Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

Elegância de Lucas no “desastre” da Medow

Publicado em 19 de abril de 2022

A  festa de anúncio da grade artística d’O Maior São João do Mundo deste ano, produzida pela Medow em sua arena no bairro do Itararé, na noite desta segunda feira, só não se transformou em grande aberração por um detalhe realmente gratificante: o amadurecimento do jovem vice-prefeito da cidade, Lucas Ribeiro, alijado propositadamete dos microfones mas nem por isso deixando-se abrir mão da refinada educação que lhe diferencia de velhos coronéis e herdeiros de oligarcas – inclusive do seio familiar – que se contentam com picuinhas da política sem privilegiarem o chamado espírito público, tão em desuso por estas paragens ultimamente.

Na condição de Chefe do Executivo em exercício, considerando que o prefeito Bruno Cunha Lima precisou viajar às pressas a São Paulo a fim de dar andamento a burocracias envolvendo o gravíssimo estado de saúde do seu tio Ivandro Filho, sequelado por consequências da COVID-19, o neto de Enivaldo deu show de elegância mesmo quando insistentemente jornalistas queriam arrancar dele confissão de desprezo ou rompimento com o prefeito por conta do traiçoeiro golpe que a sua ilustre genitora deu no ex-prefeito Romero Rodrigues ao desalojá-lo do PSD, especulado por todos como o motivo para que não lhe dessem direito a um discurso no regabofe junino, o que traduz realmente uma desfeita inominável e desnecessária da Medow e da Chefia de Gabinete do prefeito, a quem caberia orientar o cerimonial para que fatos dessa alta periculosidade social não viessem a acontecer.

Lucas teve apenas o direito de subir ao palco para a foto com as demais autoridades chamadas – deputado Tovar Correia Lima, Chefe de Gabinete Gilbran Asfóra, ex-prefeito Romero Rodrigues e o presidente da Câmara Municipal, Marinaldo Cardoso. Surpreendentemente, o discurso de saudação aos convidados foi feito por Romero Rodrigues, distinção oportunamente decidida pelos organizadores do evento para mostrar sem disfarces à opinião pública que a família Ribeiro está de fato à margem do convívio com o Clã Cunha Lima, do qual faz parte também por parentesco transverso o homem de Galante.

Mas Lucas passou no difícil teste e saiu da arena Medow bem maior do que lá entrou e como o mais talentoso personagem da indigesta noite.

Afilhada da família Ribeiro, quem passou outro grande constrangimento foi a competente secretária do Desenvolvimento Econômico, Rosália Lucas, gigante na organização dos trâmites d’O Maior São João do Mundo, obrigada que foi a virar peça insignificante numa cadeira na plateia junto aos comuns da noitada e sem sequer ter tido seu nome anunciado pelo locutor da festa.

Mas, enfim, a grade artística foi anunciada e como já se tornou praxe, mais desagradou do que efetivamente agradou.

O fato mais constrangedor se deu ainda durante a festa, quando um desconhecido e despreparado apresentador exagerando alegria entrevistou o cantor Raniery Gomes, ávido por arrancar dele alvíssaras sobre o evento, mas se deu mal.

Raniery extravasou sua tristeza com a Medow e a PMCG pelo fato de ter vindo ao evento sabedor de que seu nome estaria no rol dos artistas contratados, uma vez que teria ele fechado a data e recebido convite para prestigiar o anúncio.

Frustrado e indignado, Raniery lamentou que “artistas da terra” como ele continuem sendo discriminados e avisou que já estava indo embora por lhe “faltar clima” para permanecer num ambiente onde lhe apunhalaram pelas costas sem nenhum tipo de pudor.

A noitada junina só não foi um fiasco ainda maior porque anunciaram que o patrono póstumo da festa – o grande homenageado deste ano – será o gigante saudoso Genival Lacerda, outro ás do cancioneiro nordestino que já sofreu revezes dilacerantes do mesmo grupo político em pretéritas temporadas d’o Maior São João Mundo, carimbando-se assim a velha máxima de que “para ser bom, morra!”.

Em resumo: a festa de Jomário Souto e Bruno Cunha Lima foi uma bomba, no pior sentido da palavra.