump não foi surpresa. Talvez tenha ficado estarrecido com o tamanho da derrota. Os Democratas perderam no voto direto em todo o país, ficaram sem maioria no Senado e restam apenas cinco votos para conquistarem o comando da Câmara dos Representantes. Dois Estados, onde a recontagem está sendo feita manual – até ontem 08/11/2024 – o Republicanos tinha contabilizado 213 deputados. Os Democratas alcançaram 203. A maioria é 218. Projeções matemáticas apontam vitória do Partido Republicano.
Joe Biden tinha informações privilegiadas fornecidas pela CIA – Central de Inteligência Americana; DIA – Agência de Inteligência de Defesa e a NSA – Agência Nacional de Segurança, a mais aparelhada de todas. Não acreditava nas pesquisas, nem enxergava o aloprado poder da grande mídia, como uma ameaça a Trump. Ainda não justificaram os empates técnicos, trama mancomunada com os Institutos de Pesquisas.
Uma colossal catástrofe eleitoral de tamanha envergadura (2024) só ocorreu em 1968. Nunca entendemos os motivos da mídia norte-americana não mencionar este fatídico ano. No Partido Democrata, sobravam candidatos. Três nomes de peso: Lyndon Johnson (presidente) candidato à reeleição, Eugene McCarthy, o símbolo dos contra a guerra do Vietnã, e Robert Kennedy lançado no último minuto. Lyndon Johnson desistiu, McCarthy perdeu as primárias da Califórnia para Bob Kennedy, abandonou a campanha. E para desgraça do partido, assassinaram Martin Luther King e Bob Kennedy.
Sem candidato competitivo, improvisaram o vice de Lyndon Johnson Hubert Humphrey. Para surpresa da América, vence Nixon, o candidato sem chances do Partido Republicano. O “sistema” da época tinha mostrado suas garras, seu lado brutal. A guerra do Vietnã continuou. Nixon apoiou as piores atrocidades no sudeste Asiático. Foi reeleito, porém resolveu retirar as tropas do Vietnã. Visitou a China e a Rússia, iniciando uma distensão para acabar com a guerra fria. Como resposta, o Complexo Industrial Militar, através do Washington Post, o fez renunciar após o escândalo do Watergate.
A derrocada dos Democratas (2024) não pode ser atribuída a uma única pessoa. Principalmente a figura do disciplinado Joe Biden, que desde 1972 tem assento no Senado. Como vice, foi fundamental para as duas vitórias de Barack Obama. Mas, em 2016, os Clinton o queimaram e lançaram Hilary, derrotada pelo neófito Donald Trump.
A última vez que Biden esteve com Obama perguntou respondendo: ela (Kamala) está pior que eu, não acha? Barack concordou. Quanto a Donald Trump, em seu discurso na noite da vitória, desabafou: “eu nunca era para ter deixado a Casa Branca”. Referindo-se à fraude eleitoral de 2020, nos votos enviados pelos Correios, oportunidade que todos os defuntos votaram. É claro que Biden não sabia e nem concordaria com a roubalheira.
Trump bateu de frente com a grande mídia durante os quatro anos do seu governo. Após a posse de Biden, foi enterrado vivo. Expulsaram-no até das redes sociais. Nas eleições contra Hillary e Biden, nunca esteve à frente em nenhuma pesquisa. Contra Kamala Harris (2024) além de repetirem a falcatrua, posicionavam-no como o mais rejeitado. Só esqueceram de combinar com o povo, cuja revanche foi votar novamente nele e bota-lo novamente na Casa Branca.
No Brasil, a história tem se repetido, com roteiro e personagens absolutamente semelhantes. Ontem, temendo ser defenestrado da vida pública com um tombo maior que o de Kamala, Lula não confirmou sua candidatura em 2026. “Este assunto só em 2026, se for consolidada uma ampla aliança partidária em torno do meu nome”.